GONZAGA
BÔTO
Se vivo estivesse, Luiz Gonzaga Bôto
estaria recebendo neste domingo (15) manifestações de carinho dos familiares e
cumprimento dos amigos pela passagem do seu 84º aniversário. Muitos
sobralenses, ou pessoas de outras localidades, que tiveram a oportunidade de
pertencer ao seu vasto círculo de amizade com ele aprenderam muitas lições de
vida.
Gonzaga Bôto, conhecido comerciante
sobralense, foi dedicado chefe de família e cidadão simples, de conduta exemplar,
prestativo, de comunicação alegre e agradável, que trabalhou praticamente a
vida inteira no Mercado Público local.
Filho de Francisco Xavier Bôto e
Albertina Muniz Farrapo, Luiz Gonzaga Bôto nasceu na localidade de Várzea
Redonda, distrito de Bonfim, Sobral (CE), em 15 de setembro de 1929. Lá
trabalhou muito com os pais na lavoura e no trato com o gado. Dessa forma,
pouco tempo lhe restou para estudar, não chegando a concluir o antigo Curso
Primário.
Em 19 de julho de 1949 casou-se com
Raquel Alves Bôto, filha de Maria Augusta Muniz Alves e Antonio Tibúrcio Alves.
Dessa união nasceram treze filhos, dos quais sete ainda sobrevivem.
Com o nascimento dos primeiros filhos,
Gonzaga começou a observar que no sertão não teria oportunidade de oferecer
boas escolas aos filhos que certamente ainda nasceriam. Notou também que no
interior não teria chance de dar a eles melhores condições de vida, saúde e
lazer. Resolveu, então, tentar ganhar a vida na cidade.
Mudou-se para Sobral e imediatamente
abraçou o comércio de cereais, instalando-se na parte externa do Mercado
Público. Dedicou ao seu pequeno barraco de madeira toda força produtiva e a
imensa vontade de progredir. Ao mesmo tempo, Gonzaga e a dinâmica e diligente
esposa Raquel esforçavam-se para incentivar os filhos na escola, na religião
católica e no caminho do bem. Por outro lado, não descuidavam de ensinar aos
filhos que cada um teria desde cedo de dar uma pequena colaboração nos afazeres
do lar. Lamentavelmente, pouquíssimos pais cuidam de repassar essa lição nos
dias atuais. Na maioria das vezes, a ausência disso explica a falta de
responsabilidade de muitos jovens na atualidade.
Carlito Jr. (neto),Gonzaga, Raquel e Luís Carlos (netos), em Altamira (PA)
Tudo seguia bem na vida do casal, que já
contava com sete filhos. Mas o ano de 1968 reservava terríveis provações.
Primeiro, foi o incêndio do barraco consumindo tudo o que a família possuía.
Com muito esforço, recomeçou no mesmo ramo e local, mas outra tragédia - a pior
de todas - estava por vir. Em 28 de
novembro de 1968 faleceu a companheira Raquel, deixando ainda filhos pequenos
por criar.
Com muita solidariedade e incentivo dos
familiares conseguiu reerguer e prosseguir, agora dividindo ainda mais as
tarefas domésticas com os filhos mais velhos. Anos depois, já estabilizado novamente,
conseguiu adquirir alguns pequenos imóveis. Também comprou algumas cabeças de
gado para engorda, cuja venda do leite e de animais se constituía em mais uma
fonte de renda. Mas, mais uma vez, em 1973 outro incêndio no Mercado Público de
Sobral transformou seu comércio em cinzas.
Mas como sertanejo bravo, enfrentou mais
essa derrota com muita valentia, repassando a seus descendentes e àqueles que o
conheciam a lição de que com a confiança em Deus, com a união da família e com
a força do trabalho tudo se pode superar. E assim foi feito. Em pouco tempo já
estava novamente com seu comércio funcionando.
Depois de anos na condição de viúvo, em
1979 Gonzaga Bôto casou-se novamente em 1973. Desta vez com Raimunda Madeira da
Silva (falecida), dela tendo-se separado depois de 17 anos de convivência.
Após aposentar-se, repassou o
comércio para os filhos, foi descansar um pouco, visitar parentes no Pará e,
regressando a Sobral, passou a viver na companhia de um dos filhos. Mesmo
assim, não deixava de colaborar no atendimento aos fregueses, no controle do
estoque ou em outras tarefas. Era irredutível numa questão: não queria
afastar-se definitivamente do Mercado, ao que denominava de seu segundo lar.
Esse grande apego de Gonzaga Bôto ao
principal centro de abastecimento de Sobral só foi interrompido quando uma
doença o obrigou a permanecer em casa, recebendo carinho e atenção de filhos,
netos e demais familiares. Mesmo depois de alguns meses tentando
recuperar-se o forte sertanejo foi vencido pela enfermidade. Faleceu no dia 15
de julho de 2010, às 5h da manhã, na Santa Casa de Misericórdia de Sobral.
Acha-se sepultado no cemitério São José desta cidade.
Dona Liberta, Socorro, Suyanne (bebê), Luís Carlos, Márcio, Chico Bôto, Gonzaga e Raimuninha.
Luiz Gonzaga Bôto é frequentemente
lembrado por quem o conheceu mais de perto. Sua alma continua recebendo oração
dos amigos, parentes, descendentes, principalmente dos filhos, que são, pela
ordem cronológica: Fransquinha, Francisco, José Carlito (residente em
Altamira-PA), Maria de Fátima (Fortaleza), Maria Augusta, Luís Carlos e
Reginaldo (Altamira-PA).
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