sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

ARTIGOS: Uma crônica para Massapê (Por Eudes de Sousa)

Massapê, centenária natural das raízes, de Dona Úrsula. Uma do passado; outra de agora. Sem dúvida, poética! Sua poesia é indelevelmente musical, criada e decantada em hino, em louvor à cidade, como poetizou Joaquim Leão, em seus versos: “Filha dileta dos sertões do norte, terra mimosa, hospitaleira e boa”. E ao mesmo tempo constantemente moldurada pela Serra da Meruoca, uma maravilha massa verde formada por uma poesia geográfica, que costura uma teia de relação com as águas do Mirim.


É o que nos faz pensar na história de Massapê em versos e prosas, que mistura o antigo e moderno, constantemente festejada pela inconfundível beleza dos cantos das graúnas, corrupiões, galos-de-campina e dos bem-te-vis, para que os seus moradores possam acordar de cara nova, procurando encontrar as solenes benções da padroeira Nossa Senhora do Perpétuo do Socorro e do padroeiro São Francisco.

Aos 121 anos, Massapê, ouve-se: quando também se pensa fazendo compra em seus comércios e sendo louvado pelas noites serranas dos encontros nos bares, nas lanchonetes e pizzarias. E também correndo para pegar uma topique ou uma mototáxi. Ao mesmo tempo feliz por caminhar pelas ruas, avenidas pavimentadas de paralelepípedos, ou sentado num banco de madeira, nas praças arborizadas a capricho, ao mesmo tempo passando pelo rastro do passado, escrito nas placas de seus monumentos, em homenagem àqueles que fizeram a história na política, no social e na cultura.

Sem dúvida, nesta cidade, logo se percebe a poética de uma poesia ímpar, que brilha entre os pés de Benjamim e Nin, onde os passarinhos chilreiam em aurora festivas. Pode citar-se ainda a igreja matriz com um desenho no ponto alto da torre simbolizando a maior hóstia abençoada, onde se pode ver, uma clara evidência da religiosidade do povo massapeense.

E, como não poderia faltar, a formosa procissão do Senhor Morto que une o humano e o divino, o velho e o novo, como se estivessem no céu de que lhes é prometido como recompensa de uma vida pura.

Além disso, tem-se o pé da serra, onde o visitante fica extasiado com a imponência de sua altura, um belo abraço da natureza. Desta forma, vê-se nas paisagens de Massapê um dos mais inesperados ambientes naturais, que impregna as mentes e as almas, que afunda no inconsciente coletivo da cidade.

Assim, se percebe um povo que vai em busca de um fato de guardar na memória, testemunhada pelo canto amoroso dos marrecos, em cada noite, para que seus moradores mais humildes, que moram na periferia, em casas de taipas, sejam vistos como gente que movem a história de Massapê.

Mas, tenha calma! Você sabia? Que além da cidade ser descendente dos chapéus de couros e de alpercatas, comedor de rapadura e cará, com o “baião de dois”, tem o produtor cultural, Antônio Soares, que criou um acervo cultural, digno de ser visitado, na Casa de Cultura. Lá você conhece o talento do João Batista - o João Zezé. A essência de sua pintura é a sua simplicidade corajosa, que prende atenção e, ao mesmo tempo, transmite a sua mensagem, clara e objetiva com seus contornos audaciosos. O resultado é uma obra notável pelas suas ênfases e suas múltiplas cores.

Incluindo- se ainda no acervo obras artesanatas, tais como a de Mauro Gomes, técnicas tradicionais de embarcações tipicamente artesanal e as miniaturas do artesão Manoel Messias, as peças por si contam detalhes o envolvimento do povo que vem sendo transmitido pela tradição oral com o objetivo difundir e valorizar a arte cabocla.

Se a cidade de Massapê se faz entre o seu povo, porque não falar de um artista da fé. Ou seja, do padre João Batista Soares Frota, que já nasceu trazendo a postura sacerdotal a serviço de Deus. Nele se conhece, também, o seu espirito artístico, fazendo teatro, demonstra a sua capacidade do seu fôlego e imaginação, bem como a experiencia de estudioso e orientador da alma humana garante um realismo espiritual muito grande no manuseio das regiões religiosas nas peças Paixão de Cristo, malhação do judas, entre outras.

