sábado, 17 de janeiro de 2015

De Olho na Língua - Prof. Antônio da Costa (Jornal Correio da Semana - 17.01.15)

ALMA É SUBSTANTIVO CONCRETO OU ABSTRATO?
Não foram poucas as vezes que essa pergunta me foi feita. Sem dúvida que alma é substantivo concreto. Não se espante o leitor. Vejamos o que dizem os gramáticos sobre substantivo concreto e substantivo abstrato.

Substantivo concreto é aquele que designa o ser com existência própria e independente de outros seres. Esses seres podem ter existência no mundo real ou imaginário. Exs.: A galinha do vizinho bota ovo amarelinho; Costumava trabalhar resmungando todo o tempo para si mesma e para as almas, os anjos e demônios que sentia permanentemente ao seu redor.

Substantivo abstrato é aquele que designa seres que têm existência dependente de outros seres, ações, sensações, estados, qualidades, processos, enfim, tudo o que só pode existir quando intermediado por outro ser; tudo o que representar conteúdos abstratos será nomeado por esse tipo de substantivo.

Esclarecendo melhor: quando se afirma que o substantivo beleza é um substantivo abstrato, está se subentendendo a ideia de que a beleza não existe por si só, não pode ser observada em si. O que podemos observar é a manifestação da beleza em pessoas, animais, objetos, situações etc.

Os substantivos abstratos que designam ações representam afinidade com os verbos: corrida (de correr), viagem (de viajar), voo (de voar) etc.

O gramático Mauro Ferreira, em sua Gramática “Aprender e Praticar”, faz a seguinte observação; “Cuidado para não confundir a classificação substantivo concreto com o sentido usual da palavra concreto (real, físico, visível). Substantivos como: Deus, alma, fada, fantasma, Saci Pererê, lobisomem, sereia, dragão e assombração, embora nomeiem seres que não existam na realidade material, podem ser considerados como tendo uma existência própria, por isso, classificam-se como substantivos concretos”.

NOTA: O grande linguista Joaquim Matoso Câmara Jr., em seu Dicionário de Linguística e Gramática, à pág. 78, 8ª edição, faz a seguinte observação: “A distinção entre concreto e abstrato é mais filosófica do que linguística, e dentro da Filosofia é muito fugidia; mas é útil em gramática para destacar como abstratos os nomes: A) de qualidade; B) de ação, que se relacionam, respectivamente, com: a) os adjetivos; b) os verbos.

ACHAR / ENCONTRAR
Use achar para definir aquilo que se procura; encontrar para o que, sem intenção, se apresenta à pessoa. Exs.: Achou o que procurava; O menino achou o cão perdido; Agricultores encontraram fósseis em São José do Rio Preto; Documento encontrado no porão da biblioteca.

ADIAR PARA DEPOIS
Visível redundância. Não use. Só se pode adiar alguma coisa para depois, para outro dia ou para o futuro.

UM E OUTRO
A expressão “um e outro”, funcionado como sujeito admite o verbo indiferentemente no singular ou no indicativo:        

(*) Graduado em Letras Plenas, com Especialização em Língua Portuguesa e Literatura, na Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). É, também, funcionário do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Sobral (CE). Contatos: (088) 3611-4695 // (088) 9655-1801.


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