O custo de vida do
Brasil superou o dos Estados Unidos em 2011, quando medido em dólares, segundo
dados do Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre o PIB dos 187
países-membros. Este fato é extremamente anormal para um país emergente. Em uma
lista do FMI de 150 países em desenvolvimento, o Brasil é praticamente o único
cujo custo de vida supera o americano em 2011, o que significa dizer que é o
mais caro em dólares de todo o mundo emergente.
Na verdade, há outros
quatro casos semelhantes, mas referentes a São Vicente e Granadinas, um
arquipélago minúsculo; Zimbábue, país cheio de distorções, onde a hiperinflação
acabou com a moeda nacional; e Emirados Árabes Unidos e Kuwait, de população
muito pequena, gigantesca produção de petróleo e renda per capita de país rico.
Considerando
economias diversificadas como o Brasil, contam-se nos dedos, desde 1980, os
episódios em que qualquer um de mais de cem países emergentes apresentasse, em
qualquer ano, um custo de vida (convertido para dólares) superior ao dos
Estados Unidos. Há uma explicação
para isso. O preço da maioria dos produtos industriais tende a convergir nos
diferentes países, descontadas as tarifas de importação. Isso ocorre porque
eles podem ser negociados no mercado internacional, e, caso estejam caros
demais em um país, há a possibilidade de importar. Mas a maioria dos serviços,
de corte de cabelo a educação e saúde, não fazem parte do comércio exterior.
Assim, eles divergem muito em preço entre os países.
Em nações ricas, com
salários altos, os serviços geralmente são muito mais caros do que nos
emergentes. Isso se explica tanto pelo fato de que a renda maior tende a puxá-los
para cima, como pelo fato de que a mão de obra empregada no setor de serviços
recebe muito mais e representa um custo maior. Dessa forma, é principalmente o
setor de serviços que faz com que o custo de vida seja mais alto no mundo
avançado. Na comparação com os Estados Unidos, os países emergentes são quase
sempre mais baratos.
É por isso que
espanta que o Brasil apareça como mais caro do que os EUA nas tabelas de
projeções do PIB de 2011 do FMI. "Essa inversão mostra que as coisas estão
fora do padrão, porque a taxa de câmbio está completamente fora do padrão
histórico, com uma valorização gigantesca nos últimos anos", diz o
economista Armando Castelar, do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da
Fundação Getúlio Vargas (FGV) no Rio.
O custo de vida
relativo dos países pode ser derivado da comparação entre as estimativas do FMI
para o PIB em dólares correntes e o PIB ajustado pela paridade de poder de
compra (PPP). Esse segundo método busca neutralizar - ao se fazer o cálculo do
PIB - a diversidade dos preços, convertidos para dólares, dos mesmos produtos
em diferentes países. (Estadão)

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