
O método tem a mesma lógica dos testes feitos
para verificação do vírus HIV, com o uso da saliva. No caso da tuberculose, no
entanto, a amostra usada na testagem rápida é colhida de uma cultura
bacteriológica, por isso ainda há a necessidade de ser feito em laboratório.
De acordo com Valdes Bollela, professor da Divisão de Moléstias Infecciosas e
Tropicais do Departamento de Clínica Médica, pesquisadores asiáticos e
brasileiros estudam meios para que o exame seja feito diretamente com os
fluidos do paciente. “É a ideia de ter um teste que seja feito com o menor
recurso tecnológico e o mais rápido possível. O exemplo clássico disso são
exames de malária e HVI, que podem ser feitos fora até do próprio hospital. O
da tuberculose ainda não está assim”, explicou.
Ele destaca que, por ser uma
doença infecciosa, o diagnóstico torna-se ainda mais importante. “É a chave de
interromper a cadeia de transmissão da tuberculose”, declarou.
O teste rápido está sendo usado no hospital
de Ribeirão Preto há um ano e meio. “Queríamos avaliar o quanto ele agregaria
do ponto de vista do custo, da efetividade e na rotina do diagnóstico”,
explicou Bollela. Na avaliação dele, o teste mostrou-se eficaz em todos os
aspectos. “Consigo fazer com tempo muito menor. O custo dele por teste é mais
ou menos R$ 10”, apontou.
Além disso, ele destaca que o teste molecular, que era
feito antes, trazia maior risco de contaminação. “Ele requer uma série de
cuidados, então não se conseguia fazer esse exame todos os dias. Conseguíamos
fazer duas vezes por semana”.
A cultura, que é feita na maioria dos casos
com amostra de escarro, demora entre 10 e 14 dias para indicar se estão
crescendo micobactérias. O problema é que, além disso, era preciso aguardar
mais dois ou três dias para atestar a tuberculose por meio do teste molecular.
“Na dúvida, o médico, sabendo que cresceu uma micobactéria, tratava para
tuberculose, mas às vezes não era. Agora, eu consigo saber com um grau de
certeza bem grande se aquilo que está no crescimento da cultura é tuberculose”,
explicou. O Poct permite que, após o período da cultura, já se defina o
diagnóstico em minutos. “Agora, a gente consegue fazer praticamente de
imediato”, disse o pesquisador.
De acordo com Bollela, a incidência da
tuberculose no Brasil é 90 mil casos por ano. “Desses, entre 85% e 90% são do
tipo pulmonar”. Além disso, cerca de 4,5 mil pessoas morrem anualmente por
causa da doença. “Se você pensar que tem tratamento e que, se tratar direito na
primeira vez, tem chance de cura de 100%, ainda há muita gente morrendo de uma
doença que tem cura”, avaliou o professor.
Ele destacou que entre 10% e 20% dos
casos estão associados a pacientes soropositivos. “Isso piora o prognóstico do
HIV e aumenta o risco de ter complicações com a tuberculose”, alertou. (Ag.
Brasil)
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