Como a segunda emissora criada em
Sobral, a Rádio Educadora do Nordeste – ZYH 593 / 950 kHz – nasceu do idealismo
e dos esforços do Monsenhor Sabino Guimarães Loyola, que teve como primeiros
colaboradores os amigos José Patriarca de Lima e do Monsenhor José Aloísio
Pinto. O sonho do religioso era criar uma emissora mais voltada para os
interesses da Educação e da Igreja Católica. Com esse objetivo, por muito tempo
levou a educação pelas ondas hertzianas a muitos locais da região norte do
Ceará, através de programas genuinamente educativos e até avançados para aquela
época.
A emissora foi ao ar, em caráter experimental, a 20 de maio de 1959. Sua fundação oficial data de 21 de junho de 1959, e teve como primeiro locutor Francisco Marques dos Santos (Marcos da Cruz). Este saudoso radialista também atuou como mestre-de-cerimônias na festa inaugural realizada em 8 de julho do mesmo ano, no (extinto) Cine Rangel. A solenidade contou com as presenças de ilustres personalidades municipais e estaduais, dentre elas, o governador do Ceará, Parsifal Barroso.
Depois de anos sob o comando do Mons.
Sabino Loyola, a emissora foi adquirida pela Diocese de Sobral. Durante décadas
funcionou em vários locais, todos na Avenida Dom José. Inicialmente, no histórico
sobrado de Domingos
José Pinto Braga, que
fica na esquina da Av. Dom José com Rua Domingos Olímpio, onde funcionou a
Academia Sobralense de Estudos e Letras. Também esteve, provisoriamente
instalada, no prédio do Museu Diocesano Dom José. No período mais longo, funcionou
em frente ao Colégio Sant´Ana. Atualmente, está na Cúria Diocesana, na Praça
Quirino Rodrigues.
Merece destaque especial o amor e o trabalho
incansável dispensados por seu fundador e sócios-fundadores, superintendentes
(bispos, ecônomos da Cúria), diretores da emissora e funcionários de todos os
níveis. A obra iniciada por Mons. Sabino Loyola teve como continuadores os
bispos da Diocese de Sobral Dom José Tupinambá da Frota, Dom João José da Mota
e Albuquerque, Dom Walfrido Teixeira Vieira, Dom Aldo di Cillo Pagotto; Dom
Fernando Antônio Saburido, Dom Odelir José Magri e, atualmente, Dom José Luiz Gomes de Vasconcelos. Cada um merecedor de reconhecimento
e aplauso por sua importante parcela de contribuição.
No decorrer desses sessenta anos, a Emissora passou
por significativos melhoramentos. Dentre as diversas reformas, merece menção a
ocorrida em 2000, na administração de Dom Aldo
di Cillo Pagotto: a Rádio Educadora e o Jornal Correio da Semana ganharam novas
instalações, passando a funcionar na Cúria Diocesana. Tempos depois, já na
gestão de Dom Fernando Antônio Saburido, foi adquirido um moderno transmissor
de 6 kW e sua programação foi reformulada. Atualmente, Dom Vasconcelos vem
desenvolvendo importantes melhoramentos na Emissora da Diocese de Sobral.
Foi imprescindível o trabalho dos ecônomos. Cônego
Egberto Rodrigues de Andrade dedicou grande parte de sua vida à Cúria, à Radio
Educadora e ao Jornal Correio da Semana no governo episcopal de Dom Walfrido.
Além do Cônego Egberto, notável atuação teve Francisco Valmir Andrade,
conceituado contador e empresário sobralense, que colaborou com Dom Aldo
Pagotto na construção de obras como o novo Seminário. Hoje, Edna Maria Chaves
da Silva esbanja dedicação e competência no cargo, prestando relevante auxílio
a Dom Vasconcelos.
Além desses importantes colaboradores, muito ajudou no
engrandecimento da emissora a atuação de diretores, como Mons. Francisco Sadoc
de Araújo, Professor José Ribamar Coelho e Carlos Gomes Carneiro. A dedicação e
o empenho dos três vêm servindo de exemplo e estímulo ao novo diretor Padre Lucas do Nascimento Moreira, que também comanda
o hebdomadário da Diocese com muita maestria.
Por dever de justiça, deve
obrigatoriamente ser lembrado que também entrou para a história o trabalho
feminino nos órgãos de comunicação da Diocese. Umas atuaram e ainda autuam
diretamente na locução; outras, na retaguarda. Aqui, todas são lembradas em
nome de Zuleika Viana Ximenes. Ainda hoje, aos 90 anos, dona Zuleika ainda
cumpre religiosamente sua carga-horária de trabalho com muita competência.
Isso, não obstante em sua trajetória na Cúria de mais de meio século também ter
prestado relevantes serviços à Educadora e ao Jornal.
