O presidente interino do PSDB, senador Tasso
Jereissati (CE), afirmou nesta sexta-feira (18) em entrevista coletiva no Ceará
que não se arrepende "de nada" em relação à propaganda exibida pelo
partido nesta quinta (17).
No vídeo, de dez minutos, a legenda diz que errou ao
aceitar como "natural" a troca de favores individuais em
prejuízo da "verdadeira necessidade do cidadão brasileiro".
O conteúdo da propaganda gerou críticas entre tucanos. Os ministros
peessedebistas Aloysio Nunes (Relações Exteriores) e Antonio Imbassahy
(Secretaria de Governo), por exemplo, afirmaram que a peça publicitária foi um "tiro
no pé" do PSDB e "ofendeu fortemente" o partido.
"Eu sou o presidente interino. Enquanto eu for o presidente
interino, eu dou a orientação. [...] O partido não está rachado, todos os
partidos hoje são rachados no sentido de que têm posições divergentes. Não
existe pensamento único. Pensamento único, só no partido comunista",
afirmou Tasso nesta sexta, após ser questionado sobre o assunto.
Indagado, então, sobre se estava arrependido de não ter conversado com
os colegas do PSDB antes de preparar o programa, o senador respondeu: "Não
me arrependo de nada, tenho responsabilidade total pelo programa."
Segundo a colunista do G1, Andréia
Sadi, a avaliação entre tucanos é que Tasso está inviabilizado de seguir no
comando do partido e, por isso, o PSDB
passou a buscar um sucessor tampão.
A aliados, porém, Tasso tem afirmado que não cogita entregar o cargo.
Segundo apurou o G1, ele também tem dito que entregar o comando da legenda
neste momento passaria uma mensagem de que errou ao divulgar a propaganda,
ideia da qual o senador discorda.
Reação no Planalto - Nesta quinta, o colunista do G1 e
da GloboNews Gerson Camarotti informou que a propaganda do PSDB contrariou integrantes do Palácio do Planalto. Ministros tucanos chegaram a
pedir um almoço com Temer, informou a colunista do G1 Cristiana
Lôbo.
Em um dos trechos da propaganda, o PSDB afirma que o presidencialismo
de coalizão "ficou antigo e ganhou muitos vícios". O locutor, nesse
instante, diz que o modelo, "que pode ter funcionado no passado", se
transformou em um "presidencialismo de cooptação".
"Presidencialismo de cooptação é quando um presidente tem que
governar negociando individualmente com políticos ou com partidos que só querem
vantagens pessoais e não pensam no país. Uma hora apoia, outra não. E, quando
apoia, cobra caro", afirma o PSDB na propaganda.
Reunião do PSDB - Integrante da Executiva Nacional do PSDB, o deputado
Nilson Leitão (MT) defendeu ao G1 que
os atritos criados pela propaganda devem ser resolvidos em conversas, sem a
necessidade de mudanças no comando da legenda. Segundo ele, uma reunião da
cúpula do PSDB foi marcada para o início da próxima semana.
"Essa reunião será para discutir o que vai ser feito diante dessa
divisão. O que não pode é continuar a desarmonia entre todos", afirmou
Leitão, reconhecendo o clima de divisão no partido.
"O programa acabou afrontando a presença dos nossos ministros [do
PSDB] no governo. É uma boa mensagem para um momento errado. É claro que o
programa afeta a credibilidade do PSDB junto ao governo"disse. "Isso
não traz resultado positivo externo e ainda traz consequências negativas
internas", enfatizou.
'Precipitação' - A deputada Mariana Carvalho (PSDB-RO), vice-presidente
do partido, avaliou ao G1 como precipitada a iniciativa defendida por
alguns tucanos de tirar Tasso Jereissati do comando interino do partido.
"Num primeiro momento, fiquei até um pouco assustada quando vi o
vídeo, porque é uma coisa que engloba a todos e não sinto que tenha cometido
algum erro. Mas depois, avaliando, o partido precisa pensar como um todo e vejo
que um dos erros do partido foi ter se afastado da população e precisamos nos
reaproximar mais", disse.
Mariana Carvalho acrescentou, ainda, discordar com a defesa do
parlamentarismo. Para a deputada, o tema é polêmico e não houve discussão
interna. Apesar disso, ela considera que Tasso tem mantido um bom diálogo com
todas as alas da sigla.
"O presidente Tasso tem tentado acertar, tem tentado o diálogo com
todo mundo, tem feito um bom trabalho. Acho precipitado achar que por causa do
vídeo ele tenha que sair", afirmou.
Sobre a possibilidade de a convenção da Executiva, prevista para
dezembro, ser antecipada, a deputada disse ser "impossível". (G1)
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