Um avião de uma companhia áerea
russa caiu na manhã deste sábado no Egito com mais de 200 pessoas a bordo.
Autoridades do Egito e a Embaixada da Rússia no Cairo confirmaram que não há
sobreviventes. O Airbus A321 decolara da região turística de Sharm el-Sheikh,
no Mar Vermelho, com destino a São Petesburgo, na Rússia.
Destroços da aeronave foram localizados numa área
montanhosa na região de Hassana, ao sul da cidade de Arish, norte do Sinai. O capitão da aeronave solicitou um pouso de emergência em
Arish, mas o avião não conseguiu chegar e caiu a 50 km da pista, informou a
repórter da BBC no Cairo Ranyah Sabry.
A caixa preta da aeronave e mais de 150 corpos já foram
localizados em um raio de 5 km do local da queda, de acordo com a repórter e
autoridades egípcias de segurança citadas pela agência de notícias Reuters.
A maioria dos passageiros do voo da companhia aérea russa
Kogalymavia, do oeste da Sibéria, também conhecida como Metrojet, era de
nacionalidade russa - apenas três pessoas eram ucranianas. A aeronave levava
217 passageiros - 17 deles crianças - e sete tripulantes.
A agência estatal de notícias russa RIA Novosti informou
que a tripulação do avião acidentado havia relatado problemas de motor durante
a semana - a agência atribuiu a informação a uma fonte no aeroporto de Sharm
el-Sheikh.
Empresa e fabricante - A empresa aérea afirmou que o piloto do avião, Valery
Nemov, tinha mais de 12 mil horas de voo. "Nossa aeronave estava em
perfeitas condições, a tripulação era experiente, nosso piloto tinha grande
experiência, então não sabemos (o que causou a queda)", afirmou Oxana
Golovina, porta-voz da companhia, segundo relato da agência russa de notícias
Interfax.
A companhia aérea, que passou a ser alvo de investigação
do governo russo, disponibilizou voos gratuitos ao Egito para parentes das
vítimas. Em nota, a Airbus, fabricante do avião, lamentou o
acidente e informou que a aeronave foi produzida em 1997 e era operada pela
Metrojet desde 2012.
A fabricante afirmou ainda que a aeronave acumulara 56
mil horas de voo em quase 21 mil viagens, e que seus técnicos estão à
disposição das equipes de investigação.
Suspeitas - A correspondente da BBC no Cairo Orla Guerin disse que
haverá especulações sobre possível envolvimento de radicais islâmicos no
acidente, já que a região do Sinai conta com uma rede ativa de militantes
aliados ao grupo extremista autodenominado Estado Islâmico.
Guerin afirmou, no entanto, ter ouvido de uma fonte que a
aeronave voava a uma altitude em que não poderia ser atingida por algo do solo.
No entanto, o grupo autodenominado Estado Islâmico reivindicou a autoria de
ataque que teria derrubado o avião, segundo comunicado publicado no aplicativo
de mensagens instantâneas Telegram.
O local da queda fica em uma região em que o governo
egípcio combate um grupo insurgente liderado por um braço local do Estado
Islâmico. O grupo extremista, porém, não informou como o avião teria sido
abatido - especialistas em segurança dizem que a aeronave voava em altitude
inalcançável por armamentos usados por radicais islâmicos na região.
O órgão de aviação russo Rosaviatsiya afirmou, em nota
oficial, que o voo 9268 deixou Sharm el-Sheikh às 6h51 pelo horário de Moscou
(1h51 pelo horário de Brasília) e tinha pouso programado no aeroporto Pulkovo,
de São Petesburgo, às 12h10 (7h10 pelo horário de Brasília).
Perda de altitude - O órgão disse ainda que o avião deixou de fazer
contato com o controle aéreo do Chipre 23 minutos após a decolagem e
desapareceu do radar em seguida. O avião voava a uma altitude de 9.400 metros
quando perdeu contato com o solo.
O serviço de rastreamento de voos em tempo real Flight
Radar 24 informou à BBC que a aeronave perdeu altitude de forma muito rápida -
cerca de 1.500 metros por minuto antes de sumir dos radares.
Um centro para atender familiares dos passageiros foi
montado no aeroporto de Pulkovo, segundo a agência de notícia russa Tass. O
presidente russo, Vladimir Putin, decretou luto nacional neste domingo.
Simon Calder, editor de turismo do jornal britânico The Independent, disse à BBC que companhias
aéreas russas possuem um histórico de segurança "relativamente ruim"
na comparação com companhias da Europa Ocidental. O especialista disse ainda
que a aeronave em questão possui 18 anos de uso e um "histórico de
segurança muito bom". (BBC)
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