Dr. JOSÉ SABOIA DE ALBUQUERQUE
Os 79 anos vividos pelo Dr. José Saboia de
Albuquerque foram suficientes para deixar seu nome gravado na história como homem
de importante e larga participação em diversas áreas. O ilustre sobralense
ficou reconhecido como grande jurista, político influente, industrial e
agropecuarista de renome, o que o insere no rol das mais respeitadas figuras do
Estado do Ceará.
José Saboia de Albuquerque nasceu em Sobral a 06 de
agosto de 1871, sendo seus pais o aracatiense Cel. Ernesto Deocleciano de
Albuquerque e a sobralense Francisca Saboia de Albuquerque. Estudou as
primeiras letras em sua terra com os professores Frederico Emiliano e Vicente
Ferreira Arruda. Os preparatórios fez em Fortaleza e de lá partiu para se
matricular na Academia de Direito do Recife.
José Saboia de Albuquerque bacharelou-se em
Ciências jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito do Recife a 19 de
setembro de 1891, aos 20 anos. Ainda antes de se formar, exerceu a
interinamente a Promotoria de julho a setembro de 1890. A 02 de maio de 1892,
Dr. José Saboia foi nomeado juiz substituto de Sobral, cargo que exerceu até 14
de agosto de 1899, quando foi promovido a Juiz de Direito. Durante 36 anos, com
muita dignidade e sapiência, exerceu esta função até 26 de setembro de 1935,
quando foi aposentado compulsoriamente. No cargo de juiz de Direito de Sobral,
Dr. José Saboia jamais experimentou o dissabor de ver suas sentenças revogadas
ou condenadas pelo Tribunal de Justiça do Estado.
Por conta da sua capacidade e operosidade como
homem da Justiça, Dr. José Saboia foi convidado várias vezes para ocupar a
presidência do Tribunal de Justiça do Estado, ao que prontamente recusava na
justificativa de não querer sair de Sobral. Uma única vez na vida exerceu cargo
na administração pública: foi em 1917, quando colaborou na organização da
Secretaria do Interior e Justiça, a convite do seu primo governador Dr. João
Thomé de Saboia Em dois anos organizou tudo e voltou imediatamente a Sobral
para reassumir o seu Juizado. Em 1926, o governador Moreira da Rocha,
sobralense, veio especialmente a Sobral para convidá-lo para o cargo, tendo
recusado veementemente. Moreira da Rocha lhe perguntou: "Quando então você
resolverá ir para o Tribunal? Dr. José Saboia respondeu rindo: "Quando
você o transferir para aqui".
Além do respeitado jurista, Dr. José Saboia foi um
dos homens mais influentes na política do Estado do Ceará, apesar de nunca
ter-se candidatado a cargo algum. Após aposentar-se, em 1935, assumiu o comando
da Fábrica de Tecidos Ernesto Deocleciano, fundada por seu pai em 1895.
Concomitantemente a essa função, passou a dedicar integralmente à política, comandando
o Partido da União Democrata nacional na Zona Norte, encabeçando movimentadas
campanhas e, dado o seu grande prestígio, tornando-se o centro de grandes
decisões. De sua casa saíram decisões que mudaram os destinos não só da região
norte, mas de todo o Ceará. Foi aliado
do Senador Fernandes Távora, ajudou a eleger um grande número de políticos,
dentre eles, o governador Faustino Albuquerque e Senador Plínio Pompeu, seu
genro. E muitas foram as polêmicas políticas envolvendo seu nome e outros
grandes vultos de Sobral, tais como, Chico Monte seu ex-discípulo e que depois
se rebelou, os jornalistas Deolindo Barreto e Cordeiro de Andrade e a polêmica
de grande repercussão com o bispo D. José Tupinambá da Frota.
Dr. José Saboia de Albuquerque casou-se a 30 de
novembro de 1893, com D. Maria da Soledade Pessoa de Saboia (Dona Sinhá Saboia
- nome de bairro em Sobral), neta do Senador Paula, com quem teve 7 filhos, os
quais ocuparam destacada relevância na vida social e política do nosso Estado. O
ilustre magistrado foi grande entusiasta pela vida cultural e social de Sobral:
foi um dos fundadores da Academia Sobralense de Letras, chegando a ser seu
presidente e foi um dos fundadores do Derby Clube e do Grêmio Recreativo
Sobralense.
Sobre seu espírito caritativo, conta-se que Dr.
José Saboia ao lavrar seu testamento, dispensou, espontaneamente, todas as
dívidas, que não eram poucas, para que esses devedores, ricos ou pobres, não
ficassem preocupados com o pagamento após sua morte e, com ênfase, recomendava
essa prática a seus filhos. Com a mesma boa vontade, também prestou grande
ajuda à Santa Casa de Misericórdia de Sobral, apesar da prolongada polêmica com
Dom José.
Dr. José Saboia de Albuquerque faleceu no dia 26 de
maio de 1950, na cidade do Rio de Janeiro (SP), onde foi sepultado. Posteriormente
seus restos mortais trasladados para Sobral, com celebração de solene missa,
seguida do sepultamento no Cemitério São José. Conta-se que Dr. José Saboia
plantou a árvore de cuja madeira fez seu caixão, guardou-o em sua residência
por muito tempo, mas sepultou-se noutro. Seu nome é lembrado em ruas, praças e
instituições na região, com destaque para o Fórum Dr. José Saboya de Albuquerque, em
Sobral.
CURIOSIDADE:
Rua Cel. José Saboia (Rua do Banco do Brasil, CEF, BRADESCO, etc.) é uma
homenagem ao comerciante e político aracatiense, que viveu e morreu em Sobral,
JOSÉ SABOIA. Já a Praça Dr. JOSÉ SABOIA (Coluna da Hora) homenageia o grande
juiz, político, industrial e agropecuarista, um dos maiores vultos de Sobral,
Dr. JOSÉ SABOIA DE ALBUQUERQUE. Cel. José Saboia era avô, pelo lado materno, do
juiz Dr. José Saboia de Albuquerque
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