Pelo
menos nove em cada 10 brasileiros se dizem insatisfeitos com o sistema de saúde
do país, tanto público quanto privado. Pesquisa encomendada pelo Conselho
Federal de Medicina (CFM) mostra que 92% dos entrevistados consideram os
serviços regulares, ruins ou péssimos. Os maiores motivos de reclamações são o
difícil acesso e o tamanho das filas de espera.
Em relação ao Sistema Único de
Saúde (SUS), 87% das pessoas fazem uma avaliação negativa, classificando os
serviços com notas de 0 a 7, conforme divisão estipulada na pesquisa.
Entretanto, uma vez que o paciente consegue ser atendido, ele considera ser
recebido com qualidade pela rede pública. Em todos os segmentos de renda,
gênero e escolaridade, a saúde foi escolhida como o setor que merece mais
atenção do governo para 57% dos entrevistados — educação fica em segundo lugar,
com 18%.
De
acordo com o presidente do CFM, Roberto Luiz d’Ávila, os dados mostram o que a
categoria critica há anos. “No nosso meio, temos a certeza de que a saúde não
está satisfatória e é até mesmo prejudicial — como quando um paciente precisa
de hemodiálise e não consegue marcar uma data. Mas, toda vez que falamos isso,
somos taxados de corporativistas”, afirmou. “Não somos nós, médicos, que
continuamos a dizer que a insatisfação é muito grande”, completou. O SUS é
avaliado com notas de 0 a 4 por 54% dos entrevistados. Quando o sistema privado
é incluído, a avaliação piora. Cerca de 60% das pessoas aplicaram notas até 4.
No
levantamento , mais da metade dos entrevistados relatou ser difícil ou muito
difícil conseguir o serviço pretendido na rede pública, principalmente quando
se trata de cirurgias (67%), procedimentos específicos, como hemodiálise e
quimioterapia (56%), e atendimento domiciliar (55%). Ao mesmo tempo, 57% dos
entrevistados disseram ser fácil ou muito fácil conseguir medicamentos
distribuídos gratuitamente.
Em
resposta à pesquisa, o Ministério da Saúde enalteceu pontos positivos.
“Lamentamos a interpretação tendenciosa e parcial dos dados e o esforço do CFM
na tentativa de desconstrução do SUS”, afirmou por meio de nota encaminhada
pela assessoria de imprensa. De acordo com a pasta, os dados reiteram desafios
importantes para o sistema de saúde e aponta avanços, como o acesso superior a
84% na maioria dos tipos de serviços avaliados.
“Das pessoas que procuram os
postos de saúde, 91,3% conseguiram atendimento, o que demonstra os bons
resultados de estratégias como o programa Mais Médicos. Dos que utilizaram o
SUS, 74% avaliam a qualidade do atendimento com nota superior a 5, sendo que um
terço dos entrevistados deram notas entre 8 e 10”, completou. (Correio Braziliense)
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