sábado, 19 de janeiro de 2019

POUCAS E BOAS - artemisiodacosta@hotmail.com (Do Jornal Correio da Semana - Sobral-CE - Sábado - 19.01.19)

“DE ESMOLA GRANDE TODO CEGO DESCONFIA”


Eu jamais desejaria retornar a este assunto, mas sou forçado a fazê-lo, já que não tem paradeiro esse genocídio financeiro. Enfim, também faço parte do contingente dos aposentados deste País. Então, vamos lá.

Na próxima quinta-feira (24) será lembrada e comemorada a data de assinatura do Decreto 4.682, em 24.01.1923, que deu origem ao Dia Nacional do Aposentado. Conhecido como Lei Eloy Chaves, foi o instrumento legal que instituiu a Caixa de Aposentadoria e Pensão dos Ferroviários, embrião da Previdência Social no Brasil. Que continuemos a nos unir aos aposentados na luta por seus direitos, principalmente porque nos últimos anos tem-se multiplicado assustadoramente no País o número de assaltos àqueles que já fizeram sua parte através do trabalho honesto. Mesmo assim, milhões de brasileiros e brasileira vêm sendo vítimas fáceis do falso empréstimo consignado. 

Só para se ter uma ideia, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) recebeu mais de 97 mil reclamações de empréstimos não autorizados pelos clientes, contraídos entre o início de 2016 e junho de 2018. Já o Banco Central, órgão que fiscaliza tais operações de crédito, informa que, nos últimos cinco anos, já emitiu 39 ofícios com pedido de correção de procedimentos por parte de instituições financeiras. E para corroborar o quanto aposentados e pensionistas estão sendo saqueados, entre janeiro e novembro de 2018, o volume de consignados do INSS concedidos foi 18,6% maior que no mesmo período de 2017. Mas como isso acontece?

Estelionatários continuam agindo quase sem nenhuma punição contra aposentados e pensionistas no interior. Os prejuízos decorrentes desse crime agravam ainda mais a situação criada por alguns familiares que já extorquiam e tomavam a minguada aposentadoria. Os meliantes apresentam-se como funcionários do INSS, de bancos de financeiras ou elementos que se passam por pessoas de bem.

Sorrateiramente aproveitam-se da ignorância e ingenuidade dos idosos para captar dados pessoais e bancários, bem como para conseguir assinatura destes em formulários não preenchidos ou em papéis “em branco”. A partir daí, prometem facilidade em empréstimos consignados em folha para custeio da plantação, compra de eletrodomésticos, quitação de dívidas no comércio e para as mais absurdas finalidades.

Com facilidade jamais encontrada, os velhinhos contraem os empréstimos, às vezes em quantias superiores às solicitadas, só tomando conhecimento disso quando as prestações começam a ser descontadas. Há até bancos que, para agarrar o aposentado, ignoram o limite máximo de idade para contrair empréstimos. Por incrível que pareça, nem mesmo a aposentadoria foi homologada e bancos já estão assediando aposentados, muitos dos quais, além de necessitados de dinheiro, também não têm a mínima noção da emboscada que avança sobre eles.

Em situação de desespero, aposentados contam casos de desconto de prestações sem que o valor financiado tenha entrado na conta; prestação incompatível com valor financiado (Ex.: recebeu R$ 2 mil e paga como R$ 5mil); primeira prestação já superior ao valor do bem financiado (Ex.: 12 prestações de R$ 120,00 pela compra de um DVD); empréstimos cujo número de prestações supera o de meses de vida que o devedor ainda possa ter, além de outras ocorrências de difícil compreensão.

De tão preocupante a situação, o Governo resolveu tentar dar um basta nesse massacre financeiro e publicou novas regras. Dentre elas, vale destacar que, a partir deste ano, os bancos, financeiras e correspondentes só poderão oferecer crédito consignado aos aposentados após seis meses do início do recebimento do benefício. Estabelecidas em dezembro/2018, essas mudanças começarão a valer 90 dias depois de publicadas e a instituição que descumprir poderá ter o contrato rescindido.

Diante dessa situação por que passam aposentados e pensionistas, não temo afirmar que já passa do momento de as autoridades, órgãos de defesa do consumidor e a sociedade realizarem um trabalho imediato e sério em defesa dos indefesos aposentados. E dentre as opções para solução do problema, sugiro algumas cuja adoção seria “para ontem”. São elas:

AO INSS: Promover uma urgente campanha de conscientização através da mídia orientando como o aposentado pode se precaver dos meliantes ou, caso já tenha sido vítima deles, como pode reaver (se possível) o que lhe foi roubado; 

ÀS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS: Certificar-se se o aposentado não está sendo pressionado a contrair o empréstimo, bem como realizar um estudo da viabilidade de unificar num só banco esse tipo de empréstimo, a fim de melhor controle; 

ÀS ENTIDADES DE DEFESA DOS APOSENTADOS: Conscientizar mais seus associados, cobrar mais ação da OAB, Polícia, Justiça, meios de comunicação e mobilizar a população; 

AOS APOSENTADOS: Cercar-se de todo cuidado, desconfiar de certas facilidades, guardar sigilo total de seus dados pessoais e bancários, não assinar nenhum papel sem o prévio conhecimento do conteúdo, nem que venha de alguém se dizendo servidor do INSS ou de bancos. Na dúvida, dirigir-se a essas instituições. 

Por fim, compete a cada aposentado ou pensionista adotar como norma de segurança aquele ditado, que é bem mais velho que os próprios aposentados: “DE ESMOLA GRANDE TODO CEGO DESCONFIA”.   

Domingo na Educadora (www.radioeducadora950.com.br)
Neste domingo, no Programa Artemísio da Costa na Educadora AM 950. Notícias, reportagens, curiosidades, música de boa qualidade. Destaque: Entrevista, ao vivo, com os Farmacêuticos Dr. Ajax Souza Cardozo e Dr. Francisco Régis Ferreira Gomes. Participe 3611-1550 // 3611-2496 // WhatsApp (88) 99618-9555 // Facebook: Artemísio da Costa.

LEIA, CRITIQUE, SUGIRA E DIVULGUE


Nenhum comentário:

Postar um comentário