Está tornando-se moda,
infelizmente. Desde as grandes cidades até as pequeninas vilas e
povoados observam-se aqueles carros de som em alto volume perturbando a
população. Os proprietários chegam às portas dos bares, e
restaurantes ou pequenas bodegas e, sem pedir permissão, abrem a traseira dos
carros e começam a expelir barulho.
Não
querem saber se por perto há alguém precisando repousar; se há alguém querendo
estudar, se há alguma criancinha precisando dormir...Os proprietários dos
carros sentem-se senhores absolutos do ambiente. Mesmo que ali, ao lado, haja
uma igreja realizando uma celebração, os donos do mundo não
respeitam. São eles os únicos que devem ser atendidos em suas
vontades de aparecer.
Se alguém ousa pedir para baixar o volume do som é
logo ameaçado. “Os incomodados que se retirem”, dizem eles do alto de
sua prepotência.
Alguns donos de bares e restaurantes já tomam a
louvável iniciativa de escrever à porta que “Não é permitido som de
carro”. Por pirraça as vedetes do som estacionam do outro lado da rua
e põem seus sons no mais alto volume.
Um restaurante de Fortaleza adota a seguinte
postura: simplesmente não atende aos pedidos de quem liga o seu som em alto
volume. Ouvimos a seguinte conversa do garçom de um restaurante que
não aceita som de carro:
- O senhor tem o direito de botar o seu som, mas o
restaurante reserva-se o direito de não lhe servir enquanto o seu som estiver
ligado.
E agora surgem as disputas entre os que são capazes
de emitir um som mais alto. Já não mais se conformam com os alto falantes
convencionais dos carros e estão andando com caixas extras puxadas por reboques
para chamar mais atenção.
Não há a mínima demonstração de respeito às
pessoas. Parece até que a falta de educação está generalizando-se. Cortesia e
delicadeza são atitudes raras, sobretudo nos jovens. Não mais se cumprimentam
as pessoas com “bom dia”, “boa tarde”. Não mais cedem-se
lugares para pessoas mais idosas. Poucos se oferecem para fazer um favor em
momentos de atribulação. As expressões: “por favor”, “com
licença”, “desculpe” estão praticamente banidas do
vocabulário. A ideia que se depreende desses comportamentos é a de
que ser moderno significa ser grosseiro. Gentileza é coisa ultrapassada.
Esta questão da poluição sonora produzida pelos
carros particulares é apenas mais uma demonstração de falta de educação e da
falta de noção de bom senso. O barulho é que é importante. Falar alto é que
bonito. É sinal de liberdade. Quando um grupo de adolescentes desce uma escada
de um prédio, saia de perto. É como se fosse o estouro da
boiada. Quem fizer o barulho maior é que ganha. O que? Quando
estão de posse de um som de carro restam-nos dois caminhos: sair de perto ou
pedir a Deus paciência.
Pior ainda é a qualidade das músicas expelidas.
Parece até que escolhem, de propósito, as piores músicas. Elas
demonstram exatamente o nível dos responsáveis por este tipo de poluição
sonora.
A música sempre foi algo muito importante na vida
de cada pessoa. A música enleva a alma. Traz paz, boas recordações. Mas a
poluição sonora não é música. É agressão, é falta de respeito. É
demonstração de prepotência e fraqueza. As pessoas de bom senso não
precisam recorrer a tais expedientes para chamar atenção.
Basta fazer uma pesquisa para saber quem está
promovendo tal poluição. Geralmente pessoas vazias, infelizes, frustradas que
se comprazem em perturbar os outros. Merecem piedade porque são
desajustadas. Tentam fugir da realidade através da ilusão que tal
poluição lhes pode provocar. Por alguns momentos entregam-se a um
mundo imaginário como quem foge da realidade através da bebida ou do uso de
outros meios alienantes ou alucinógenos.
Talvez o melhor caminho para tais pessoas seria um
consultório psiquiátrico porque, certamente são vítimas de histórias que lhes
confundem a alma.
(*) Leunam Gomes,
ex-Pró-Reitor de Extensão da UVA - Universidade Estadual Vale do Acaraú
– Autor
do livro PROFESSOR COM PRAZER..
e-mail: leunamgomes@hotmail.com
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