sexta-feira, 22 de junho de 2018

DE OLHO NA LÍNGUA - Prof. Antônio da Costa (Do Jornal Correio da Semana - Sobral-CE - Sábado - 23.06.18)



“Mulheres bonitas é o que não falta no Brasil” ou “Mulheres bonitas é o que não faltam no Brasil”? 
 A frase correta é a primeira: “Mulheres bonitas é o que não falta no Brasil”. Explica-se: O sujeito de “faltar”, na frase, não é “mulheres”, mas o pronome relativo “que” (representante de um termo no singular, o pronome “o”); o verbo de ligação em frases assim concorda com o pronome relativo neutro “o”, e não com o termo no plural. Sendo assim, “mulheres bonitas é o que não falta no Brasil” é a frase, além de gramaticalmente correta, é a verdadeira. Outros exemplos: Candidatos foi o que não faltou ao emprego anunciado; Vagas é o que não falta na indústria no comércio; Fofocas é o que não falta por aqui.

Formas variantes ou sincréticas
São formas duplas ou múltiplas equivalentes. Exs.: abdome/abdômem, afeminado/efeminado, aluguel/aluguer, bêbado/bêbado, barganhar/berganhar, bravo/brabo, câimbra/cãibra, carroçaria/carroceria, catorze/quatorze, chipanzé/chimpanzé, clina/crina, cociente/quociente, corre-mão/corrimão, cota/quota, cotidiano/quotidiano, enfarte;infarto, entoação/entonação, enumerar/numerar, estalar/estrelar, flauta/frauta, flecha/frecha, fleuma/fregma, fleugma (forma errada), flocos/frocos, foro/fórum, friento/friorento/friolento, hem/hein, hífen/hifem, hímen/himem, louro/loiro, maquiagem/maquilagem, neblina/nebrina, nenê/neném, percentagem/porcentagem, pólen/polem, rastro/rastro, registro/registo, seção/secção, sêmem/seme, surripiar/surrupiar, televisar/ televisionar; tesouro/tesoiro, volibol/voleibol, etc.
Não se preocupe com isso, caro leitor! Lembre-se do substantivo “relâmpago’, que tem os seguintes verbos: relampear, relampejar, relampadejar, relampaguear, relampadar, relampar,. Não há perigo de o leitor errar ao pronunciar esse verbo.

Isto é para eu fazer
Se a preposição seguida de pronome não serve para introduzir este pronome (que funciona como sujeito), mas um infinitivo, usa-se as formas retas “eu” e “tu” e não “mim” e “ti”. Exs.: Isto é para mim (a preposição rege o pronome). Isto é para eu fazer (a preposição rege o infinitivo: isto é, para que eu faça.)

Piso “mínimo” // Teto “máximo”
Expressão muito usada em economia, mas redundantemente: Em “piso” já existe a ideia de mínimo. O mesmo se diz de teto máximo. A noção de máximo já existe na palavra teto.

Obstacularizar e obstacular existem?
Não. Não existem tais formas verbais. O verbo é obstaculizar (criar obstáculo para): Os escândalos de corrupção obstaculizam o maior respeito à nação; Esse governo vai de tudo para obstaculizar as CPI´s que lhe podem trazer problemas.

“Preferir que” ou “do que”?
O verbo preferir, constrói-se, corretamente, com objeto direto de pessoa ou coisa, e indireta regido da preposição “a”: Prefiro Herculano a Camilo; Prefiro prosa à poesia; Prefiro sair a ficar. 

Ensina Mário Barreto: “Preferir que ou do que - só se explica, enquanto a mim, por uma falsa analogia, por influência de outra locução: querer antes. Mas preferir e querer antes não têm a mesma sintaxe” (Novíssimos Estudos, pág. 73, 2ª edição - 1924)

Travessa / Beco
Convém não confundir. TRAVESSA é a rua curta, estreita ou larga, transversal entre duas ou mais ruas principais. BECO é a rua curta, estreita, quase sem saída, imprópria para o trânsito de veículos. Pode ser apenas um elo entre vias maiores (Largo e rua, rua e praça).

 
(*) Graduado em Letras Plenas, com Especialização em Língua Portuguesa e Literatura, na Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). É, também, funcionário do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Sobral (CE). Contatos: (088) 99762-2542.



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