Além de todos os colaboradores retromencionados, há um
grupo especial sem o qual a história da Rádio Educadora teria estagnado logo no
seu nascedouro. São aqueles e aquelas que diariamente emprestaram e ainda
emprestam seu conhecimento técnico, sua criatividade e seu talento e, enfim,
suas vozes para levar longe a mensagem da Emissora.
E não são poucos os locutores, locutoras e sonoplastas
que deram ou continuam dando tudo de si para que a Rádio Educadora atingisse o
lugar de destaque e de respeito na Comunicação. Grande número deles atuando como
funcionários da empresa; outros trabalhando sob o regime de arrendamento de
horários. O amor. O talento e a garra dessas pessoas à comunicação continua
sendo o grande propulsor da Rádio Educadora.
É grande o número dos que profissionalmente nasceram
na Emissora da Diocese, nela se aperfeiçoaram e cresceram, garantindo, assim,
seus espaços entre os mais gabaritados e competentes na comunicação. Aos que já
cumpriram sua missão na terra, respeito e gratidão eternos. Aos que continuam
sua caminhada na “emissora do povo cristão”, força e amor para continuar
empunhando fielmente uma das bandeiras da Educadora que, além de evangelizar,
também contempla “instruir divertindo” e “divertir instruindo”.
O tempo passa e a missão precípua de evangelizar,
instruir e entreter da Rádio Educadora continua inabalável. Em tempo algum
sentiu-se propensa a desviar-se de sua filosofia inicial, que escuda seus
dirigentes e colaboradores para não cederem diante das armadilhas do mal. O
respeito e a confiança depositados na Emissora por quem consome seus produtos
radiofônicos ou nela faz divulgação de publicidades prende-se ao fato de a
Rádio Educadora permanecer coerente com sua missão, endossada pela fé católica:
propagar o amor a Deus e ao próximo; respeitar e zelar as tradições sadias;
respeitar o Vernáculo e promover o entretenimento sadio, através de uma
comunicação séria, responsável, equilibrada e cativante.
Atualmente, como a mais potente em
Amplitude Modulada (AM) da região e com seu seleto quadro de profissionais, a
emissora católica busca o constante aprimoramento. Sempre no intuito de
continuar oferecendo o que há de melhor em informação, educação, cultura e na
promoção da fé e da paz. Além poder ser captada através da frequência AM
950, sua seleta programação também está disponível na rede mundial de computadores no
endereço www.radioeducadora950.com.br
Tendo como Superintendente
o Bispo da Diocese de Sobral, Dom José Luís Gomes de Vasconcelos, a Rádio
Educadora atualmente tem o seguinte quadro funcional efetivo: Padre Lucas do
Nascimento Moreira (Diretor Geral); José Wilson Fernandes Calixto (Assessor
Financeiro); Breno Mendes Aguiar (Assessor de Comunicação); Francisco Firmino
Filho (Comunicador); José Alberto Lopes Pereira e José Evanildo Liberato (Sonoplastas).
Já como arrendatários de horário, mantêm programas os
comunicadores Educadora: Antônio Ponte, Araújo
Pachelle, Artemísio da Costa, Bethy Salsa, Chagas Lopes, Gilvan Aragão, Inácio
de Brito, Ivan Moreira, João Batista Cruz (JB), Joab Aragão, Júnior Linhares,
Oswaldo Aveliño, Norone Souto Angelim, Dra. Patrícia Tavares, Salmito Campos,
Vicente e Sandra Nogueira, William Vasconcelos, Vavá Bastos e Zezé Bastos.
Graças a todos os seus colaboradores do passado e do
presente a emissora da Diocese de Sobral vem cumprindo religiosamente seu
papel.
Dessa forma, tanto os que contribuíram para isso, como
os que hoje fazem sua parte, merecidamente entrarão no rol dos que tudo fizeram/fazem
para que essa RÁDIO não somente ultrapasse os 60 anos, mas também continue por mais
muitos anos fazendo jus ao honroso nome de EDUCADORA.
ENTREVISTA DO MONS. SABINO
LOYOLA, CONCEDIDA EM 2002, AO REDATOR DO JORNAL CORREIO DA SEMANA
Mons. Sabino Loyola concedeu em 2002
entrevista histórica a Artemísio da Costa, Redator do Jornal Correio da Semana
àquela época. O religioso destacou pontos importantes da luta que empreendeu
para fazer nascer sua querida filha, Rádio Educadora do Nordeste. Acompanhe.
Artemísio da Costa (AC): Quando e
como começou a ideia de fundar a Rádio Educadora do Nordeste?
