sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

LITERATURA CEARENSE: Da Palma, para o episcopado, via Betânia (Dom Benedito Francisco de Albuquerque - Na Betânia: de 1941/1947)


No dia 24 de agosto de 1928, na antiga Vila da Palma, hoje cidade de Coreaú, o lar do casal José Francisco de Albuquerque Sobrinho, conhecido por Zé Barra, e Maria da Natividade Albuquerque, Dona Cocota, foi enriquecido com a chegada dos gêmeos: Benedito Francisco de Albuquerque (foto) e Gerardo Antônio de Albuquerque.

Benedito Francisco de Albuquerque, em tenra idade demonstrou interesse para ser padre, que logo foi aprovado por sua mãe. Com a idade de sete anos passou a ser Acolito na Igreja Paroquial de Coreaú, o vigário era Padre Antônio Ivan de Carvalho. E como criança membro da Conferência Vicentina local.

Seus estudos iniciais foram feitos na terra natal. A professora municipal Tereza Alacoque Aguiar, Dona Sinhazinha, o alfabetizou; com Dona Maria Cristina Fernandes, professora particular cursou os dois primeiros anos do curso primário; Dona Heliza Xavier de Oliveira, Escolas Reunidas de Coreaú, foi sua professora nos dois últimos anos do curso primário.

A infância na velha Palma foi vivida com toda a energia propiciada pela idade e as diversões próprias da época. O grupo de amigos, na quadra pueril, era formado por seu irmão Gerardo Antônio de Albuquerque, os primos e o colega de aula José Maria Meneses, que mais tarde tornou-se sacerdote franciscano.

Benedito foi criado com muito esmero, tendo em vista que seu genitor Zé Barra, comerciante estabelecido com uma expressiva loja de tecido no comércio local, e sua genitora Dona Cocota, exímia boleira, garantiam à família um razoável padrão de vida

Incentivado por sua mãe, no mês de fevereiro de 1941, com doze anos, ingressou no Seminário Menor São José de Sobral (Betânia), transferindo-se para o Seminário Maior da Prainha, na cidade de Fortaleza, no início de 1948 para cursar filosofia e teologia.

As competições esportivas, a semana da Pátria em Meruoca, o diretor espiritual Padre Monteiro, Jesuíta com excelente direção espiritual, a festiva inauguração da caixa d’agua construída pelo Monsenhor Joaquim Arnóbio de Andrade para os seminaristas, Manoel Edimilson da Cruz nosso atual Dom Edimilson exercendo a função de Bedel, bondoso, mas nos ajudando a respeitar a pontualidade nos horários, são lembranças que o ilustre coreauense guarda, até hoje, do Seminário da Betânia.

Entretanto, o que mais lhe marcou no Seminário Menor foi o acompanhamento constante de Dom José Tupinambá da Frota e o quadro de professores com sua responsabilidade, competência e dedicação, sobretudo de Monsenhor Gerardo Ferreira Gomes, professor de Português e Literatura.

Foi ordenado sacerdote na Catedral de Sobral, por Dom José Tupinambá da Frota, no dia 8 de dezembro de 1953, celebrando sua Primeira Missa na terra natal na data de 13 de dezembro de 1953. Foi nomeado Vigário Ecônomo de Coreaú em 05 de janeiro de 1954, tomando posse no dia seguinte.

O ministério presbiteral foi exercido em três paróquias:

A provisão datada de 5 de janeiro de 1954, assinada por Dom José, nomeava o Padre Benedito Francisco de Albuquerque Vigário Ecônomo de Coreaú. Uma grande solenidade marcou o ato de posse, no dia 6 de janeiro de 1954, do primeiro e único coreauense a exercer o múnus paroquial no berço natal. Permaneceu no cargo até 28 de fevereiro de 1964, quando foi transferido para a cidade de Sobral para desempenhar a função de Diretor da Catequese Diocesana.

