Massapê, centenária natural das raízes, de Dona Úrsula.
Uma do passado; outra de agora. Sem dúvida, poética! Sua poesia é
indelevelmente musical, criada e decantada em hino, em louvor à cidade, como
poetizou Joaquim Leão, em seus versos: “Filha dileta dos sertões do norte,
terra mimosa, hospitaleira e boa”. E ao mesmo tempo constantemente moldurada
pela Serra da Meruoca, uma maravilha massa verde formada por uma poesia
geográfica, que costura uma teia de relação com as águas do Mirim.
É o que
nos faz pensar na história de Massapê em versos e prosas, que mistura o antigo
e moderno, constantemente festejada pela inconfundível beleza dos cantos das
graúnas, corrupiões, galos-de-campina e dos bem-te-vis, para que os seus
moradores possam acordar de cara nova, procurando encontrar as solenes benções
da padroeira Nossa Senhora do Perpétuo do Socorro e do padroeiro São Francisco.
Aos 121
anos, Massapê, ouve-se: quando também se pensa fazendo compra em seus comércios
e sendo louvado pelas noites serranas dos encontros nos bares, nas lanchonetes
e pizzarias. E também correndo para pegar uma topique ou uma mototáxi. Ao mesmo
tempo feliz por caminhar pelas ruas, avenidas pavimentadas de paralelepípedos,
ou sentado num banco de madeira, nas praças arborizadas a capricho, ao mesmo
tempo passando pelo rastro do passado, escrito nas placas de seus monumentos,
em homenagem àqueles que fizeram a história na política, no social e na
cultura.
Sem
dúvida, nesta cidade, logo se percebe a poética de uma poesia ímpar, que brilha
entre os pés de Benjamim e Nin, onde os passarinhos chilreiam em aurora
festivas. Pode citar-se ainda a igreja matriz com um desenho no ponto alto da
torre simbolizando a maior hóstia abençoada, onde se pode ver, uma clara
evidência da religiosidade do povo massapeense.
E, como
não poderia faltar, a formosa procissão do Senhor Morto que une o humano e o
divino, o velho e o novo, como se estivessem no céu de que lhes é prometido
como recompensa de uma vida pura.
Além disso, tem-se o pé da serra, onde o visitante fica
extasiado com a imponência de sua altura, um belo abraço da natureza. Desta
forma, vê-se nas paisagens de Massapê um dos mais inesperados ambientes
naturais, que impregna as mentes e as almas, que afunda no inconsciente
coletivo da cidade.
Assim, se percebe um povo que vai em busca de um fato de
guardar na memória, testemunhada pelo canto amoroso dos marrecos, em cada
noite, para que seus moradores mais humildes, que moram na periferia, em casas
de taipas, sejam vistos como gente que movem a história de Massapê.
Incluindo- se ainda no acervo obras artesanatas, tais
como a de Mauro Gomes, técnicas tradicionais de embarcações tipicamente
artesanal e as miniaturas do artesão Manoel Messias, as peças por si contam
detalhes o envolvimento do povo que vem sendo transmitido pela tradição oral
com o objetivo difundir e valorizar a arte cabocla.
Se a cidade de Massapê se faz entre o seu povo, porque
não falar de um artista da fé. Ou seja, do padre João Batista Soares Frota, que
já nasceu trazendo a postura sacerdotal a serviço de Deus. Nele se conhece,
também, o seu espirito artístico, fazendo teatro, demonstra a sua capacidade do
seu fôlego e imaginação, bem como a experiencia de estudioso e orientador da
alma humana garante um realismo espiritual muito grande no manuseio das regiões
religiosas nas peças Paixão de Cristo, malhação do judas, entre outras.
Uma cidade de humoristas que inauguram outro tipo de
geração: a arte do riso do humorista Jader Soares, ou Zebrinha, quem assistir,
o humor de Zebrinha, conhece a elegância de um mestre que é capaz de nos
contar: sou humorista, escritor e poeta, com a capacidade de viver alegria.
Irmãos Jader, Dr. Gerardo e Francisco José Soares
A cidade de Massapê não se pode passar na cidade sem ter à boca o seu folclore, como bumba-meu-boi, conhecido como reisado, que homenageia a figura do sertanejo nordestino.
