
Apesar
de 68% das empresas consultadas terem considerado necessário dedicar tempo à
abordagem da violência doméstica sofrida por funcionárias, apenas 19%
desenvolvem políticas e ações de combate ao problema. Deste total, 11%
declararam que esse engajamento se dá por meio de campanhas de sensibilização e
conscientização.
Somente
9% têm um canal de ouvidoria para apoio à mulher. Na mesma proporção, as
companhias oferecem serviço de psicologia fora de suas sedes e apoio
jurídico. Um percentual inferior, de 4%, oferece suporte por meio de uma rede
de apoio constituída por mulheres vítimas de violência.
Empresas
que oferecem atendimento psicológico no próprio ambiente de trabalho totalizam
5%. Os dados mostram ainda que 13% das empresas declararam não saber se têm
mecanismos de enfrentamento à violência doméstica.
Perfil
Outro
indicador importante é relativo ao perfil das empresas que mais se empenham em
iniciativas desse tipo. As de grande porte são as que mais se comprometem
quanto ao enfrentamento à violência doméstica. Ao todo, 25% das empresas com um
quadro de 499 funcionários ou mais investem nisso.
Entre
aquelas que têm até 99 empregados, a proporção das que estruturam ações e
políticas é de 17%, ficando em segundo lugar na lista. Já entre as companhias
da faixa intermediária, com um quadro de pessoal entre 100 e 499 pessoas, 11%
têm iniciativas para abordar a violência contra a mulher. No que concerne ao
tipo de gestão, constatou-se que 21% dos negócios classificados como
profissionais decidiram colaborar com o combate à violência doméstica dessa
forma, ante 15% das companhias administradas por famílias.
O
estudo mostra ainda que as empresas estrangeiras tendem a se preocupar mais. Ao
todo, 22% delas contam com ações e políticas. No grupo das nacionais, o número
é de 17%.
Menos
de um terço das empresas ouvidas (26%) afirmou que monitora os casos de
violência contra funcionárias e intervém, contra 55% que declarou não fazê-lo.
Dentre as justificativas apresentadas destacam-se as seguintes: não está na
agenda prioritária da organização (33%); dificuldade de mensurar e controlar
(13%) e falta de apoio da liderança (12%).
Assédio sexual e moral
O
estudo também revelou informações sobre o modo como os empreendedores têm
atuado em face do assédio sexual e moral contra mulheres. De acordo com o
Tribunal Superior do Trabalho (TST), somente no ano passado foram movidas, na
Justiça do Trabalho, mais de 56 mil ações relativas a assédio moral.
O
setor industrial recebe destaque positivo: 74% das empresas afirmam desenvolver
iniciativas para enfrentar esses crimes. Em relação aos representantes do setor
de comércio e serviços, as porcentagens são de 57% e 54%, respectivamente.
No
caso do assédio, a maior adesão se dá entre as empresas de perfil profissional
(66%) e com um quadro de mais de 499 funcionários (77%), formado,
majoritariamente, por mulheres (64%). Os dados mostram que 60% das empresas
participantes adotam ações de combate ao assédio e que o canal de denúncias é o
principal meio (38%).
Equidade, igualdade e
coibição
A
gerente de Comunicação, Marketing e Inteligência de Mercado da Talenses, Carla
Fava, ressalta que há outros fatores que podem contribuir para o combate à violência
de gênero nas organizações. Segundo ela, ao valorizar as funcionárias,
designando-as a cargos de chefia, uma empresa estará fortalecendo essas
mulheres e mitigando os prejuízos que relações de poder podem gerar.
Na
avaliação da gerente, as organizações estão "mais abertas" a
monitorar o assédio do que a violência doméstica porque esta última acontece em
um ambiente privado e fora das empresas. Para Carla, esse fato reforça a
impressão de que a violência doméstica não é um problema social e que os gestores
podem se eximir de discutir o assunto, por, supostamente, não terem relação com
ele. "Esse distanciamento que tem com a violência doméstica faz com que [a
empresa] tenha dificuldade de enxergar que esse problema também é dela",
afirma.
Feita
ao longo de dois meses, no segundo semestre deste ano, a pesquisa está
disponível, na íntegra, no site do Talenses
Group. Para elaborá-la, os autores contaram com o apoio institucional do
Instituto Patrícia Galvão e da Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de
Gênero e o Empoderamento das Mulheres (ONU Mulheres), entre outras entidades.
(Fonte: Ag. Brasil)
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