Um encontro de ex alunos do Seminário de
Sobral é sempre algo muito agradável. Eles vão chegando com aquele ar de gente
muito séria. Senhores de cabelos brancos. Sisudos uns. Outros, nem tanto. De longe, alguns logo são reconhecidos. São
aqueles que mais frequentam os encontros.
Os de primeira vez, nunca são reconhecidos pelos outros. Mas também, são
cinquenta ou mais anos de distância.
Hoje, são responsáveis senhores Professores, Empresários,
Escritores, Poetas, Jornalistas, Políticos, Padres casados, Padres em pleno
exercício do sacerdócio, Juristas, Médicos, Engenheiros, Cientistas. Exercem as
mais variadas profissões. Nenhum, no entanto, se perdeu na caminhada. Todos, invariavelmente, saindo-se bem nas
atividades que desenvolvem.
Os primeiros momentos dos reencontros são de
dúvidas. Quem é este? Não se lembra? Uma dica aqui, outra ali. E então vem
aquele abraço. Grandes abraços. Às vezes, algumas lágrimas.
Após a descoberta é como se fosse retirado um
véu. Ou como se desembaciasse um espelho. E logo ressurgem os meninos. Passam a
ver-se vestindo a velha batina preta, circulando pelo Seminário da Betânia,
rezando em latim, caminhando de braços cruzados, nas extensas filas para a
capela ou para o refeitório.
Relembram-se os apelidos. Tudo acompanhado de muitos sorrisos e
gargalhadas. Histórias, encobertas por muitos anos, vêm à tona. Parecem meninos
velhos insultando-se. Somente coisas boas são relembradas. Muitas saudades. Nenhuma
mágoa. O Seminário de Sobral só fez bem aos que por lá passaram.
Todos os professores, grandes professores são
lembrados. Como era possível que homens tão jovens fossem capazes de tanta
sabedoria. Cada um tem uma história a contar de seus professores.
Os mais velhos contam história da convivência
com Dom José. Relembram, com graça, até alguns carões ou pitos, como eram
chamadas as admoestações. Os feriados inesperados eram concedidos através de
duas pancada rápidas na sineta. Dom José fazia aquilo para ver a alegria da
meninada correndo para a rouparia para vestir calções e correr para o campo de
futebol. A Semana da Pátria, na Meruoca, sempre vem à tona. Eram dias
inesquecíveis para todos. Tudo é repassado nos encontros.
E mais: todos se alegram com os êxitos
alcançados pelos companheiros. É como se o sucesso de um pertencesse a todos.
Afinal de contas, eram nove meses de convivência por ano. Muito mais tempo do
que com as próprias famílias. E muitos laços se criaram. Uma irmandade. O
reencontros são cheios de alegria.
E aqueles, que se parecem meninos velhos, não
passam de velhos meninos que se amam.
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