sexta-feira, 3 de maio de 2019

POUCAS E BOAS - artemisiodacosta@hotmail.com (Do Jornal Correio da Semana - Sobral-CE - Sábado - 04.05.19)

                                                Profissão: Político
Mais uma vez deparei-me com leitor em quem reacendeu a fúria por causa de algo que saiu por aqui. Tudo isso depois que outro leitor (amigo meu) lhe fez referência ao artigo veiculado há algum tempo, cujo título ora reutilizo. Garanto: minha única e exclusiva intenção é estimular as pessoas à reflexão, independentemente de que concordem ou não concordem com meu pensamento.

Desta vez, detectei com extrema facilidade a razão pela qual ele está cuspindo fogo. Antes, ele era apenas defensor ardoroso de alguém que não tem méritos, mas está ocupando cargo político. Agora, já tomei conhecimento de que o raivoso está ensaiando também pleitear uma vaguinha em 2020. Será que precisa fazer esforço mental para se chegar ao porquê da sua decisão?

Mas vamos àquilo que irrita os já quase eternizados no poder e outros cujo sonho é, acima de tudo, chegar nele. O resto da história todos sabem de cor e salteado.

Em 2016, algo curioso (pra não dizer vergonhoso) foi descoberto através de um trabalho feito pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O levantamento visava descobrir as profissões dos candidatos a prefeito no País. Pasmem! A mais informada pelos pleiteantes foi a de político. Um total de 1.934 declarou que sua profissão é a de prefeito.

Sem dúvida, essa estatística é lamentável porque, embora muitos pensem o contrário, na verdade político não é profissão. Assim, não consta da lista de profissões “quem está como” prefeito, vereador, deputado, governador, senador e presidente.

Para quem não sabe, prefeito (ou qualquer um dos citados) é, na realidade, um cargo administrativo. Só que a ganância pelo poder e a permanência nele faz até se pensar que seja mesmo uma profissão, com todo respeito às demais. E, diante disso, não fica difícil entender-se que não só prefeitos, como também outros ocupantes de cargos no Executivo ou Legislativo, citem a atividade principal como suas profissões.

Alguns tentam justificar garantindo gastar todo o tempo nessas ocupações, não fazendo outra coisa; afirmam ter nessa “profissão”, muitas vezes, a única fonte de renda. Só não citam, é claro, que traz excelente retorno financeiro. Detalhe: e é somente através dessa “profissão” que muitos conseguem garantir uma sobrevivência tranquila, trabalhando pouco e tendo alguns direitos a mais que o cidadão comum. Incrível, né?

Observa-se, também, que é grande - e cresce assustadoramente - o número dos que veem na política uma atividade comercial muito promissora; que a concebem como meio de ganhar dinheiro com mais facilidade e como o melhor caminho “para se fazer”. Que o comprovem a mudança repentina do padrão de vida e a rápida evolução financeira e patrimonial de alguns pouco tempo depois de eleitos.  

Para muitos, ingressar na política tem sido um dos melhores negócios nos últimos tempos, superando (financeiramente) qualquer atividade profissional. É tão bom, tão rentável e tão confortável que faz os políticos confundirem mesmo o tempo do mandato com o exercício de uma profissão qualquer.

Só que os argumentos retromencionados não passam de tentativa frustrada de querer justificar o injustificável. Não passam de tentativa frustrada de querer incutir na cabeça da população que o interesse pela política tem como motivador o bem comum, quando, na verdade, quase sempre o objetivo é se locupletar. Enfim, tais argumentos NÃO JUSTIFICAM a briga ferrenha que muitos travam para ingressar ou se manter no poder. Também NÃO JUSTIFICAM o escandaloso derramamento de dinheiro nas campanhas, cujo ressarcimento termina sendo feito por nós (população), caso o candidato seja eleito, através de impostos e mais impostos e tramoias diversas.
  
Vale destacar que existem, embora em número reduzido, os que entram para a política com bons propósitos, desejosos de fazer o bem e para mostrar que Política (com P maiúsculo) é algo bom, bonito e necessário. Vale salientar que há muitos homens e mulheres que detêm situação financeira confortável mesmo antes de ingressar na política. E buscam apenas mais poder e/ou notoriedade pública. Pena que, para a maioria desse tipo de gente, só é possível alcançar através da política.

Diante disso, depreende-se que já passa da hora de o povo brasileiro entender que ele é quem tem de banir do cenário nacional quem faz da política profissão. Tem de atentar para o fato de que tais políticos jamais irão criar leis que venham punir prejudicando a eles próprios. E, embora tarde, notar que se faz urgentemente necessário pelo menos exija para o Poder Legislativo a implantação da mesma regra já aplicada no Executivo. Ou seja: o direito de apenas dois mandatos consecutivos.

Agora, difícil é aparecer político com tamanha grandeza e coragem para propor e lutar por essa mudança. Mas tudo é possível!

Caso um dia aconteça, a meu ver isso será o início do fim da eternização no poder. A exterminação de uma prática nojenta acobertada pela lei, que vem sendo utilizada no País ao longo dos anos e que tem trazido enormes prejuízos à democracia e ao povo brasileiro.

Como mencionei anteriormente, tudo é possível! Agora, desde que cada brasileiro faça sua parte, que é sugerir a mudança, cobrar sua efetivação e fiscalizar seu cumprimento. Vamos nessa?

DOMINGO NA EDUCADORA AM 950 - SOBRAL-CE 
Até amanhã, no Programa Artemísio da Costa na Educadora AM 950, com notícias, reportagens, curiosidades e música de qualidade. Destaque: Sanfoneiro Luciano Sá e seu grupo "Lu do Acordeon". Participe: 3611-1550 // 3611-2496 // Facebook: Artemísio da Costa.

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