Para a diretora executiva do Ibope, Márcia Cavallari, os números
da pesquisa de
intenção de voto divulgada nesta terça, 18, mostram que os
candidatos Jair
Bolsonaro (PSL) e Fernando
Haddad (PT) estão se consolidando como uma nova polarização na
disputa eleitoral. Em sua avaliação, o voto anti-petista, que nas últimas
quatro eleições foi representado por candidatos do PSDB,
agora passa a ser personificado pelo militar da reserva.
"Bolsonaro e Haddad são hoje os que apresentam a maior firmeza de
votos. Seus eleitores afirmam em maior proporção, comparado aos demais, que é
uma decisão definitiva. Os outros têm uma fluidez maior", disse Márcia
nesta quarta, 19, em entrevista à Rádio Eldorado. Bolsonaro é quem
tem o maior porcentual de eleitores que dizem que não mudarão de voto: 53%.
Haddad, 45%. "Mas temos que monitorar. Nesta eleição, todo dia tem um fato
novo. O eleitor tem decidido seu voto mais tarde, esperando até o último
minuto."
Para Márcia, o crescimento de Haddad era esperado. Em sua primeira
semana como candidato oficial do PT em substituição à candidatura barrada
de Luiz Inácio
Lula da Silva, preso e condenado na Lava-Jato, o ex-prefeito de São
Paulo saltou de 8% das intenções de voto para 19%. "Nas pesquisas em que o
nome de Lula era testado, quando seu nome não aparecia, havia um contingente
que não sabia em quem votar", disse Márcia. "Sabíamos que quando
Haddad fosse oficialmente apresentado, haveria crescimento."
A diretora afirmou que os números não permitam que se fale em uma
tendência de crescimento ou baixa na rejeição a Bolsonaro, que oscilou de 41%
para 42% em uma semana. "O patamar de rejeição vem se mantendo entre 40% a
44%, portanto não se fala em tendência. Haddad cresceu de 23% para 29%. À
medida em que a imagem dele vai sendo construída, isso pode aumentar a rejeição
dele."
Márcia diz que a disputa eleitoral ainda não permite falar em um
"teto" de intenções de voto, tanto em Bolsonaro quanto em Haddad.
"É cedo para falar do crescimento total de Haddad e Bolsonaro. Vem caindo o
número de brancos e nulos, então acho que ainda tem espaço de movimentação para
os dois candidatos. Ainda não dá para falar em teto."
A diretora destacou que o clima das eleições 2018 é de
"desesperança", ainda que o eleitor faça suas escolhas de olho no
futuro. "O clima desta eleição é de desesperança. As pessoas não estão tão
otimistas, apesar de que querem que suas escolhas sejam as melhores para a
resolução dos problemas. O eleitor sempre olha para o futuro." (Estadão)
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