O Flamengo votará, a princípio no próximo dia 9, uma proposta de Eike Batista para arrendamento da sua sede no Morro da Viúva. Mas o pleito pode ser adiado. O iG teve
acesso à minuta do contrato que prevê, conforme antecipado no dia 28 de
dezembro, o
pagamento de R$ 270 mil mensais ou 2,63% do faturamento bruto do hotel a ser construído no local, com 454 quartos, por um
período de 50 anos. O documento revela a previsão de investimento da empresa de
Eike, a Rex, do grupo EBX, de R$ 100 milhões para um hotel que preencha os
requisitos da categoria quatro estrelas. Porém, há receio entre os conselheiros.
Apesar dos números e do presidente do Conselho Fiscal, Leonardo Ribeiro, ter se mostrado
inclinado a dar parecer favorável ao contrato na última semana, o iG apurou
com alguns membros do órgão que o novo parecer, bem como o divulgado em
setembro, deverá exigir mais uma vez alterações no documento. Alguns pontos são
vistos como armadilhas, como o prazo de seis meses para que o Flamengo negocie
a saída dos moradores do local, considerado curto.
Diante das contestações internas, já circula em corrente de e-mails de conselheiros um documento colhendo assinaturas para solicitar o adiamento da votação prevista para o dia 9.
Diante das contestações internas, já circula em corrente de e-mails de conselheiros um documento colhendo assinaturas para solicitar o adiamento da votação prevista para o dia 9.
Foto: Vicente Seda
O contrato diz que o Flamengo, e não a Rex, será responsável por desembaraçar a
retirada dos moradores atuais em seis meses, prazo que pode ser prorrogado, ou
não, a critério da locatária por um período máximo de 18 meses. O principal
entrave, já citado no contrato, é uma ação por usucapião que pesa sobre o
imóvel que, segundo a minuta, hoje tem cerca de um terço dos seus 148
apartamentos (de aproximadamente 140 metros quadrados cada) ocupados. O
processo na 15ª Vara Cível (número 2009.001.2345.94-1) é movido por Geílson de
Souza Cunha, habitante de imóvel que já teria abrigado o ex-jogador do clube
Fábio Baiano.
A empresa de Eike fará
adiantamento de R$ 2 milhões para que o clube negocie a saída dos inquilinos.
Porém, caso o Flamengo não tenha sucesso e a empresa resolva não prorrogar o
prazo, o clube tem de devolver o montante sem atraso. Do contrário, a multa é
pesada. O valor teria de ser devolvido com multa de 10%, juros moratórios de 1%
ao mês e honorários advocatícios “desde já estipulados” em 10% do valor a ser
executado.
A dívida de IPTU, que segundo
Ribeiro já atinge a casa dos R$ 18 milhões, seria anistiada pela Prefeitura do
Rio (Lei Municipal 5.230, de 25/11/2010). Os débitos referentes a 2011 seriam
pagos pela Rex, com os valores sendo descontados dos pagamentos a serem feitos ao
clube. Caso a empresa não conclua a obra no prazo previsto por lei para receber
a anistia, ficará encarregada de quitar os débitos tributários. Se a obra
atrasar por mais de 180 dias sem um dos motivos especificados em contrato, a
Rex terá de pagar ao Flamengo o rendimento proporcional do período.
Além desses valores, também está
previsto em contrato (cláusula 5.3.1) o pagamento de R$ 17.630.000 a título de
“aluguel determinado”, o que seria equivalente a luvas pelo período das obras e
pela renovação automática. De acordo com o documento, o clube receberia R$
3.126.000 de adiantamento de aluguel, a serem pagos em até 60 dias a contar da
assinatura do contrato; R$ 2.000.000 para obtenção das condições suspensivas
(liberação do imóvel e negociação com moradores atuais) e R$ 12.504.000 no
prazo de 10 dias após o implemento de todas as condições suspensivas previstas
(obtenção de certidões, aprovação do projeto, liberação do imóvel, etc...).
Também está previsto o pagamento de mais R$ 5.000.000 se confirmada a renovação
do compromisso por outros 25 anos, além dos 25 iniciais.
A reportagem do iG esteve no prédio na Rua Rui Barbosa,
170, mas o contato com moradores foi proibido pelos funcionários que
trabalhavam no local. Consultado, o vice de patrimônio do Flamengo, Alexandre
Wrobel, negou que houvesse qualquer orientação neste sentido, bem como a
empresa que administra o imóvel. No entanto, mesmo do lado de fora não há
dificuldade para observar o estado de conservação do edifício de 18 andares,
bastante deteriorado. (Fonte: IG)


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