sexta-feira, 28 de junho de 2013

Cantinho da Saudade - Por Thiago Alves - thiagoalvesobral@hotmail.com (Do Jornal Correio da Semana - 29.06.13)

Noé Gadelha Ibiapina
 Quem acompanhou o futebol sobralense nas décadas de 1970 e 1980, quer nas quadras, quer nos campos, deve ter-se maravilhado com as inesquecíveis jogadas desse jogador pequeno, franzino, mas raçudo, valente e, acima de tudo, craque. Noé Gadelha nasceu em Sobral (CE) no dia 24 de dezembro de 1949, sendo seus pais Sebastião Gadelha e Silva e Gersina Ibiapina e Silva.

Sendo o caçula e tendo ficado órfão de pai ainda criança, recebeu todos os cuidados da mãe e dos irmãos, que se sucediam no comando da família, tão logo o mais velho tomasse seu rumo na vida. Diante das dificuldades encontradas, das mudanças de residência, inclusive para Fortaleza, o menino Noé só conseguiu terminar o antigo Curso Primário, mas foi um excelente aluno na escola da vida. Nunca quis casar e sempre dedicou atenção especial a seus familiares e amigos, ao trabalho e ao futebol.

Dentre as inúmeras amizades que cultivou, destaque especial para Cleiton Medeiros, que guarda boas recordações de Noé. “Quando aqui aportei em dezembro de 1966, trazido pelos vendavais da vida, encontrei pessoas de beleza interior extraordinária. Dentre tantas, uns parentes que não os conhecia. Foi o caso da família Gersina Ibiapina e Silva, viúva, mãe de uma plêiade de filhos de invulgar caráter, corações sempre dispostos a servir, com destaque para o caçula que à época tinha 17 anos”, lembra Cleiton

Segundo ele, desde criança Noé já era adepto do esporte. Adulto, como atleta era possuidor de uma personalidade marcante; sabia impor-se e era determinado. “Em muitas ocasiões recebia o apelido de Noé Bocão pela forma como falava em campo e na quadra, sempre tentando ajustar a defesa, o meio-campo e o ataque. Tinha grande zelo pela instituição familiar, principalmente por sua mãe e irmãos. Também tinha especial afeição pelo sobrinho Sebastião Gadelha da Silva Neto, a quem declarou como seu dependente perante a Previdência Social”, diz o amigo.

Como desportista, Noé era daqueles que não se limitava apenas em mostrar suas aptidões num campo de futebol ou numa quadra de esportes. Seu dinamismo e sua irreverência sempre ultrapassavam as linhas demarcadoras da praça de esporte. Atuou em vários times de futebol de campo de Sobral, dentre eles, Volante Futebol Clube, Ceará-Mirim, Ferroviário Atlético Clube e Náutico Futebol Clube. No futebol de salão jogou pelo Areso, Curtmasa, Sorauto e Palmeiras. Ajudou a fundar a Sociedade Esportiva Uberlândia, onde exercia as funções de diretor e atleta. Também brilhou no Esplanada Futebol Clube, tendo sido funcionário dos Armazéns Esplanada no período de 1971 a 1978. De lá saiu para se tornar motorista profissional de caminhão, profissão que exerceu até o final da vida.

Nesse ofício, Noé Gadelha chegou a ser taxista, mas optou pelas estradas. Em seus últimos dias trabalhava para o Sr. Chico Félix, transportando mercadorias do Ceará para outros estados. Seus familiares contam que Noé e o outro motorista do caminhão estavam incumbidos de levar uma carga de cerveja Brahma para Imperatriz (MA). Depois de dirigir muitas horas ininterruptas, depois de uma rápida parada para merendar, Noé foi aconselhado pelo patrão a passar o volante ao seu companheiro para descansar e dormir na própria cabine do motorista (boleia).

Assim ele fez. Era o dia 28 de setembro de 1981. Mas depois de rodarem poucos quilômetros, na cidade de Buriticupu (MA), nas proximidades de Imperatriz (MA), um grave acidente (virada) tirou a vida de Noé Gadelha, aos 31 anos de idade, provavelmente dormindo.

Na opinião de familiares e amigos, Noé morreu fazendo o que mais gostava depois do esporte: dirigindo o seu carga pesada nas estradas do Brasil. Seu corpo foi trasladado para Sobral, sendo sepultado no cemitério São José, onde também estão os restos mortais de sua mãe, alguns irmãos e outros familiares.
Na foto acima, o Náutico Futebol Clube, da década de 1970, depois da vitória (2 X 1) sobre a equipe do Estrela de Olho d´Água (hoje, Rafael Arruda). A partida foi realizada naquele distrito sobralense e os dois gols foram marcados por Moisés Gadelha. Em pé, da esquerda para a direita: Chico Sabóia, Olavo, Rui Silva, Difulga, Pepe, Airton. Agachados, na mesma ordem: Hortêncio (Treinador do Estrela), Cleiton Medeiros, Edmilson, Moisés, Leopoldo e Noé. 
CURIOSIDADE: Neste time jogavam cinco irmãos da família Gadelha: Olavo, Edmilson, Moisés, Leopoldo e Noé.

Nenhum comentário:

Postar um comentário