O seu paroquiato em Coreaú foi marcado por grandes ações tanto no âmbito paroquial quanto em outros segmentos da vida citadina. Nos dez anos em que se manteve à frente da Paróquia Nossa Senhora da Piedade, em Coreaú, fundou os seguintes estabelecimentos: Educandário Nossa Senhora da Piedade (1954), Ginásio Nossa Senhora da Piedade (1957), Centro Social Rural de Coreaú (1954) e Cooperativa Agrícola Mista de Coreaú (1960).  Dessas instituições, apenas o Ginásio continua com denominação de Escola Municipal de Ensino Fundamental Nossa Senhora da Piedade.

No plano pastoral, edificou a Igreja de São Francisco, iniciou a construção do prédio, que seria denominado de Convento São José para abrigar as religiosas Franciscanas Hospitaleiras que pretendia trazer para a paróquia, esta construção ficou inconclusa.

Trouxe duas Congregações Religiosas: Os Irmãos Oblatos (Instituto Oblato Diocesano – IOD) e as Irmãs Josefinas (Instituto Josefino), que muito fizeram pela educação em Coreaú e, em conjunto, com o pároco dinamizaram a ação pastoral.

No limiar de 1965, foi nomeado pároco da Paróquia São José de Granja. Exerceu o vicariato até 1966, quando pediu licença para fazer um curso de Sociologia, em Roma. Após o seu retorno, no início de 1968, reassumiu as funções de pároco de Granja, permanecendo até 1970.

Em Granja, militou no magistério, lecionando no Colégio Estadual e mais uma vez buscou dinamizar as ações no campo da educação, como fizera em Coreaú.

A Especialização em Roma: Entre janeiro de 1966 e dezembro de 1967, residiu em Roma, onde cursou Sociologia, na Universidade Gregoriana, em nível de especialização. Esta especialização o credenciou para lecionar no terceiro grau, ou seja, em cursos universitários, revelando-se, sempre, um educador criativo e idealista. Por ocasião do curso de sociologia em Roma como Padre, aproveitou as férias para visitar quase todos os países da Europa e conhecer a Terra Santa por 45 dias. Em 1970, completou o seu paroquiato em Granja, transferindo-se para Fortaleza. Nessa cidade, no período de 1970 a 1980, exerceu o ministério sacerdotal na Paróquia da Paz como vigário coadjutor.

Após dez anos em Fortaleza, servindo à Arquidiocese como presbítero, foi nomeado, no decorrer de 1980, pároco da Paróquia de São Vicente de Paulo, permaneceu nesta atividade até o início 1985.  Na plenitude do seu terceiro paroquiato, a Igreja o convocou para servi-la no ministério episcopal na Diocese de Itapipoca no Ceará.

Inquirido sobre suas recordações do ministério presbiteral, ele afirmou - as melhores lembranças do meu tempo de pároco são a fé e amizade do povo das minhas três Paróquias, Coreaú, Granja e São Vicente de Paulo em Fortaleza. O convívio de Dom Aluísio Lorscheider, visitando anualmente as nove Dioceses do Ceará.

Com o lema “Evangelizare Pauperibus” (Evangelizar os Pobres), no dia 5 de maio de 1985, em meio a uma festiva solenidade, foi sagrado bispo na Praça da Catedral de Itapipoca por Dom Aloísio Lorcheider, Cardeal Arcebispo de Fortaleza. O seu pastoreio na Diocese de Itapipoca, que se estendeu até 31 de julho de 2005, foi rico em realizações pastorais e ações no campo da justiça social.

Hoje, como Bispo Emérito, devota-se, especialmente, ao atendimento às famílias mais carentes de orientação espiritual. Ainda, na condição de Bispo Emérito e de radialista exerce o cargo de presidente da Rádio Uirapuru de Itapipoca que foi adquirida pela Diocese de Itapipoca.

Em reconhecimento aos serviços prestados nos campos da evangelização e da educação, foi agraciado, com os seguintes títulos: Filho Benemérito de Coreaú – 26/2/1994; Cidadão Itapipoquense – 5/5/1997; e Cidadão Umirinense – 14/6/2003.

Dotado do entusiasmo literário, publicou, até aqui, dois trabalhos: A Educação de Base à Luz da “Populorum Progressio”, e O Sagrado e O Profano: Sua Situação na Pastoral.


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