Monsenhor Sabino (MS): No início de 1955, num curso em Sorocaba
(SP), eu e mais quatorze sacerdotes recebemos muitas instruções sobre educação
quanto a problemas agrários. De lá fui a São Paulo e tomei conhecimento de que
o Padre José Salsedo, na Colômbia, havia introduzido a educação através de
pequenos rádios, educação agrícola para camponeses. Ao passar pelo Rio de
Janeiro solicitei um canal, dando-lhe um nome, que depois reformei para Rádio
Educadora do Nordeste.
AC: O senhor enfrentou muitas
dificuldades?
MS: Naqueles tempos criavam tanta dificuldade que para
serem superadas tive de voltar ao Rio várias vezes. Pedi também o auxílio do
Mons. José Aloísio Pinto no sentido de conseguir a aprovação do canal e a
outras pessoas como Pe. Joaquim Almeida. Apeguei-me também ao Ministro do
Trabalho, Parsifal Barroso, mas este se descuidou e foi a mulher dele quem me
ajudou bastante. A dona Olga Barroso, mulher do Parsifal, foi quem insistiu e
um dia recebi um telegrama citando que o canal ia sair, mas que dependia da
minha ida ao Rio de Janeiro-RJ.
Na época eu estava como vigário de São Benedito. Tive de tomar um transporte, mesmo pensando que era um golpe do Pe. Palhano contra mim. Vim a Sobral para preparar toda a papelada que era necessário. Comprei quatro pneus para o Jeep e larguei-me para Fortaleza, a fim de pegar um voo para o Rio. Chegando lá, fui diretamente para o Ministério do Trabalho. Não foi possível falar com o Parsifal Barroso, mas falei com alguém designado por ele, um substituto seu, que agilizou toda a documentação para que eu assinasse o contrato, responsabilizando-me em assumir a direção da Rádio Educadora do Nordeste.
Na época eu estava como vigário de São Benedito. Tive de tomar um transporte, mesmo pensando que era um golpe do Pe. Palhano contra mim. Vim a Sobral para preparar toda a papelada que era necessário. Comprei quatro pneus para o Jeep e larguei-me para Fortaleza, a fim de pegar um voo para o Rio. Chegando lá, fui diretamente para o Ministério do Trabalho. Não foi possível falar com o Parsifal Barroso, mas falei com alguém designado por ele, um substituto seu, que agilizou toda a documentação para que eu assinasse o contrato, responsabilizando-me em assumir a direção da Rádio Educadora do Nordeste.
AC: O senhor contou com a colaboração de
mais alguém para atingir esse objetivo?
MS: Contei com o José Patriarca de Lima e
com o Mons. Aloísio, mas o Mons. Aloísio não tinha entusiasmo pela efetivação
da Rádio Educadora do Nordeste. Um dia ele me perguntou: “Você tem dinheiro?”
Respondi-lhe: Tenho não. Ele continuou: “Então deixe disso, deixe de mão. Você
não pode fazer isso”. Quanto mais criavam dificuldades, mais eu me sentia
estimulado a continuar lutando para atingir esse ideal. E continuei.
Estive em Fortaleza, contatei com uma pessoa que era diretor de Rádio, apresentei as despesas e ele disse: “O Senhor está muito enganado. O Senhor não faz uma Rádio com esse dinheiro. É preciso mais dinheiro, muito mais.” Tive uma onda de desânimo, mas resolvi: Eu vou fazer, eu tenho de fazer.
E as dificuldades foram desaparecendo. Uma das maiores era a compra da antena e da mesa de som. Mas sucedeu que a mesa de som e o transmissor viriam por um caminhão porque era muito caro trazer de avião. Chegaram em Sobral todas desfeitas, desmanteladas. Mas a pessoa que vendeu disse que não havia conserto para elas. Pediu-me que mandasse de volta e disse que mandaria novos equipamentos. Depois recebi um transmissor em perfeito estado sem gastar coisa alguma, só que desta vez veio por via aérea.
Outro incidente foi com a torre. Foi despachada em São Paulo e não chegava em Sobral. Depois tomei conhecimento dela em Recife, jogada, com cargas sobre ela, e que depois desapareceu. Passamos vários telegramas, comunicando que já havia sido remetida, e só dois ou três meses depois recebemos.
AC: Na fase inicial, algum político quis interferir na Emissora?
MS: No dia da inauguração eu vim de São Benedito para
Sobral. Vários políticos participaram da solenidade, inclusive Parsifal Barroso
e Chico Monte, que nos ofereceram um almoço. Dom José me chamou e disse: “Essa
Rádio, Sabino, não vai dar certo porque está muito influenciada pela política”.
Eu respondi: Senhor Bispo, eu garanto que eles não influenciarão lá
dentro em nada. E assim foi. Na verdade, não influenciaram em nada.
