sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

DE OLHO NA LÍNGUA - Prof. Antônio da Costa (Do Jornal Correio da Semana - 07.02.15)

CIFRÃO ($) X SIFÃO

O uso de colocar um traço apenas, vertical, no símbolo a que chamamos de cifrão, pode ser estilização gráfica, mas está contra a formação histórica do símbolo.

Quando os árabes invadiram a Espanha no Século VII, para comemorar a passagem deles da África para a Europa, atravessaram o atual Estreito de Gibraltar (tár), naquele tempo “As Colunas de Hércules”, cunharam uma moeda que trazia numa das faces um desenho: duas linhas verticais, representando as duas Colunas de Hércules e, cortando-as, outra linha sinuosa, representando as águas do Estreito. Como tal desenho, tal símbolo vinha numa moeda de valor, passou a designar simplesmente dinheiro, valor monetário. Esta é a história do cifrão.

Como se vê, eram duas as linhas verticais porque duas eram as Colunas de Hércules. Querer reduzi-las a uma só é ignorar a história do símbolo. Acho, portanto, errada a maneira que se quer pôr em prática. Mas o que é que não está errado no Brasil?

Já o vocábulo “sifão’ (que muita gente boa confunde com cifrão) é outra história. Sifão (s.f) - tubo recurvado de ramos desiguais que serve, de ordinário, para a passagem de líquidos sem inclinar os vasos que os contêm; recipiente em forma de garrafa, na qual se põe água gasosa sob pressão; tubo de dupla curvatura e em cujo seio fica uma certa porção de água, adaptado a pia e esgoto; órgão alongado de certos moluscos, por meio do qual a cavidade respiratória se comunica com o exterior.

DEFRONTE DE / DEFRONTE A
As duas construções são corretas. Usando frente em lugar de fronte é hispanismo, portanto, erro de Português: frente a, como sempre escrevem os cronistas esportivos. Deveriam escrever: em frente de, em frente a. Ex.: O clube X em frente do clube H perdeu a tramontana ou em frente ao clube H; nunca: frente ao clube H.

DESINFELIZ
Temos o prefixo “des” com dupla ação: de negação e de reduplicação. Da primeira cito: desamar, desleal, desandar, desadorar. Da segunda: desinfeliz, desinquieto, desnudar. Ao lado de “des” reduplicativos, temos ainda “ex”: exagitar (é mais que agitar), exasperar, exabundar.
  
TRASPASSAR / TRANSPASSAR (QUAL A CORRETA?)
Ambas as formas são corretas. Ex.: A bala traspassou-lhe (ou transpassou-lhe) o coração.

LIVRE ARBÍTRIO (MALFORMAÇÃO OU MÁ-FORMAÇÃO)
Os médicos não se entendem. Na acepção de anomalia, deformidade, defeito na formação congênita de órgãos, alguns falam em malformação. Outros, má-formação. E daí?

Os dicionaristas também não chegam a um acordo. O Aurélio considera as formas sinônimas. Segundo ele, pode-se usar uma ou outra sem susto. O Caldas Aulete fica com malformação. Má-formação é “artificial”, diz ele. “E nós (perguntam os doutores), como ficamos”? Com uma ou outra. Vocês escolhem.


(*) Graduado em Letras Plenas, com Especialização em Língua Portuguesa e Literatura, na UniversidadeContatos: (088) 3611-4695 // (088) 9655-1801. Estadual Vale do Acaraú (UVA). É, também, funcionário do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Sobral (CE). 




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