O Ministério da Saúde quer
aumentar a adesão das famílias brasileiras à doação de órgãos no país. Para
tanto, o ministro da Saúde, Arthur Chioro, lançou, nesta quarta-feira (24), em
Brasília, nova campanha publicitária de estímulo à doação, com foco na
sensibilização das famílias sobre a importância da autorização para a retirada
de órgãos, após a confirmação de óbito por uma equipe médica. Atualmente, 56%
das famílias entrevistadas, em situações de morte encefálica, aceitam e
autorizam a retirada de órgãos para a doação. Para o ministério, esse
percentual pode ser ainda maior, permitindo a realização de mais transplantes.
O Brasil é o país
latino-americano com maior percentual de aceitação familiar, ficando acima da
Argentina (52,8%), Uruguai (52,6%) e Chile (51,1%). Os dados inéditos do
Ministério da Saúde apontam para a importância da aceitação familiar na hora da
doação. Com o slogan ‘’Seja doador de órgãos e avise sua família. Sua família é
a sua voz”, a campanha é destinada, especialmente, aos familiares de pessoas
que manifestaram em vida a vontade de ser um doador de órgãos. A iniciativa
pode ampliar ainda mais a realização de cirurgias que salvam vidas e diminuem a
permanência do paciente na lista de espera.
Levantamento do Ministério da Saúde demonstra
que o Brasil reduziu a quantidade de pessoas que aguardam por um transplante de
órgão, nos últimos cinco anos. De acordo com dados do primeiro semestre de
2014, 37.736 pessoas estão na lista de espera, contra 64.774 em 2008 – o que
representa uma queda de 41,7%. Essa redução está associada ao aumento de
doadores efetivos no país, que subiu de 1.350, em 2008, para 2.562, em 2013,
representando crescimento de 89,7%. No mesmo período, também houve crescimento
do indicador de doador por milhão de habitante, passando de 5,8 para 13,4,
representando incremento de 131%. Com esse indicador, o Brasil praticamente
atinge a meta prevista para 2014, que é chegar a 14 doadores por um
milhão.
No primeiro semestre de 2014, o
país já realizou 11,4 mil transplantes. Desse total, foram 6,6 mil cirurgias de
córnea, 3,7 mil de órgãos sólidos (coração, fígado, rim, pâncreas, rim/pâncreas
e pulmão) e 965 de medula óssea. Em 2013, o Brasil fechou o ano com 23.457
realizados, 11,5% a mais do que em 2010 (21.040).
O lançamento da campanha de
estímulo à doação de órgãos e o balanço de transplantes foram divulgados nesta
quarta-feira (24), no Memorial JK, em Brasília, durante solenidade que antecede
o Dia Nacional de Doação de Órgãos, comemorado em 27 de setembro.
Parceria - Em 2013, o Ministério da Saúde firmou
Acordo de Cooperação Técnica com as cinco maiores empresas aéreas do país, para
efetuar o transporte de órgãos e tecidos, em todo território nacional. A partir
da parceria, houve aumento de 136% na quantidade de voos que transportaram
órgãos, equipes e insumos, passando de 2.568, em 2012, para 6.064, em 2013.
Neste ano, já são 2.672 voos realizados, somente no primeiro semestre. Para ter
ideia da evolução, comparada aos 67 voos realizados em 2000, a quantidade
registrada em 2013 foi 90 vezes maior.
Rede - O Brasil conta com uma rede integrada de
serviços de transplantes em 26 estados e no Distrito Federal (DF), sendo 27
Centrais de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos, além de câmaras
técnicas nacionais, 481 Centros de Transplantes, 1.180 equipes de Transplantes
e 67 Organizações de Procura de Órgãos (OPOs).
Para expandir a rede de
atendimento em transplantes, o Ministério da Saúde investiu R$ 1,4 bilhão em
2013. Esses recursos concentram-se na realização das cirurgias e em todo o
processo que garante o sucesso do transplante, como incentivo à doação e
captação de órgão, uma rede de informação bem articulada em todo o país, oferta
de medicamentos, exames e acompanhamento dos pacientes.
Referência mundial no campo dos
transplantes, o Brasil realiza 95% dos procedimentos no Sistema Único de Saúde
(SUS). Trata-se do maior sistema público de transplantes do mundo. Importante
ressaltar que o país se destacou mundialmente em número e em qualidade de
registro de doadores voluntários de medula óssea, passando de 30 mil doadores
para 3,2 milhões de doadores nos últimos dez anos.
Em 2012, o MS liberou incentivos
para hospitais que realizam transplantes, além do pagamento dos procedimentos.
Com as novas regras, os hospitais que fazem quatro ou mais tipos de
transplantes podem receber um incentivo de até 60%. Para os que fazem três
tipos de transplantes, o recurso será de 50% a mais do que é pago atualmente.
Nos casos das unidades que fazem dois ou apenas um tipo de transplante, será
pago 40% e 30% acima do valor, respectivamente.
Desde 2003, o Ministério da Saúde
investe em pesquisas envolvendo transplantes. Entre 2003 e 2013, o MS fomentou
29 pesquisas com seres humanos, totalizando um investimento de R$ 4,4 milhões.
Campanha - A campanha publicitária com a
mensagem-chave “Sua família é a sua voz” pretende sensibilizar as famílias e os
doadores de órgãos quanto à importância do diálogo sobre esta decisão. Serão
distribuídos 120 mil cartazes e 470 mil folders em companhias aéreas, postos de
pedágio e na rede do Sistema Único de Saúde. Foram produzidos ainda uma peça
para a TV com duração de um minuto – também com versão em 30 segundos – e três
spots de 30 segundos para rádio. A campanha terá um ano de duração, com
concentração entre os dias 24 e 27 de setembro, e tem o apoio dos veículos de
comunicação. (Fonte:
Ministério da Saúde)
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