AC: E Dom José Tupinambá da Frota foi importante
na execução desse projeto? Ele ajudou em alguma coisa?
MS: Lamentavelmente, não! Porque ele estava engajado na
aquisição de uma Rádio para o Pe. Palhano. Uma vez eu pedi a ele que passasse
um telegrama para o Rio de Janeiro dando-me uma força. Ele não atendeu o pedido
porque já havia solicitado para o Palhano e não queria pedir para mais um.
AC: Como Emissora católica, o Senhor
estabeleceu regras. Que regras foram essas?
MS: Primeiramente: Não se fazia propaganda de bebidas
alcoólicas. A Rádio era 100% pela moral. Em ausência minha, um funcionário
recebeu uma propaganda de um dono de alambique de Ubajara. Quando voltei,
repreendi o funcionário e telegrafei para o anunciante pedindo que não levasse
a mal, mas que a Rádio não fazia comercial de bebida alcoólica. O mesmo aceitou
sem dizer uma palavra.
AC: Como a população recebeu a Rádio
Educadora?
MS: Havia naquela época a Rádio Iracema dirigida pelo José
Maria Soares. Mas como os programas dela eram muito rotineiros, saímo-nos
melhor porque a Rádio Educadora do Nordeste apresentava novidades, dentre elas,
programas de educação, que eram bem ouvidos, através de pequenos rádios repetidores
que o Ministério da Educação nos enviou. Inicialmente, ganhamos trezentas
unidades desses rádios. Depois, com a influência do deputado estadual Guilherme
Gouveia, de Granja, juntamente com Dom Coutinho, Vigário Capitular depois da
morte de Dom José, consegui mais quinhentos, de modo que uma pessoa dava aula
com esses rádios de acordo com as nossas instruções.
AC: Que tipo de ajuda o senhor recebia
do povo de Sobral?
MS: Havia uma dificuldade muito grande para se conseguir um
anúncio. Fui a São Paulo e consegui muitos anúncios, mas lamentavelmente a
pessoa que os recebeu ficou com todo o dinheiro; me enganou.
AC: A Rádio era propriedade sua ou da Diocese de Sobral?
MS: Era minha, do José Patriarca de Lima e do Mons. Aloísio
Pinto. Eu vendi a minha parte por quatorze contos réis. Dei um agrado aos
funcionários, fiz a limpeza do prédio e entreguei tudo em ordem.
AC: Como se deu o repasse da Rádio para
a Diocese de Sobral?
MS: Como as coisas do governo são difíceis, demorou. Mas a
Emissora acabou passando para a Diocese. Depois de mim foi o José Patriarca de
Lima que vendeu suas ações e, mais tarde, o Mons. José Aloísio Pinto também
vendeu a parte dele, de modo que a Rádio Educadora se tornou totalmente da
Diocese.
AC: O senhor deve guardar muitas boas
lembranças do tempo da Rádio Educadora. Dá para citar algumas?
MS: Dentre muitas, posso citar os programas de saúde. Nós
tínhamos uma equipe constante de um agrônomo, um assistente social, uma
enfermeira, todos diplomados. Só não conseguimos um médico. Pedimos ao
Governador do Estado, na época era o Paulo Sarasate. Estando este ausente,
recorri ao vice-governador, cujo nome não lembro. O vice-governador me
autorizou a tentar conseguir qualquer médico, mas não foi possível.
AC: Que tipo de música tocava na época?
MS: Só tocávamos músicas convenientes. Tínhamos discos
recebidos no Ministério da Educação com explicações sobre a vida agrícola,
orientação para não fazer queimadas. Íamos para o campo fazer demonstrações de
curva de nível, de adubo, com o material que encontrávamos no lugar, folhas,
excrementos de gado etc.
AC: Havia programa puramente religioso?
MS: Fazíamos também. Uma vez que a Rádio era católica, duas
vezes por semana se fazia programa de ordem religiosa.
AC: Como o senhor vê atualmente a Rádio
que fundou?
MS: A Educadora tocava discos que nós não admirávamos. Por
exemplo: músicas da “boca da garrafa” e outras. Com a chegada de Dom
Aldo, providências foram tomadas e ele pôs fim a tudo isso. Hoje a Rádio
Educadora do Nordeste se dá ao respeito; não toca mais esses discos
inconvenientes de sentido duplo.
AC: O que senhor teria a dizer àqueles
que tentam levar adiante a obra que o senhor começou?
MS: A Rádio deve realizar mais programas doutrinários de
acordo com a mentalidade do povo. Ainda acho pouco o que ela faz. Deveria haver
uma participação maior dos padres, bem como colocar católicos instruídos para
fazer educação religiosa no sentido de educação cristã, católica, pois ainda
considero deficiente esta forma de educar. (Por Artemísio da Costa)
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