SALUSTIANO
FERREIRA DE MOURA
Mesmo já falecido há
34 anos, neste sábado (2) seus familiares e amigos lembrarão não somente os 117
anos do seu nascimento, mas principalmente as grandes lições de vida por ele
deixadas. E quem viveu em Sobral nos anos de 1940 a 1970 certamente se lembra
da figura deste bravo serrano, que ficou mais conhecido simplesmente por Salu
Moura. Esse, sim, é daquela estirpe de homens que merecem com muita justiça o
Título de Cidadão Sobralense. Infelizmente, na atualidade tal honraria tem sido
outorgada pela Câmara Municipal a certas personalidades que nem de longe lhe
fazem jus.
Salustiano Moura era
merecedor do Título não só pela bagagem acumulada na sua intensa história de
vida escrita em outras localidades, mas especialmente por sua atuação nesta
cidade, que escolheu para criar e educar seus filhos, bem como para contribuir
com sua força de trabalho no desenvolvimento do que considerava seu segundo
torrão natal. Que esta síntese biográfica sirva de parâmetro para os vereadores
quando da análise das futuras concessões dessa distinção!
Nascido no sítio
Taboca de Baixo, na época pertencente ao município de Tianguá (CE), hoje a
Ubajara (CE), no dia 02 de novembro de 1886, Salustiano Ferreira de Moura teve
como pais Antônio Pereira de Moura e Olímpia Francisca da Glória, e como irmãos
Sisnando, Luíza, Zeferina, Napoleão, José, Raimundo e Abraão (todos falecidos).
Era neto de Vicente de Moura Brasil, Capitão de Cavalaria da Guarda Nacional em
Pernambuco. Ficou conhecido na região por “Vicente Patrona” pelo costume de
usar uma bolsa a tiracolo e, do outro lado, a antiga espada usada nos tempos de
militar.
Sobre a origem da
sua família Salu Moura contava que seu avô Vicente, saindo de uma batalha, em
viagem a cavalo pelo Nordeste passou pela localidade onde atualmente existe a cidade
de Icó (CE). Nela conheceu uma moça muito bonita, tendo ocorrido imediatamente
uma paixão mútua. Os dois seguirem viagem até Tianguá (CE), onde se casaram no
religioso e se instalaram no povoado de Taboca de Baixo. Ali, segundo Salu,
surgiu a família Moura da Serra Grande, que se espalhou pela região norte do
Ceará.
Apesar de ter
estudado apenas o equivalente ao extinto Curso Primário completo, a curiosidade
e o desejo de aprender mais fez com que Salu Moura cultivasse o hábito da
leitura. Por conta própria, buscou nos livros o conhecimento das leis vigentes
no País na sua época, além de interessar-se muito pelo que dizia respeito a
direitos humanos.
Salu Moura atuou em
diversas áreas, iniciando pela agricultura e pecuária quando ainda solteiro e
na casa dos pais. Em 22 de setembro de 1906 casou-se em Tianguá (CE) com Antônia
Pereira de Moura, nascida em 15.11.1888, sendo filha de João Luiz Pereira e
Maria Romana Pereira. Do casal nasceram 11 filhos, dentre os quais oito já
faleceram (Maria, Mário, Abigail, Amélia, Antônio, Francisco, Francisca e
Albetiza) e três ainda estão vivos (Jandira, Albanita e Edvar).
Ainda na Serra
Grande, na década de 1930 Salu Moura experimentou o comércio nas cidades de São
Benedito, Viçosa do Ceará e Tianguá. Depois de alguns anos retornou a Ubajara,
onde montou uma pensão que foi muito freqüentada por viajantes que passavam com
destino ao Piauí e Maranhão. Nas horas de folga usava seus conhecimentos de
leis para orientar pessoas envolvidas em questões de terra. Por essa época
travou amizade com o então Juiz Municipal Dr. Moacir Gomes Sobreira, de quem se
tornou compadre, tendo recebido como afilhado Francisco Xavier de Lima Sobreira
(Dr. Xavier), afamado ginecologista na cidade de Sobral. O advogado e seu amigo
rábula passaram a trabalhar juntos na área advocatícia durante muito tempo. No
início dos anos de 1940 ambos se transferiram para Camocim (CE) e depois (1946)
para Sobral (CE), onde também fizeram muito sucesso.
Em Sobral,
Salustiano Moura destacou-se em duas atividades bem distintas: no ramo de
distribuição de água e no de padaria. No primeiro, chegou a dispor de uma frota
de 10 carroças puxadas a burros, com pipas de 500 litros. Distribuía água nas
residências antes da fundação do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE).
A outra atividade em
que certamente Salu Moura mais se notabilizou foi a de dono de padaria.
Instalou sua empresa no centro da cidade, em prédio na esquina da Rua Floriano
Peixoto com Praça Mons. Linhares, nos fundos da Igreja do Rosário. Lá, tempos
depois, seu genro, Raimundo de Sousa Sales (Dico), fundou sua famosa Mercearia.
Depois do Dico, ocuparam o local o Mercadinho São José (João Tarcísio Aguiar) e,
atualmente, o Foccus Studio. Além de outros deliciosos produtos alimentícios
servidos na Padaria do Salu, ficaram famosas duas merendas feitas por sua
esposa, dona Antônio: o “pão carioca com doce de leite, servido com manteiga” e
a “paçoca (carne do sol pisada no pilão, feita com banha de porco, cebola e
farinha seca), servida no prato com banana casca verde. Segundo fregueses da
época, fazia fila de profissionais liberais, bancários, comerciários,
estudantes e pessoas que estavam visitando ou de passagem por Sobral para
saborear aquelas saborosas guloseimas.
Salu Moura foi
exemplar e admirado como filho, irmão, esposo, pai, sogro, patrão e amigo. Tanto
por sua honestidade, sua paixão pelo trabalho honesto, seu empreendedorismo
como pelo elevado espírito cristão. Soube, como poucos, repassar tais virtudes
a seus descendentes e àqueles que com ele conviveram. Também se destacava pelo
respeito e zelo que tinha pela instituição família. Prova disso foram os 72
anos de convivência e união com a esposa Antônia, muitos deles vividos no
casarão (hoje extinto) da esquina das Ruas Floriano Peixoto com Lúcia Sabóia.
Salustiano Ferreira
de Moura faleceu aos 92 anos em Sobral, no dia 20 de fevereiro de 1979, tendo
sido sepultado no cemitério São José desta cidade. Já a eterna companheira,
dona Antônia, faleceu dois anos depois, também aos 92 anos, no dia 26 de
fevereiro de 1981, em Fortaleza, onde se acha sepultada. Tempos depois a
família fez a exumação e trasladou os restos mortais de Salustiano Ferreira de
Moura para a capital cearense, onde já estavam sepultados os da esposa Antônia Pereira
de Moura.
Parabens pela pesquisa, meu bisavô será lembrado com muito carinho para sempre pela sua matéria.
ResponderExcluirLinda homenagem. Meu nome e Joana Darc de Moura Cavalcanti, gostaria de saber se ele é meu biso. Mu vô se chama Francisco Moura Vieira. Alguém pode confirmar pra mim?
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