A presença de candidatos jovens
entre as 25.919 nomes que vão concorrer neste ano a 12 cargos federais e
estaduais ainda está muito abaixo do esperado, segundo o levantamento
Sub-representação de Negros, Indígenas e Mulheres: Desafio à Democracia, lançado
hoje (19), pelo Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), em Brasília.
O
estudo feito a partir de dados divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral
destaca que os candidatos com menos de 29 anos somam 6,8% do total, enquanto
essa faixa etária responde por mais de 50% da população, de acordo com o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Apesar da baixa representatividade
desse segmento entre os que disputam a corrida eleitoral, a assessora política
do Inesc, Carmela Zigoni, afirma que há sinais positivos nos dados levantados.
Como esta é a primeira eleição em que os candidatos tiveram que declarar - além
do sexo, raça e cor, a partir do corte usado pelo IBGE, foi possível
identificar que entre os candidatos jovens está a maior participação de negros
(45,4%) e mulheres (52,3%). “A gente acredita que tem um caminho de maior
equidade acontecendo nas candidaturas”, afirmou, apesar de reconhecer que a
participação ainda é inexpressiva.
“Muitas
vezes isso acontece porque a juventude não compreende o sistema político como
representativo de suas demandas e busca outras formas de organização política”,
completou a pesquisadora.
A
distância entre o perfil da população brasileira - que será representada por
alguns destes nomes - e o perfil dos possíveis representantes identificados no
levantamento também confirmou o desequilíbrio em relação às candidaturas de
mulheres. Apesar do sexo feminino representar a maior parte da população, elas
são apenas 30,7% entre os candidatos a deste pleito.
De
acordo com os pesquisadores do instituto, os partidos “somente cumprem as cotas
de 30% previstas em lei” e o resultado é que as candidatas pretas, pardas e
indígenas “permanecem invisibilizadas entre as candidaturas majoritárias.”
A
composição das candidaturas de mulheres brancas, mulheres negras e indígenas
que têm a menor representação no pleito é superada inclusive pelas de homens
negros que já estão em desvantagem em termos de candidaturas. Dos quase 26 mil
candidatos registrados, 38,6% são homens brancos e 30% são homens negros,
enquanto 16,5% são mulheres brancas e 14,2% mulheres negras.
“Ao
que tudo indica, na hora do voto a dupla discriminação opera – a de gênero e
raça e cor – uma vez que contam-se nos dedos as parlamentares mulheres negras
presentes hoje no Parlamento. No caso das mulheres indígenas, a situação é mais
grave: o Congresso Nacional não conta com nenhum representante desse grupo da
população”, concluíram os pesquisadores.
Os
dados do levantamento serão divulgados hoje, em um encontro em Brasília, aberto
ao público. Todas as informações foram reunidas em uma publicação que será
distribuída gratuitamente no local. No período da tarde, representantes de
diversas organizações sociais vão discutir como a sub-representação pode ser
solucionada em uma Reforma Política mais completa do que as que vem sendo
propostas no Congresso. (Ag. Brasil)
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