Uma cidade de humoristas que inauguram outro tipo de geração: a arte do riso do humorista Jader Soares, ou Zebrinha, quem assistir, o humor de Zebrinha, conhece a elegância de um mestre que é capaz de nos contar: sou humorista, escritor e poeta, com a capacidade de viver alegria.
Irmãos Jader, Dr. Gerardo e Francisco José Soares

A cidade de Massapê não se pode passar na cidade sem ter à boca o seu folclore, como bumba-meu-boi, conhecido como reisado, que homenageia a figura do sertanejo nordestino.

No itinerário dos talentos de massapê, que não se rende as exigências estéticas e culturais de uma época. Isso é resgatar a história de “Massapê em Foco”, de Osvaldo de Aguiar. Porque, a história só pode ser morta com o fim da civilização. O que ainda não aconteceu. Como o historiador Tremal Naik, com a oralidade do seu pai Francisco Evilásio, hoje, travam uma nova arma que lhes permitem uma viagem pela história de sua cidade, num conjunto coeso de passagens históricas em que a inteligência massapeense se expressa com grande vigor popular.

Massapê não foge das regras, quando se compõe música ou simplesmente ouve os ecos de sanfonas, de violões ou de um saxofone tocado por Leonardo Carvalho. E sem dúvida, o seu talento artístico é concentrado no amor à Massapê, que leva em si a integração da alma e o corpo; que está traduzido no ritmo do som das canções.

Então, felizmente, o povo massapeense tem a sorte, de ter o advogado e humanista Gerardo, o Gerardim, que ilustra sua fé, em comunhão, com o “Centro de Excelência em Humanismo e Solidarismo”. “Um espaço de cidadania plena”. Em que o humanista está à procura de transcender a relação do homem com a cidade, ora social, ora cultural, ora religiosa, ora política, todos dentro de um espaço físico e humano.

Nessa cidade não se pode deixar de falar de seu patrimônio histórico europeizado adormecido no tempo, que se mistura sem qualquer constrangimento com uma nova cidade, tal como se vê na placidez nas talhas das esculturas de Francisco Lopes e Francisco das Chaga, o Chico da Santa.

Mas quando se fala em monumento, logo, vem em mente, a arquitetura de Ogesimo Gomes, em comunhão com o tempo, se sente tocado pela Coluna da Hora, fazendo o relógio da nova história de Massapê girar para atrás. Sem dúvida abençoada pela Gruta Nossa Senhora de Lourdes, onde o fogo da religiosidade, é ardente e interrogadora do seu povo. Em seu mister da salvação.

Obviamente, dentro dessas histórias, tem os seus filhos anônimos, que não podem escaparem da linha histórica. Nela, está a movimentação solitária, longe das audições e visuais de muitos, a exemplo, do solitário Francisco Barroso, o Tico, que atravessa as ruas com o olhar nas coisas do mundo, como uma forma de superar as vicissitudes de sua existência. Ou seja, na busca da beleza ideal em sua simplicidade, para que a vida possa assumir o seu verdadeiro significado.

A cidade de Massapê, é antes de tudo, das crianças animadas e dos jovens, que se move no universo juvenil, por onde que se vá, revela a importância no centro da verdade das coisas mais simples, que nos faz deparar com o tempo e o espaço do existir humano. Ou seja, um retrato de seus antepassados.

Tudo toca e encanta nesta cidade. Uma palavra no momento certo pode significar tudo. Ensina que a politicagem, a violência, a neurose, o orgulho, a vaidade, o preconceito. Alguns defeitos de caráter são como nuvens passageiras têm que ser tratadas como tal.

O que interessa é o que fica de bom. O céu azul. O sol voltando a brilhar. Que a invasão do verde da serra Meruoca, da humildade para alcançar a vida dentro da bela cidade de Massapê, que acima de tudo, ela faz parte dos sorridentes e eufóricos daqueles que querem recuperar as energias gastas na luta pela vida, para ser reverenciada pela magia estética do tradicional Chitão ou Chitão do galinha D’água, promovido por Expedito Ferreira, cuja tradição, hoje, ocupada, pelo herdeiro Ferreirinha.


Por fim, são 121 anos de história, que fazem de cada rua a rua de cada um. Ou seja, dos negros, brancos, católicos, evangélicos, budistas e espiritas, e muito mais: o gosto da cachaça Ypióca nos bate-papos das bodegas das esquinas, horando as tradições, “digna de ser boemia” tanto quanto de ser lembrada. Como afirma, o boêmio e morador do bairro Dona Úrsula, Renê Carlos.

Uma homenagem pela comemoração dos 121 anos, da cidade de Massapê.





(*) Jornalista, historiador e crítico literário
- atribunadoescritor@gail.com  - (88- 992913811)

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