Em entrevista à BBC
News Brasil, Lula afirmou não ter "problema pessoal com o presidente
Donald Trump" e declarou que, caso cruze com o republicano nos corredores
das Nações Unidas nos próximos dias, irá cumprimentá-lo.
"Porque eu sou
um cidadão civilizado. Eu converso com todo mundo, eu estendo a mão para todo
mundo."
Questionado pela
reportagem sobre o tarifaço, que entrou em vigor
no último dia 6 de agosto, o presidente disse que a melhor
alternativa "para qualquer conflito" é "sentar em torno de uma
mesa e negociar".
"Se é do ponto
de vista comercial, tem negociação, se é do ponto de vista econômico, tem
negociação, tanto do ponto de vista de tributação, tem negociação. O que não
tem negociação é a questão da soberania nacional", pontuou Lula.
"A nossa
democracia e a nossa soberania não estão na mesa de negociação. Ela é nossa,
ela é do povo brasileiro."
Lula disse ter
destacado três interlocutores que há meses tentam diálogo com o governo
americano sobre o tema: o vice-presidente Geraldo Alckmin, que também é
ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, o ministro da
Fazenda, Fernando Haddad, e o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira.
Lula acrescentou
que, apesar da iniciativa, os americanos "não querem conversar".
A reportagem
lembrou que Trump chegou a dizer que Lula poderia telefonar a qualquer momento
para que conversassem e perguntou se o presidente chegou a ligar.
"Não tentei
fazer chamada porque ele nunca quis conversar", ele respondeu,
queixando-se de que soube "da taxação pela imprensa" e de que o
governo americano nunca respondeu a carta enviada pelo Brasil pedindo que
definissem se aceitavam ou não as propostas enviadas pelo país.
Lula teceu críticas
a Trump, ressaltando que "ele tem negado tudo aquilo que é habitualmente
conhecido de respeito às instituições democráticas do mundo", emendando,
contudo, que a avaliação não deveria interferir na relação bilateral entre EUA
e Brasil porque "dois presidentes de países não precisam ser
ideologicamente afinados".
"Se Trump foi
eleito pelo povo americano, ele é o presidente dos Estados Unidos, e é com ele
que eu tenho que ter relações. É ele da mesma forma comigo. Ele pode ter uma
simpatia pelo Bolsonaro, mas eu sou o presidente, ele tem que negociar com o
Brasil. É assim que dois chefes de Estado se comportam."
(Fonte: BBC)

Nenhum comentário:
Postar um comentário