Não são apenas os jovens que estão
buscando a educação no Brasil. Os idosos, que comemoram hoje (1º) o seu dia,
estão procurando, cada vez mais, desde o ensino básico até o ensino
superior. Alguns realizam o sonho de fazer a segunda graduação em uma área que
sempre lhes despertou interesse, outros alcançam a meta de aprender a ler e
escrever.
O Dia do Idoso foi instituído pela Organização das Nações Unidas e,
posteriormente, escolhido para a criação do Estatuto do Idoso, que comemora 11
anos.
Neste ano, 15,5 mil idosos fizeram a inscrição no Exame Nacional do Ensino
Médio (Enem). O número de inscritos com 60 anos ou mais cresce anualmente.
Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira (Inep), no ano passado esses inscritos somaram 10,9 mil. Em 2009,
foram 4,7 mil idosos.
O Enem é a porta de entrada para instituições de ensino superior e técnico,
além do financiamento estudantil e intercâmbio acadêmico. Neste ano, as provas
serão aplicadas nos dias 8 e 9 de novembro. No
total, foram 8,7 milhões de inscritos.
“O
aumento de idosos está sendo identificado em várias instituições de ensino
superior. São pessoas aposentadas, que por vezes já têm diploma de ensino
superior e buscam outros cursos. Procuram uma mudança de carreira ou a
realização de um sonho”, diz o superintendente-geral de Educação a Distância do
Centro Universitário Iesb, em Brasília, Francisco Botelho.
Ele lembra também os estudantes
que buscam o ensino superior particular, sem bolsas. Segundo Botelho, muitos
procuram os cursos a distância pela comodidade. O engenheiro agrônomo
aposentado Tarcisio Siqueira é um desses estudantes. Ele tem 75 anos, 41 dedicados
à agronomia. Depois de aposentado, para “exercitar o cérebro”, decidiu estudar
engenharia civil a distância.
“O
nível de entendimento daquilo que é repassado, de compreensão e assimilação, é
diferente”, compara a segunda com a primeira graduação, concluída quando tinha
pouco menos de 30 anos. “Tenho assimilado com mais facilidade por causa da
experiência que acumulei. Tenho também mais tranquilidade com o conteúdo que é
colocado”, diz.
Luiz
Pereira de Souza, 84 anos, sapateiro aposentado, realiza o sonho de aprender a
ler. E garante: “Estou me dando muito bem”. Luiz entrou neste ano em um grupo
de alfabetização de adultos no Centro de Cultura e Desenvolvimento do Paranoá
(Cedep), no Distrito Federal. Quando as aulas começaram, já sabia ler “alguma
coisa e escrevia o nome”. Agora, ele, que é evangélico, consegue ler a Bíblia.
“Estudar
é muito bom, a gente aprende muita coisa, a ler, escrever, contar. A professora
é gentil, tem muita paciência comigo”, diz o estudante.
“Na
minha opinião, esses alunos procuram outro modo de vida, outro conjunto de
pessoas, uma vida em que tenham representatividade. Quando chegam,
necessitam de carinho, atenção. Não é mais para entrar no mercado de trabalho,
mas para se comunicar. É um sonho de aprender”, explica a coordenadora de
curso do Programa DF Alfabetizado, Eva Lopes. “A alfabetização muda a vida.
Tive uma aluna que aprendeu a ler comigo, com mais de 80 anos. Ela me disse que
começou a se deslocar mais quando aprendeu a ler a palavra Paranoá e sabia que
ônibus devia pegar”, conta a alfabetizadora.
Os idosos são hoje no país 26,3 milhões, segundo a Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE). O número representa 13% da população. A expectativa é que esse percentual
aumente e que em 2060 chegue a 34%, segundo previsão do próprio IBGE. (Ag.
Brasil)
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