As quedas são um motivo de preocupação permanente na vida dos idosos. Metade das pessoas com mais de oitenta anos sofrem quedas, e mais da metade das que caem costumam repetir a queda em até um ano. Uma estatística de 1998, do Ministério da Saúde, apontou que a taxa de óbito de idosos, com 80 anos ou mais, em decorrência das quedas é em torno de 15%, sendo uma das maiores causas externas de mortalidade nessa faixa etária.
Várias são as causas mencionadas para o aumento do risco de quedas com o passar do tempo. Em torno dos 30 anos de vida o cálcio deixa de ser reposto no organismo de maneira uniforme, fazendo com que alguns locais da nossa massa óssea se tornem mais frágeis, podendo comprometer o nosso equilíbrio.
Alterações sensoriais nas idades mais avançadas, que atingem a visão e a audição podem também comprometer a nossa postura e equilíbrio. Fraqueza muscular e doenças degenerativas podem somar-se aos fatores mencionados anteriormente. A lista de fatores relacionados a modificações do corpo humano, decorrentes da idade avançada, e que podem facilitar a perda do equilíbrio corpóreo é longa, e uma correlação objetiva entre todos esses fatores e o risco de quedas, ainda não está disponível.
Os cuidados necessários para os idosos minimizarem os riscos de quedas envolvem atenção à série de fatores mencionados, mais especificamente naqueles onde for observada debilidade em uma situação particular. Por exemplo, a perda acelerada de visão ou a manifestação de uma doença grave como a osteoporose, requerem ação imediata e pronto tratamento.
Fatores ambientais e modernos recursos tecnológicos podem auxiliar na minimização do risco de quedas e agir prontamente na ocorrência delas. Dentre esses fatores ambientais podemos citar os externos abrangendo o perímetro de uma cidade, por exemplo, e os internos circunscritos à casa do idoso. Sistemas de monitoramento eletrônicos hoje disponíveis podem emitir sinais de alerta no caso de quedas de idosos que vivem sozinhos, e facilitar o resgate e tratamento em tempo mínimo.
Ruas e calçadas uniformes, iluminação pública adequada, escadas bem projetadas, disponibilidade de tapetes antiderrapantes nos prédios, sinais de trânsito com um período maior nas cores verde e vermelho, ônibus com sistemas de amortecimento para evitar paradas bruscas, motoristas de coletivos mais pacientes e orientados a respeitar as dificuldades enfrentadas pelos passageiros de idade avançada, são algumas facilidades que todas as cidades poderiam ou deveriam oferecer aos seus cidadãos idosos.
Os estudos nos mostram que a maioria das quedas de idosos ocorrem dentro de casa, principalmente no banheiro, no quarto de dormir e na cozinha. Degraus dentro da casa de um idoso deveriam ser mesmo proibidos. Pesquisas já divulgaram que 10% das quedas dentro de casa acontecem em escadas, especialmente na descida, sendo o primeiro e o último degrau os considerados mais perigosos.
Dentro do lar o idoso deve se sentir protegido e livre de armadilhas arquitetônicas ou decorativas. Começando com uma boa iluminação, os cuidados devem ser estendidos aos pisos, móveis, escadas, cozinhas e banheiros. Os pisos devem ser antiderrapantes, se existirem tapetes eles devem ser fixados no chão. Os sofás devem facilitar os movimentos de sentar e levantar. Os móveis não devem ser em excesso, para não dificultarem a locomoção, o chão não deve abrigar objetos soltos. Prateleiras, interruptores de energia, não devem estar em locais nem muito altos e nem muito baixos, para evitar movimentos bruscos de abaixar, levantar ou esticar. Os degraus, se possível, devem ser substituídos por rampas de inclinação leve. Nos banheiros devem ser colocados barras de apoio tanto no vaso sanitário, quanto no chuveiro.
O processo de envelhecimento por um certo aspecto pode ser caracterizado por uma série de perdas: de coordenação motora, de reflexos, força, destreza, etc., que afetam a maneira como o idoso realiza as suas tarefas diárias e aumentam o risco de quedas. Estas perdas podem e devem ser compensadas, com sucessivos ganhos em qualidade de vida, envolvendo atenção à saúde e ao ambiente onde vive o idoso.
Na medida em que nas sociedades modernas aumenta o número de pessoas com idade avançada, todos os envolvidos direta ou indiretamente com o idoso podem obter benefícios com o aumento da sua qualidade de vida. O Estado pode ver diminuído o seu gasto em prestar a assistência que agora os idosos possuem direito legal; segmentos da indústria e do comércio especializados em produtos e serviços para os idosos, podem projetar aumento nas suas receitas; e as famílias por saber que os idosos podem sim ser uma fonte permanente de orgulho e prazer e não de preocupações.
FONTES DE CONSULTA:
- O Estado de S. Paulo, 15/fev./2009. ("Tecnologia ajuda idosos em casa", p. A29).
- Valeparaibano, 21/dez./2008. ("Casa ou armadilha para idosos?", Valesaúde, p. 2).
- Anita L. Néri & Sueli A. Freire (Orgs.). E por falar em boa velhice. Campinas, SP: Papirus, 2003. 2ª ed.
- Maria J. Diogo, Anita L. Néri, Meire Cachione (Orgs.). Saúde e qualidade de vida na velhice. Campinas, SP: Alínea Editora, 2004.
- Assuero L. Saldanha & Célia P. Caldas (Orgs.) Saúde do idoso e arte de cuidar. RJ: Interciência, 2004. 2ª ed.
- Valeparaibano, 21/dez./2008. ("Casa ou armadilha para idosos?", Valesaúde, p. 2).
- Anita L. Néri & Sueli A. Freire (Orgs.). E por falar em boa velhice. Campinas, SP: Papirus, 2003. 2ª ed.
- Maria J. Diogo, Anita L. Néri, Meire Cachione (Orgs.). Saúde e qualidade de vida na velhice. Campinas, SP: Alínea Editora, 2004.
- Assuero L. Saldanha & Célia P. Caldas (Orgs.) Saúde do idoso e arte de cuidar. RJ: Interciência, 2004. 2ª ed.
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