GARI(MPANDO)
Revirando papéis antigos e gari(mpando)
em meus arquivos deparei-me com um poema de Carlos Drummond de Andrade
(1902-1987), intitulado “Conversa com o lixeiro”. Nele, o poeta mineiro
pede mais paciência ao gari não fazer
greve, justificando que esse trabalhador “é essencial à segurança nacional e, por que não, à segurança
multinacional”.
Quinta-feira, 16: Entrega do Troféu Gari Nota 10, na Câmara de Vereadores de Sobral
- Promoção radialista Edival Filho -
Estimulado pela poesia
e como na quinta-feira, 16, foi dia de homenagear
esses indispensáveis limpadores da Nação, resolvi republicar algo que escrevi
há algum tempo. Mas o estímulo maior foi a humilhante situação de um gari que
me pediu uma “ajudinha’’ porque o pagamento do seu salário estava atrasado.
O nome (gari) é uma homenagem ao
empresário francês Pedro Aleixo Gary, que assinou contrato em 11.10.1876 com o
Ministério Imperial para organizar o serviço de limpeza da cidade do Rio de
Janeiro (RJ). O serviço incluía remoção de lixo das casas e praias e posterior
transporte para a Ilha de Sapucaia, onde hoje fica o bairro Caju. Quando alguém
precisava do serviço, chamava a “turma do Gari”. A data (16 de maio) foi
instituída por uma lei em 31.10.1962.
No sudeste e sul do Brasil, as mulheres
que trabalham na limpeza pública são chamadas Margaridas. Essa denominação
surgiu na década de 1970, no Rio de Janeiro, tendo como referência a cor
branca, que é sinônimo de limpeza, e a flor, que representa a mulher. Margarida
foi considerada a palavra mais adequada, inclusive porque nela está contida a
palavra gari. Em Portugal esses trabalhadores são chamados ALMEIDA.
Lamentavelmente, apesar de serem
profissionais responsáveis por deixar as cidades mais limpas, pouca gente os
enxerga e os reconhece escondidos naquela farda. É a perversa invisibilidade
social. E nem pensar que no 16 de outubro eles têm o direito legal de folgar,
como ocorre a outros profissionais nas suas respectivas datas comemorativas!
Mesmo assim, eles estão nas ruas, e
sempre sorridentes, protagonizando aquela cena que só não provoca risos em quem
tem espírito humanitário e bom senso. Em quem entende que, como todo bom
profissional, gari também tem dignidade, educação e responsabilidade.
Mas continua sendo deprimente e
revoltante vê-los correndo atrás do caminhão que recolhe o “lixo da sociedade”,
muitas vezes achincalhados, como ocorre nas ruas de Sobral e nas demais cidades
do país. Muitos sem idade e sem condições físicas para enfrentar a maratona;
alguns desprotegidos de equipamentos de segurança de trabalho (luvas, máscaras
etc.) e, para variar, muitas vezes com salários atrasados por conta de uma
maléfica terceirização. Repito: Quase sempre com a saúde
desprotegida. Se alguns não utilizam EPI (Equipamentos de Proteção Individual)
culpe-se a empresa terceirizada. E a prefeitura local também por não
fiscalizá-la. É lamentável!
Aproveito para felicitar a iniciativa
de Edval Filho pela homenagem que anualmente presta a esses bravos
trabalhadores em sua data. À prefeitura de Sobral, mesmo que venha colaborando
com o radialista na promoção da festa, deixo meu lamento por ela não dispensar
melhor tratamento aos garis (boa remuneração, assinatura da CPS, pagamento em
dia, mais cuidados com a saúde desses trabalhadores, mais fiscalização de quem
terceirizou o serviço de limpeza...). Que o gestor sobralense e a sociedade
aprendam com Drummond a reconhecer e a dar mais valor ao lixeiro.
Finalizando, pergunto: ATÉ
QUANDO ESSES TRABALHADORES CONTINUARÃO RECOLHENDO O “LIXO DA SOCIEDADE” E
SENDO, POR PARTE DELA, TAMBÉM CONSIDERADOS LIXO?
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Homens invisíveis
Os garis sobralenses são vítimas da
invisibilidade social; a população, da invisibilidade física dos polícias. Os
primeiros trabalham para limpar diariamente nossas ruas e praças. Os outros,
infelizmente, são responsáveis por elas continuarem sempre limpas. Mas da
presença física e permanente deles. A ausência de policiais, sim, é bem
visível.
Tá na jura
Um amigo estava
horrorizado e dizendo-se contrário à iniciativa da ONU em incentivar
o aumento da produção de alguns “insetos”, bem como seu consumo pela população,
a fim de combater a fome no mundo. Ele já esqueceu ter jurado que prato gostoso
é tanajura torrada. Abunda a falta de memória desse cidadão.
Torcedor Sangue Bom
Muito oportuna a adesão de Sobral à
campanha “Torcedor Sangue Bom”, do Ministério da Saúde, junto àqueles que vão
aos estádios. Que os moradores dos municípios que não têm praças de esportes,
nem times para deles se tornarem torcedor também doem seu sangue. É bom.
Continuo insistindo que uma campanha
junto aos mototaxistas certamente trará bons resultados. Por quê? 1º) É grande
a quantidade desses profissionais na cidade; 2º) Eles são mais vulneráveis a
sofrer acidentes (e a necessitar de sangue) que quem não usa o mesmo veículo;
Têm a vantagem de se tornarem incentivadores da doação por contatarem
diariamente com muitas pessoas. Pensem nisso!
Pisaria...
O pedestre até que
pisaria livremente em algumas calçadas de Sobral... Mas só quando também for
exigido dos donos de pizzarias o fiel cumprimento da lei dos espaços urbanos. E
com o mesmo rigor com que a prefeitura cobra dos comerciantes do mercado público.
Como isso não acontece, prevalece a regra: dois pesos, duas medidas. E a
discussão desse abuso continua terminando sempre em pizza. Até quando?
Pérolas do Rádio
“Vinte cliente em quatro fila já espera
desde 10 hora e 20 minuto e quatro caixa não consegue atender”. Assim um colega
reclamava do atendimento bancário em Sobral. Notando a aversão do locutor ao
uso do plural, um ouvinte irônico e zeloso pelo vernáculo disparou: “Taí um
radialista singular”. E eu advirto: Também não é para sair plagiando o saudoso Mussum,
dos Trapalhões, empurrando “s” em tudo que aparece pela frente, não.
Domingo na Educadora (www.radioeducadora950.com.br)
Até amanhã (10h), no Programa Artemísio
da Costa na Educadora AM 950. Notícias, reportagens, curiosidades, música de
qualidade e entrevista. Participe: 3611-1550 //3611-2496.
LEIA,
CRITIQUE E SUGIRA:
www.artemisiodacosta.blogspot.com
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