No itinerário dos talentos de massapê, que não se rende
as exigências estéticas e culturais de uma época. Isso é resgatar a história de
“Massapê em Foco”, de Osvaldo de Aguiar. Porque, a história só pode ser morta
com o fim da civilização. O que ainda não aconteceu. Como o historiador Tremal
Naik, com a oralidade do seu pai Francisco Evilásio, hoje, travam uma nova arma
que lhes permitem uma viagem pela história de sua cidade, num conjunto coeso de
passagens históricas em que a inteligência massapeense se expressa com grande
vigor popular.
Massapê não foge das regras, quando se compõe música ou
simplesmente ouve os ecos de sanfonas, de violões ou de um saxofone tocado por
Leonardo Carvalho. E sem dúvida, o seu talento artístico é concentrado no amor
à Massapê, que leva em si a integração da alma e o corpo; que está traduzido no
ritmo do som das canções.
Então, felizmente, o povo massapeense tem a sorte, de ter
o advogado e humanista Gerardo, o Gerardim, que ilustra sua fé, em comunhão,
com o “Centro de Excelência em Humanismo e Solidarismo”. “Um espaço de
cidadania plena”. Em que o humanista está à procura de transcender a relação do
homem com a cidade, ora social, ora cultural, ora religiosa, ora política,
todos dentro de um espaço físico e humano.
Nessa cidade não se pode deixar de falar de seu
patrimônio histórico europeizado adormecido no tempo, que se mistura sem
qualquer constrangimento com uma nova cidade, tal como se vê na placidez nas
talhas das esculturas de Francisco Lopes e Francisco das Chaga, o Chico da
Santa.
Mas quando se fala em monumento, logo, vem em mente, a
arquitetura de Ogesimo Gomes, em comunhão com o tempo, se sente tocado pela
Coluna da Hora, fazendo o relógio da nova história de Massapê girar para atrás.
Sem dúvida abençoada pela Gruta Nossa Senhora de Lourdes, onde o fogo da
religiosidade, é ardente e interrogadora do seu povo. Em seu mister da salvação.
Obviamente, dentro dessas histórias, tem os seus filhos
anônimos, que não podem escaparem da linha histórica. Nela, está a movimentação
solitária, longe das audições e visuais de muitos, a exemplo, do solitário
Francisco Barroso, o Tico, que atravessa as ruas com o olhar nas coisas do
mundo, como uma forma de superar as vicissitudes de sua existência. Ou seja, na
busca da beleza ideal em sua simplicidade, para que a vida possa assumir o seu
verdadeiro significado.
A cidade de Massapê, é antes de tudo, das crianças
animadas e dos jovens, que se move no universo juvenil, por onde que se vá,
revela a importância no centro da verdade das coisas mais simples, que nos faz
deparar com o tempo e o espaço do existir humano. Ou seja, um retrato de seus
antepassados.
Tudo toca e encanta nesta cidade. Uma palavra no momento
certo pode significar tudo. Ensina que a politicagem, a violência, a neurose, o
orgulho, a vaidade, o preconceito. Alguns defeitos de caráter são como nuvens
passageiras têm que ser tratadas como tal.
O que interessa é o que fica de bom. O céu azul. O sol
voltando a brilhar. Que a invasão do verde da serra Meruoca, da humildade para
alcançar a vida dentro da bela cidade de Massapê, que acima de tudo, ela faz
parte dos sorridentes e eufóricos daqueles que querem recuperar as energias
gastas na luta pela vida, para ser reverenciada pela magia estética do
tradicional Chitão ou Chitão do galinha D’água, promovido por Expedito
Ferreira, cuja tradição, hoje, ocupada, pelo herdeiro Ferreirinha.
Por fim, são 121 anos de história, que fazem de cada rua
a rua de cada um. Ou seja, dos negros, brancos, católicos, evangélicos,
budistas e espiritas, e muito mais: o gosto da cachaça Ypióca nos bate-papos
das bodegas das esquinas, horando as tradições, “digna de ser boemia” tanto
quanto de ser lembrada. Como afirma, o boêmio e morador do bairro Dona Úrsula,
Renê Carlos.
Uma homenagem pela
comemoração dos 121 anos, da cidade de Massapê.
(*) Jornalista,
historiador e crítico literário
- atribunadoescritor@gail.com - (88- 992913811)
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