A população do Ceará, estimada hoje em 9,1 milhões de
habitantes, deve crescer até 2041, atingindo 9,7 milhões, e nos anos seguintes
passará por declínio lento, chegando, em 2060, a 9,4 milhões de habitantes.
Comportamento idêntico está para acontecer com a população brasileira, que deve
atingir o ápice de 233,2 milhões em 2047 e ao longo das décadas posteriores a
apresentar diminuição. O Brasil terá, em 2100, um quantitativo populacional
semelhante ao do ano 2000, ou seja, cerca de 180,6 milhões de pessoas.
Os dados
estão no Enfoque Econômico (Nº 209) – Projeções populacionais: análise
comparativa do Ceará com o Brasil no período 2019 a 2060, que acaba de ser
publicado pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece),
órgão vinculado à Secretaria de Planejamento e Gestão (seplag) do Governo do
Estado do Ceará.
Em termos de participação em relação ao total nacional, o
Ceará possui uma taxa projetada de 4,3% de participação em 2019, valor que vai
diminuindo lentamente ao longo dos anos, atingindo, em 2041, uma taxa de 4,2%,
e em 2060 4,1% em relação a população do país. De acordo com o estudo, apesar
da projeção de que o Brasil – e consequentemente o Ceará – começará a ter
redução populacional a partir da década de 2040, esse processo não irá ocorrer
de forma equânime nos grandes grupos etários, já que existe estimativa de uma
redução da participação de jovens (0 a 14 anos) e o incremento da população
idosa (60 anos ou mais).
Portanto, é importante destacar o gradual processo de
envelhecimento populacional previsto para acontecer ao longo dos próximos anos,
o que deverá nortear as políticas públicas de diversos setores, como, por
exemplo, nas áreas de educação, saúde e previdência pública.
De acordo com o analista de Políticas Públicas do Ipece,
Cleyber Nascimento de Medeiros, que elaborou o trabalho juntamente com a
assessora Técnica Raquel da Silva Sales, o estudo mostra que existe uma curva
crescente para o índice de envelhecimento, tanto para o país quanto para o
Estado, sendo que no ano de 2055 estima-se um índice superior para o Ceará em
relação à média nacional.
Especificamente para o Estado, a projeção é que, a
partir do ano de 2034 se terá uma proporção de idosos (com 60 anos ou mais) superior
à dos jovens (14 anos ou menos), com valores de 18,59% de idosos e 18,53% de
jovens, respectivamente. “O envelhecimento populacional é uma realidade no país
e no Ceará, sendo fruto de um processo de reestruturação da dinâmica
demográfica caracterizada pelo arrefecimento das taxas de fecundidade e
mortalidade, assim como o aumento da expectativa de vida”, frisa.
Para o Analista de Políticas Públicas do Ipece, a
reestruturação populacional enseja o desafio, para o presente e o futuro, de se
possibilitar que as pessoas possam envelhecer com segurança e dignidade,
garantindo uma participação ativa na sociedade. Nesse sentido – afirma – os
“investimentos em educação podem refletir em ganhos de produtividade,
contribuindo também para que o indivíduo, especialmente os idosos, possa
continuar por mais tempo no mercado de trabalho.
Desse modo, uma alternativa
pode ser o incremento da participação na força de trabalho dos grupos
demográficos referentes aos idosos. A partir do crescimento da esperança de
vida ao nascer, conjectura-se a possibilidade de que haja um maior interesse da
população idosa em permanecer no mercado de trabalho desde que sejam criados
atrativos financeiros, o que se justifica na medida em que se aproveitaria a
experiência de trabalho deste grupo etário”.
Outro importante indicador utilizado nos
estudos populacionais – destaca – corresponde a razão de dependência, que
consiste na divisão da população economicamente dependente (até 14 anos e os de
mais de 60 anos) pela população potencialmente produtiva, grupo este
constituído de pessoas na faixa etária de 15 a 60 anos. Ele observa que o
significativo aumento na razão de dependência no Ceará, e também no país,
decorre do fato do incremento previsto na participação da população idosa assim
como a gradativa redução do quantitativo da população potencialmente produtiva
ao longo das próximas décadas.
Projeções - Os estudos demográficos têm por objetivo
analisar aspectos inerentes a populações humanas, tais como a sua evolução no
tempo, a distribuição espacial, a composição e as suas características gerais,
sendo muito importantes no tocante ao planejamento de políticas públicas. Uma
preocupação fundamental nos estudos demográficos corresponde a projeção do
tamanho populacional em determinado momento, assim como a avaliação dos
possíveis fenômenos que determinam ou afetam esse tamanho, tais como os
nascimentos, os óbitos e a migração. Além da preocupação com o tamanho e o
crescimento da população, o estudo da composição populacional por idade e sexo
também é bastante relevante, principalmente pela sua repercussão sobre os
fenômenos sociais e econômicos.
Recentemente foi lançado pela Organização das
Nações Unidas (ONU) o relatório World Population Prospects 2019 (Prospecções da
população mundial 2019), observando-se que o Brasil ocupa atualmente a sexta
posição no ranking mundial em um total de 235 países avaliados, com uma
estimativa de 211 milhões de habitantes, atrás somente da China, Índia, Estados
Unidos, Indonésia e Paquistão. As projeções populacionais indicam tendências
demográficas atuais, às quais estão sujeitas a revisões e modificações ao longo
dos anos pois podem ser influenciadas por avanços na área de saúde, mudanças
tecnológicas, condições políticas e costumes.
O relatório da ONU aponta também que a
população brasileira está crescendo a um ritmo mais lento que a média mundial
principalmente por possuir atualmente taxas de fecundidade inferiores à média
global. Os dados também revelam que há uma tendência de envelhecimento da
população do país de forma mais intensa do que no restante do mundo. O estudo
sobre prospecções da população mundial apresenta os dados em nível de países,
realizando importantes análises comparativas para este nível geográfico. Não
obstante, esse Enfoque objetivou analisar o comportamento das projeções
populacionais do país e do Ceará para os próximos 42 anos (2019 a 2060),
utilizando, para tanto, dos dados produzidos pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE).
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