Eu o vi
pela primeira vez em 1955 no maior evento cívico-religioso ocorrido na cidade
de Sobral em que a Diocese homenageou, por alguns dias, o seu bispo Dom José
Tupinambá da Frota que, àquela época, comemorava seus 50 anos de sacerdócio.
Durante
as solenidades, Dom José ordenou os padres: Belarmino Lopes, Francisco Lopes, Antônio
Bastos, José Moreira Catunda e você, José Linhares (foto).
No ano
seguinte fui encontrá-lo entre os padres que residiam no Seminário Menor de
Sobral, grupo seleto de sacerdotes que se destacavam pela espiritualidade,
saber e domínio das disciplinas necessárias para a primeira etapa da formação
dos jovens seminaristas, entre os quais eu me encontrava.
Pe. Zé
Linhares, você trouxe algo de novo ao nosso seminário. Disseminou em grande
parte dos adolescentes que ali viviam a mística do escotismo de Baden Powell.
Deu-nos também a conhecer um ramo do Movimento de Ação Católica constituído
pela Juventude Estudantil Católica (JEC).
Passo
agora a repetir parte de um capítulo por mim escrito no livro: Seminário da Betânia – 90 anos Ad Vitam: 65 declarações de amor:
“Menciono ainda os padres José Linhares e Albani, sobretudo pela mentalidade
aberta e pelo modo como tratavam os adolescentes daquela casa religiosa. José
Linhares, trazendo-nos as ideias do inglês Baden Powell, fundador do escotismo,
ajudava-nos na formação do caráter e a enfrentar as dificuldades com lealdade.
Tudo isto dentro do espírito alegre e corajoso dos escoteiros que buscávamos na
literatura desse movimento que ele nos fazia chegar às mãos. Formávamos equipes
e vivenciávamos na Betânia, na medida do possível, a prática do escotismo,
seguindo a mística de Baden Powell. No entanto, era no grande prédio de
veraneio situado na Serra da Meruoca, extensão do Seminário de Sobral, que
nosso movimento escotista ganhava força. Ali, anualmente, sempre em setembro,
passávamos alguns dias de férias por ocasião da Semana da Pátria. O ambiente ecológico da Meruoca se nos
apresentava como ímpar para pormos em prática o escotismo e levava-nos a
executar o que líamos nos manuais. Abríamos trilhas,
marcávamos e seguíamos sinais deixados ao longo dos caminhos pelas diversas
equipes de “escoteiros”. Escalávamos morros dos arredores e exercitávamos
outras atividades lúdicas que me escapam à lembrança.
Foi
também por intermédio de Zé Linhares que, nos últimos anos de seminário menor,
passei a conhecer a JEC (Juventude Estudantil Católica), ramo do Movimento de
Ação Católica, iniciado com a JOC (Juventude Operária Católica), fundada na
Bélgica pelo cardeal Cardijn. A JEC é a presença da Igreja no meio dos
estudantes secundaristas. Eu, juntamente com outros colegas do Seminário, como
estudantes secundaristas que éramos, formamos uma equipe de JEC, tendo José
Linhares como Padre Assistente, da mesma maneiraque todos os ramos da Ação
Católica têm um padre como assistente.
Não só
líamos sobre esse Movimento, mas sobre a Ação Católica em geral. Da mesma forma
como ocorria com o escotismo, tentávamos experienciar a JEC dentro do
seminário, fazendo reuniões periódicas em que revisávamos nossa ação à luz do
método Ver, Julgar e Agir aplicado
pela Ação Católica. Empolguei-me com o Movimento.
Naquela época, era com ele que pensava me dedicar à pastoral de jovens,
futuramente, como sacerdote. Lembro-me que, em determinado mês de férias,
participei juntamente com meu colega de ano, José Vitorino, de um encontro de
JEC na cidade do Ipu, a convite do padre Almeida.”
Pe Zé
Linhares, digo-lhe que a partir de sua presença no Seminário de Sobral, pelo
que acabei de mostrar, você passou a ser também uma presença marcante em minha
vida pelo que lhe sou muito grato.
(*) Benes
Alencar Sales, de Crateús, padre casado, Economista, Doutor em Filosofia, professor da Universidade Católica de Pernambuco.
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