O
novo rol é a base mínima de procedimentos que as operadoras terão de oferecer a
todos os usuários de plano. Entre as principais novidades está a cobertura de
41 tipos de cirurgias por videolaparoscopia (foto) - técnica mais moderna, menos
invasiva, que permite uma recuperação mais rápida do paciente - , substituindo
de vez as cirurgias tradicionais feitas por via aberta.
A
mais demandada foi a cirurgia de redução de estômago: a ANS recebeu um
documento com 2 mil assinaturas pedindo a inclusão desse procedimento na lista
das coberturas obrigatórias. Dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia
Bariátrica e Metabólica (SBCBM) apontam que em 2009 foram feitas 45 mil
cirurgias - 25% delas por meio do vídeo. Em 2010, das 60 mil operações, 35%
foram por vídeo.
Outras
técnicas. E
não é apenas a cirurgia bariátrica que será beneficiada no novo rol de
coberturas por vídeo. Cirurgias de intestino e do aparelho digestivo também
foram incluídas. Além disso, a ANS aumentou a cobertura de exames como o
PET-Scan, um dos mais modernos de diagnóstico por imagem. A partir deste
sábado, os planos terão de cobrir o PET-Scan para câncer de intestino, além de
linfoma e câncer de pulmão.
A
ANS também alterou o número de consultas com nutricionistas, tornando
ilimitado, por exemplo, o número de consultas para diabéticos que usam
insulina. O novo rol também contempla sessões de oxigenoterapia para tratar pé
diabético. E incluiu o implante bicoclear para pessoas com deficiências
auditivas.
Outra
novidade é a obrigatoriedade dos planos de pagar terapias imunológicas para
pacientes com doenças reumatológicas. São terapias mais modernas, seguras, que
causam menos efeitos colaterais e estancam o avanço da doença. Trata-se de um
tratamento de alto custo que não é coberto pelo SUS.
Segundo Karla Coelho, gerente de
atenção à saúde da ANS, a inclusão dos novos procedimentos ocorreu depois de
uma série de reuniões com especialistas das áreas, operadoras de planos,
prestadores de serviço e órgãos de defesa do consumidor.
A
agência lançou uma consulta pública no site e recebeu cerca de 8 mil demandas e
sugestões que foram analisadas pelo grupo técnico. "Cerca de 70% das
sugestões vinham de usuários que solicitavam a inclusão de novos
procedimentos", diz Karla.
Impacto. Karla diz que antes de incluir
novas coberturas obrigatórias, a ANS fez uma análise de disponibilidade de
rede, como hospitais, clínicas e laboratórios, para avaliar se os planos teriam
condições de arcar com os novos atendimentos e qual o impacto disso nas
mensalidades. "A gente fez uma avaliação de todo o custo e vamos
acompanhar o impacto da medida nas mensalidades. Na última revisão, publicada
em 2010, o impacto foi perto de zero. A cirurgia por vídeo pode ser um pouco
mais cara, mas ela reduz tempo de internação", diz.
Para
entidades de pacientes com câncer, um dos pontos negativos foi a não inclusão
das quimioterapias orais, que possibilitam o tratamento contra o câncer em casa
e com menos efeitos colaterais. Para as entidades, essa quimioterapia é mais
eficaz e reduz a ocupação de leitos.
Os
transplantes também ficaram de fora da nova cobertura e devem ser analisados
para a próxima atualização, que deve ser publicada dentro de dois anos. "Muitas
demandas ainda ficaram de fora, mas automaticamente elas já estão na lista das
novas propostas para a próxima atualização", diz Karla.
Problemas. Para Joana Cruz, advogada do
Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), um dos riscos da nova
cobertura é as operadoras alegarem não terem profissionais ou a tecnologia
disponível em determinado município. Outro será fazer um reajuste abusivo. "A
regra exige que a operadora providencie o atendimento e o transporte para a
cidade mais próxima. Mas, num primeiro momento, eles podem negar e isso
caracteriza descumprimento de obrigação. O cliente precisa denunciar",
orienta. Em caso de negativa de cobertura, o beneficiário do plano de saúde
deve entrar em contato com a ANS pelo telefone 0800-7019656 e registrar a
queixa. Também pode procurar um núcleo da agência para fazer a reclamação
pessoalmente.
A
FenaSaúde (Federação Nacional de Saúde Suplementar), que representa 15dentre os
maiores grupos de operadoras de saúde, informou por meio de nota que, "uma
vez aprovada a inclusão de novos procedimentos no rol da ANS, a legislação será
rigorosamente cumprida". Para a Associação Brasileira de Medicina de Grupo
(Abramge), as novas obrigatoriedades poderão causar a falência das operadoras
de pequeno porte. (Ag. Estado)

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