Para a pedagoga Carolina Sanches, especialista em mídia e educação, o
conceito de leituras elásticas é uma tendência do mundo atual para formar novos
leitores. Curadora do Fórum de Educação, que vai oferecer programação exclusiva
e gratuita para professores durante a 19ª Bienal Internacional do Livro do Rio
de Janeiro, que começa no próximo dia 30, Carolina afirmou à Agência
Brasil que a formação de leitores é um dos maiores desafios do nosso
tempo, dominado pela tecnologia. "Um mundo em metamorfose”, reforçou.
Para ela, o destaque entre as estratégias de que educadores podem lançar
mão para formar leitores neste novo tempo e que exige transformação também da
leitura é a chamada leitura elástica – abordagem lúdica em
que se pode misturar livros com outras plataformas. “Eu acredito que isso se dá
através da leitura e da ludicidade, ou seja, do livro, dos jogos, do cinema, do
Nintendo, do Minecraft. A gente vai misturando. É uma educação remix.
Através da mistura de plataformas e linguagens, a gente vai conseguir dialogar
com as crianças”, destacou a pedagoga. “A leitura também precisa de
metamorfose”, defendeu.
As leituras elásticas chegam para atender a uma demanda de uma nova
geração. Para a pedagoga, a educação, hoje, consiste na convergência de
diversas plataformas.
Segundo Carolina Sanches, os professores e educadores são imigrantes
digitais, enquanto os alunos são nativos digitais. “E nós queremos que eles
sejam formados leitores da mesma maneira que nós fomos. Não vai dar. São novos
tempos. É preciso desapegar de um tipo de formação leitora e migrar para
outro.”
Virada - A pedagoga afirmou que existe atualmente uma virada enorme de
entendimento de formação leitora. “Claro que existe a formação do leitor
literário mas, para chegar na literatura, a gente vai precisar de outras
estratégias. Se antigamente o DNA da educação era ensinar, hoje o DNA evoluiu”.
Lembrando Luciano Meira, especialista em educação aplicada por meio de games,
que também participará do Fórum de Educação, Carolina citou que o novo DNA da
educação precisa de diversão, desafio e diálogo de narrativas e aventuras.
“Significa que a nossa leitura estica como nas demais plataformas. Assim, com
leituras não lineares, a gente vai conseguir avançar na formação leitora”.
Para conseguir que também os adultos adquiram o hábito da leitura nessa
época atual de muita desatenção, em que as pessoas não ficam uma hora e meia
hora sem consultar o WhatsApp dentro de locais fechados como cinemas e teatros,
inclusive, Carolina Sanches defendeu que a estratégia é trabalhar com
narrativas que tenham ligação com uma série de televisão ou com um filme, por
exemplo. “Isso facilita que a pessoa consiga mergulhar ali [no livro]”. Ela
acredita que isso se aplica tanto a crianças como a adultos. “É uma coisa do
nosso tempo”.
Inovação - A pedagoga assegurou que a tecnologia não é inimiga do livro, porque o
livro também é uma plataforma. “A gente não pode lutar contra isso. A gente só
precisa entender que quando fala em inovação não é só na tecnologia. A inovação
está na maneira de fazer e de pensar diferente”. Ela destaca sempre nos
encontros com educadores a importância dos jogos junto com a leitura, de jogos
de tabuleiro com a narratividade de um livro. Ela acredita que assim pode-se
penetrar em várias camadas de leitura e formar o que chama de leitores
contemporâneos.
Na avaliação de Carolina Sanches, os professores estão receptivos ao
conceito das leituras elásticas e pedem por isso. “Os professores querem fazer
essa mudança de paradigma. E mais que cobrar dos professores, a gente precisa
ajudá-los nessa transição do tempo, nessa metamorfose”. Salientou que
aprendizagem só se dá com prazer. Por isso, afirmou que o caminho da leitura e
da ludicidade passa pelo prazer. “Um dia, a gente vai ter um Brasil
leitor”, disse.
O Fórum da Educação está marcado para os dias 2 e 3 de setembro,
dentro da Bienal Rio, no Riocentro, na Barra da Tijuca, zona oeste da capital
fluminense. A programação de palestras traz, além de Carolina Sanches, nomes
como o professor português José Pacheco e Ana Mae Barbosa, que incluiu as aulas
de artes nas escolas brasileiras. (Ag. Brasil)
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