Baiá
Quando o assunto em voga é a Coluna da Hora de Sobral, principalmente
tratando-se da original, um nome é obrigatoriamente mencionado: o do
comerciante Baiá. Durante muitos anos ele ocupou o quadrículo situado no térreo
da Praça com seu comércio de comidas e bebidas, tornando-se figura das mais
conhecidas na região.
José Maria Mendes Sousa nasceu em Sobral no dia 16 de novembro de 1934.
Eram seus pais Manoel Amarildo Sousa e Maria José Mendes Sousa. Ainda criança
ganhou o apelido familiar de Baiá, que arrastou por toda a vida.
Desde a juventude já atuava no comércio, tendo trabalhado em vários
estabelecimentos na cidade, dentre eles, numa sapataria e, por muitos anos, no
Palace Club. Nesse último, ao lado do seu irmão, Itamar Mendes, que era
arrendatário do bar daquele importante local de entretenimento da sociedade
sobralense.
Amante dos esportes, quando mais novo Baiá chegou a ser juiz de futebol,
e era um eterno apaixonado pelo Guarany Sporting Club.
Por volta de 1958 deixou de ser empregado e instalou seu próprio bar no
centro da Praça Dr. José Sabóia (Coluna da Hora). Lá passou a oferecer a sua enorme
clientela saborosas merendas e aperitivos diversos. Fizeram sucesso o pão
cheio, caldo, cachorro-quente, pastel, caldo de cana, além dos tira-gostos
variados e exóticos.
Com um tratamento que agradava a todos, indistintamente, e com muito
bom humor, Baiá foi testemunha ocular e protagonista de muitas histórias. Quase
todas se passaram naquela artéria de Sobral e se perpetuaram, passando a fazer
parte do folclore regional. Seu comércio se tornou tão popular na zona norte
que se transformou no mais conhecido ponto de encontro de amigos para um simples
bate-papo, para a discussão sobre política, religião, futebol, corrida de
cavalo, fatos da vida alheia... Tudo isso sempre regado a um bom aperitivo.
José Maria Mendes de Sousa (Baiá) era casado com dona Tereza Ferreira
Sousa, com quem teve oito filhos: Assis, Carmita, Manuel, Maria José (Teté), Verônica,
José Maria Mendes Sousa Jr. (o famoso “Didi do Rádio”), Kelma e Sávio. Dona
Terezinha faleceu em 29 de agosto de 2006, depois lutar anos contra a doença de
Alzheimer.
Na década de 1970, na gestão do prefeito José Parente, veio a demolição
da praça e a reconstrução de outra no mesmo local. Mas o novo modelo da praça
não reservou espaço para o Bar do Baiá para tristeza de muita gente. Daquele
local, Baiá se transferiu para o térreo do antigo prédio (na mesma praça) onde
a Rádio Educadora começou suas atividades e onde, depois, se instalou a
Academia Sobralense de Estudos e Letras. E lá o conhecido comerciante continuou
desenvolvendo seu trabalho.
Mas na madrugada de 26 de dezembro de 1989, ainda sob o clima de
comemorações natalinas, José Maria Mendes de Sousa (Baiá) faleceu aos 54 anos,
em decorrência de problemas cardíacos. Sem dúvida, naquele dia Baiá entrou
definitivamente para a história como a figura que mais se identificava com a
história da antiga Praça da Coluna da Hora.
Depois de alguns anos, mesmo sob a direção da esposa e dos filhos, o
bar continuou funcionando. Foi, aos poucos, entrando em declínio. E aquele
estabelecimento que outra congregara milhares de sobralenses durante anos e
anos terminou fechando suas portas de vez.
A nova Coluna tem embelezado
muito o centro de Sobral, apesar de seu relógio apresentar constantes defeitos.
Boas recordações ela tem suscitado naqueles que viveram os bons tempos da velha
praça. Mas a saudade bate mais fortemente naqueles que buscavam o bar do
Baiá para jogar conversa fora, forrar o bucho ou molhar a goela com “algo” que
passarinho não bebe.
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