Um estudo inédito divulgado nesta segunda-feira
pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) analisa
mais de 450 iniciativas implementadas por 34 países com o objetivo de
aperfeiçoar seus sistemas educacionais.
A mudança mais popular no grupo, que reúne
majoritariamente países ricos e não inclui o Brasil, diz respeito à preparação
dos estudantes para o mercado de trabalho, voltado principalmente para o ensino
profissional e técnico. Este tipo de mudança tem forte impacto, segundo
especialistas, na produtividade dos trabalhadores - o que colabora para
fortalecer a economia dos países.
A segunda reforma mais popular envolveu melhorias
no ambiente escolar, com foco principalmente na preparação de
professores. A OCDE analisou iniciativas adotadas nos últimos sete anos.
Segundo a organização, ainda é preciso analisar os resultados da maior parte
destas políticas.
Embora os pesquisadores ressaltem que as soluções
dizem respeito a cada país e não podem ser simplesmente copiadas para outras
realidades, algumas ideias podem fornecer material para o debate geral de como
melhorar a educação.
EIS ALGUMAS DELAS COMPILADAS PELA BBC
BRASIL.
1) Mercado de trabalho ou continuidade dos estudos
Quase um terço (29%) das reformas implementadas
tiveram como objetivo preparar os estudantes tanto para o mercado de trabalho
como para continuar seus estudos. O foco principal foram reformas nos sistemas nacionais
de ensino profissional ou técnico.
Portugal, por exemplo, criou uma estratégia com o
objetivo de aumentar o número de jovens matriculados no ensino profissional. Os
cursos oferecidos são compatíveis com a demanda do mercado de trabalho.
Outra inovação: estão em teste programas de ensino
profissional que começam mais cedo, a partir dos 13 anos. Já a Dinamarca
reformou seu sistema de ensino profissional com foco na redução da desistência.
2) Melhorias no ambiente das escolas
Reduzir o número dos alunos por turma, implementar
reformas curriculares e, principalmente, capacitar professores foram o objetivo
de 24% das reformas analisadas.
A Austrália criou um instituto dedicado apenas ao
aprendizado de professores, e a Holanda desenvolveu um programa que visa a
atrair os melhores estudantes para faculdades de educação. Já a França
reformulou o conteúdo e a estrutura de seus programas de treinamento de
educadores, criando escolas que aliam treinamento prático ao teórico.
3) Garantir qualidade e equidade na educação
As reformas implementadas pelos países da OCDE
também tiveram como objetivo implementar políticas para garantir que todos os
cidadãos tenham acesso a um nível mínimo de educação, independentemente de
circunstâncias pessoais ou sociais. Ações deste tipo foram 16% das
implementadas.
O Chile, por exemplo, introduziu um sistema que
proíbe que a seleção para escolas de ensino fundamental tenha como critério
renda ou performance. A regra também limita a possibilidade de as escolas
expulsarem alunos com resultados ruins.
Na Nova Zelândia, foram implementadas estratégias
para melhorar a educação dos maoris, população nativa que representa cerca de
um quarto dos habitantes do país. Entre as iniciativas está um programa para
engajar adolescentes com idades entre 14 e 18 anos na área de educação. Na
Inglaterra, um programa concede fundos adicionais às escolas para que elas
consigam manter nas classes crianças em risco social. A ideia teve um impacto
positivo.
4) Sistemas de avaliação
Sistemas de avaliação são considerados importantes
pela OCDE porque apontam áreas em que é preciso melhorar. Implementar essas
políticas, que visam a medir os resultados tanto dos alunos quantos das
escolas, responderam por 14% das reformas.
No México, um instituto nacional de avaliação
ganhou, em 2013, autonomia para desenvolver uma estratégia de acompanhamento
válida para todo o país. Padronizar as avaliações facilita a comparação de
resultados.
Na Itália, um projeto piloto acabou sendo expandido
devido a seu sucesso. O projeto permite que as escolas decidam se serão
avaliadas ou não. O processo envolve uma auto-avaliação da escola e uma
avaliação externa, que é usada para estabelecer metas. Essas informações são
divulgadas publicamente.
5) Reformas de financiamento
Conseguir melhorar as formas de financiar os
sistemas de educação é um dos grandes desafios das escolas. Incrementar o
financiamento foi o objetivo principal de 12% das medidas avaliadas.
Nos EUA, teve início em 2009 o programa Race to the
Top, que atrela o financiamento das escolas à implementação de reformas e
inovações na área de educação. Os Estados recebem fundos com base em seus
planos para o futuro e também na qualidade dos professores, alunos e escolas.
Eles precisam também ter competência para processar dados e informações
estatísticas de educação.
Na Alemanha, dentro de um projeto criado para
estimular a atividade econômica durante a crise financeira, o governo federal
deu apoio a investimentos de Estados e comunidades em educação. Foram
destinados 8,7 bilhões de euros (cerca de R$ 26,5 bilhões) a áreas como
educação infantil, estrutura escolar e universitária e pesquisa.
6) Governança
A organização do sistema educacional e a definição
de uma política nacional de educação foram foco das ações de 9% das
reformas. Ter uma estratégia nacional é importante, de acordo com
estudiosos, porque proporciona parâmetros que devem ser seguidos nacionalmente.
Na Dinamarca, uma reforma nas escolas públicas,
possibilitada por um acordo que envolveu todos os partidos políticos, foi feita
para elevar expectativas, simplificar objetivos curriculares e abrir escolas
para as comunidades.
Já a Estônia estabeleceu cinco metas para a
educação no país. Entre elas está o uso de tecnologia digital no processo de
aprendizado e uma maior correspondência entre o que é ensinado e as
necessidades do mercado de trabalho. (BBC)
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