sexta-feira, 18 de agosto de 2017

O presidente interino do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), afirmou nesta sexta-feira (18) em entrevista coletiva no Ceará que não se arrepende "de nada" em relação à propaganda exibida pelo partido nesta quinta (17).

No vídeo, de dez minutos, a legenda diz que errou ao aceitar como "natural" a troca de favores individuais em prejuízo da "verdadeira necessidade do cidadão brasileiro".

O conteúdo da propaganda gerou críticas entre tucanos. Os ministros peessedebistas Aloysio Nunes (Relações Exteriores) e Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo), por exemplo, afirmaram que a peça publicitária foi um "tiro no pé" do PSDB e "ofendeu fortemente" o partido.

"Eu sou o presidente interino. Enquanto eu for o presidente interino, eu dou a orientação. [...] O partido não está rachado, todos os partidos hoje são rachados no sentido de que têm posições divergentes. Não existe pensamento único. Pensamento único, só no partido comunista", afirmou Tasso nesta sexta, após ser questionado sobre o assunto.

Indagado, então, sobre se estava arrependido de não ter conversado com os colegas do PSDB antes de preparar o programa, o senador respondeu: "Não me arrependo de nada, tenho responsabilidade total pelo programa."

Segundo a colunista do G1, Andréia Sadi, a avaliação entre tucanos é que Tasso está inviabilizado de seguir no comando do partido e, por isso, o PSDB passou a buscar um sucessor tampão.

A aliados, porém, Tasso tem afirmado que não cogita entregar o cargo. Segundo apurou o G1, ele também tem dito que entregar o comando da legenda neste momento passaria uma mensagem de que errou ao divulgar a propaganda, ideia da qual o senador discorda.

Reação no PlanaltoNesta quinta, o colunista do G1 e da GloboNews Gerson Camarotti informou que a propaganda do PSDB contrariou integrantes do Palácio do Planalto. Ministros tucanos chegaram a pedir um almoço com Temer, informou a colunista do G1 Cristiana Lôbo.

Em um dos trechos da propaganda, o PSDB afirma que o presidencialismo de coalizão "ficou antigo e ganhou muitos vícios". O locutor, nesse instante, diz que o modelo, "que pode ter funcionado no passado", se transformou em um "presidencialismo de cooptação".

"Presidencialismo de cooptação é quando um presidente tem que governar negociando individualmente com políticos ou com partidos que só querem vantagens pessoais e não pensam no país. Uma hora apoia, outra não. E, quando apoia, cobra caro", afirma o PSDB na propaganda.

Reunião do PSDBIntegrante da Executiva Nacional do PSDB, o deputado Nilson Leitão (MT) defendeu ao G1 que os atritos criados pela propaganda devem ser resolvidos em conversas, sem a necessidade de mudanças no comando da legenda. Segundo ele, uma reunião da cúpula do PSDB foi marcada para o início da próxima semana.

"Essa reunião será para discutir o que vai ser feito diante dessa divisão. O que não pode é continuar a desarmonia entre todos", afirmou Leitão, reconhecendo o clima de divisão no partido.

"O programa acabou afrontando a presença dos nossos ministros [do PSDB] no governo. É uma boa mensagem para um momento errado. É claro que o programa afeta a credibilidade do PSDB junto ao governo"disse. "Isso não traz resultado positivo externo e ainda traz consequências negativas internas", enfatizou.

'Precipitação'A deputada Mariana Carvalho (PSDB-RO), vice-presidente do partido, avaliou ao G1 como precipitada a iniciativa defendida por alguns tucanos de tirar Tasso Jereissati do comando interino do partido.

"Num primeiro momento, fiquei até um pouco assustada quando vi o vídeo, porque é uma coisa que engloba a todos e não sinto que tenha cometido algum erro. Mas depois, avaliando, o partido precisa pensar como um todo e vejo que um dos erros do partido foi ter se afastado da população e precisamos nos reaproximar mais", disse.

Mariana Carvalho acrescentou, ainda, discordar com a defesa do parlamentarismo. Para a deputada, o tema é polêmico e não houve discussão interna. Apesar disso, ela considera que Tasso tem mantido um bom diálogo com todas as alas da sigla.

"O presidente Tasso tem tentado acertar, tem tentado o diálogo com todo mundo, tem feito um bom trabalho. Acho precipitado achar que por causa do vídeo ele tenha que sair", afirmou.
Sobre a possibilidade de a convenção da Executiva, prevista para dezembro, ser antecipada, a deputada disse ser "impossível". (G1)


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