Noé Gadelha Ibiapina
Sendo o caçula e tendo ficado órfão de pai ainda criança, recebeu todos
os cuidados da mãe e dos irmãos, que se sucediam no comando da família, tão
logo o mais velho tomasse seu rumo na vida. Diante das dificuldades
encontradas, das mudanças de residência, inclusive para Fortaleza, o menino Noé
só conseguiu terminar o antigo Curso Primário, mas foi um excelente aluno na
escola da vida. Nunca quis casar e sempre dedicou atenção especial a seus
familiares e amigos, ao trabalho e ao futebol.
Dentre as inúmeras amizades que cultivou, destaque especial para
Cleiton Medeiros, que guarda boas recordações de Noé. “Quando aqui aportei em
dezembro de 1966, trazido pelos vendavais da vida, encontrei pessoas de beleza
interior extraordinária. Dentre tantas, uns parentes que não os conhecia. Foi o
caso da família Gersina Ibiapina e Silva, viúva, mãe de uma plêiade de filhos
de invulgar caráter, corações sempre dispostos a servir, com destaque para o
caçula que à época tinha 17 anos”, lembra Cleiton
Segundo ele, desde criança Noé já era adepto do esporte. Adulto, como
atleta era possuidor de uma personalidade marcante; sabia impor-se e era
determinado. “Em muitas ocasiões recebia o apelido de Noé Bocão pela forma como
falava em campo e na quadra, sempre tentando ajustar a defesa, o meio-campo e o
ataque. Tinha grande zelo pela instituição familiar, principalmente por sua mãe
e irmãos. Também tinha especial afeição pelo sobrinho Sebastião Gadelha da
Silva Neto, a quem declarou como seu dependente perante a Previdência Social”,
diz o amigo.
Como desportista, Noé era daqueles que não se limitava apenas em
mostrar suas aptidões num campo de futebol ou numa quadra de esportes. Seu dinamismo
e sua irreverência sempre ultrapassavam as linhas demarcadoras da praça de
esporte. Atuou em vários times de futebol de campo de Sobral, dentre eles,
Volante Futebol Clube, Ceará-Mirim, Ferroviário Atlético Clube e Náutico
Futebol Clube. No futebol de salão jogou pelo Areso, Curtmasa, Sorauto e
Palmeiras. Ajudou a fundar a Sociedade Esportiva Uberlândia, onde exercia as
funções de diretor e atleta. Também brilhou no Esplanada Futebol Clube, tendo
sido funcionário dos Armazéns Esplanada no período de 1971 a 1978. De lá saiu
para se tornar motorista profissional de caminhão, profissão que exerceu até o
final da vida.
Nesse ofício, Noé Gadelha chegou a ser taxista, mas optou pelas
estradas. Em seus últimos dias trabalhava para o Sr. Chico Félix, transportando
mercadorias do Ceará para outros estados. Seus familiares contam que Noé e o
outro motorista do caminhão estavam incumbidos de levar uma carga de cerveja
Brahma para Imperatriz (MA). Depois de dirigir muitas horas ininterruptas, depois
de uma rápida parada para merendar, Noé foi aconselhado pelo patrão a passar o
volante ao seu companheiro para descansar e dormir na própria cabine do
motorista (boleia).
Assim ele fez. Era o dia 28 de setembro de 1981. Mas depois de rodarem poucos
quilômetros, na cidade de Buriticupu (MA), nas proximidades de Imperatriz (MA),
um grave acidente (virada) tirou a vida de Noé Gadelha, aos 31 anos de idade,
provavelmente dormindo.
Na opinião de familiares e amigos, Noé morreu fazendo o que mais
gostava depois do esporte: dirigindo o seu carga pesada nas estradas do Brasil.
Seu corpo foi trasladado para Sobral, sendo sepultado no cemitério São José, onde
também estão os restos mortais de sua mãe, alguns irmãos e outros familiares.
Na foto acima, o Náutico Futebol Clube, da década de 1970, depois da vitória
(2 X 1) sobre a equipe do Estrela de Olho d´Água (hoje, Rafael Arruda). A partida
foi realizada naquele distrito sobralense e os dois gols foram marcados por
Moisés Gadelha. Em pé, da esquerda para a direita: Chico Sabóia, Olavo, Rui
Silva, Difulga, Pepe, Airton. Agachados, na mesma ordem: Hortêncio (Treinador
do Estrela), Cleiton Medeiros, Edmilson, Moisés, Leopoldo e Noé.
CURIOSIDADE:
Neste time jogavam cinco irmãos da família Gadelha: Olavo, Edmilson, Moisés,
Leopoldo e Noé.
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