A
admiração do leitor é procedente. No verbo “extinguir”, o “U” não é
pronunciado. Junto com a letra “E”, ele forma dígrafo, ou seja, duas letras que
representam um único som. A razão é que, sem o “U”, nós leríamos “extingir”.
Por isso, o dígrafo só ocorre antes de “I” ou “E”. Não antes de “A” e "O”.
Logo, a primeira pessoa do presente do indicativo de “extinguir” é “eu extingo”
e não “eu extinguo”.
Pode-se
até formular a regra: verbos terminados em “guer” e “guir” (em que o “U” não
for pronunciada) perdem o “U” antes de “A” e de “O”.
Apesar
de o infinitivo “erguer” ser escritos com “GU”, ninguém escreve “eu erguo”. Por
que, então, se escreveria “eu estínguo”?
É
preciso ter cuidado com essa regra, principalmente quando se trata dos verbos
extinguir e distinguir. Atenção:
Não fazer soar a letra “U”.
Verbos que
surpreendem
É
preciso observar que nem sempre a regência usada no dia a dia é a dominante no
padrão culto formal. Você já deve ter ouvido ou dito frases como “Eu pedi para
você fazer”, “Eu pedi para ela ficar”. A frase “Às vezes peço a ela que vá
embora”, na língua linguagem coloquial talvez se transformasse em “Às vezes
peço para ela ir embora”.
Muitos dicionários registram a regência “pedir para”,
mas indicam que, no padrão formal, essa construção deve ser usada quando
estiver implícita a ideia de “licença ou permissão”. Veja alguns exemplos:
Pediu (permissão/licença) para ficar em casa; Pediu (permissão/licença) para estacionar
na garagem do prédio.
“Trata-se de” (Concordância
verbal)
A concordância “trata-se de” indica que o
sujeito da oração está indeterminado. O “se” é o índice de indeterminação do
sujeito. Assim, nessa construção, o verbo “trata-se” só pode ficar no singular:
Certo: Trata-se de documentos importantes; Errado: Tratam-se de documentos
importantes.
Um
erro comum é explicitar para “trata-se de”. Exemplo de erro: A palestra
trata-se de um assunto complexo. A norma gramatical do Português não permite a
explicitação do sujeito da oração (“a palestra”) para o verbo com estrutura de
sujeito indeterminado (“trata-se”).
Para usar a estrutura “trata-se de”,
elimine o sujeito da oração. Frases corretas: Trata-se de um assunto complexo;
A palestra é sobre um assunto complexo.
Reveses / revezes
(Qual a diferença?)
REVESES
é o plural de “revés”, que significa diversidade, obstáculo: Ele sofreu muitos
reveses durante a vida. REVEZES é uma forma verbal de “revezar”: Espero que tu
revezes com teu amigo.
Tachar / taxar (Qual
a diferença?)
TACHAR
significa qualificar alguém de atributo negativo; rotular: Esse funcionário foi
tachado de incompetente; O deputado foi tachado de ladrão. TAXAR significa
tributar; pôr uma taxa: O governo quer taxar a poupança; A Alfândega taxa os
produtos importados.
(*) Graduado em Letras Plenas, com Especialização em Língua
Portuguesa e Literatura, na Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). É,
também, funcionário do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Sobral (CE).
Contatos: (88) 99868-2517
e (88) 98141-2183.
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