Um documento do Ministério Público estadual do Rio
detalha o suposto esquema de corrupção envolvendo o senador Flávio
Bolsonaro (sem partido-RJ), quando ele era deputado estadual.
Os promotores afirmam que Flávio Bolsonaro é o chefe de uma organização
criminosa e identificaram
pelo menos 13 assessores que repassaram parte de seus salários ao ex-assessor
dele, Fabrício Queiroz.
Em um vídeo publicado nas redes sociais na tarde
desta quinta-feira, Flávio Bolsonaro nega 'rachadinhas' e lavagem de
dinheiro. Ele criticou o vazamento das informações do processo, que corre
em segredo de Justiça, negou todas as acusações e se disse vítima de
perseguição.
Os promotores dizem que Fabrício Queiroz “arrecadou
grande parte da remuneração de funcionários fantasmas do então deputado
estadual Flávio Bolsonaro” e que foram identificados pelo menos 13 assessores
que repassavam parte do salário.
Queiroz recebeu 483 depósitos na conta bancária,
mais de R$ 2 milhões.
Os promotores afirmam que, apesar do que já disse,
“Fabrício Queiroz não agiu sem o conhecimento de seus superiores hierárquicos,
já que ele próprio alegou em sua defesa que retinha os contracheques para
prestar contas a terceiros”.
O Ministério Público apresenta uma troca de
mensagens com uma das funcionárias do gabinete em que ele escreve: “Você pode
me informar o valor que foi depositado este mês para eu prestar contas”.
O Ministério Público diz que ele conversava com
Danielle Mendonça, ex-mulher de Adriano Nóbrega. O ex-capitão do Bope foi
denunciado como líder de um grupo de milicianos e assassinos de aluguel
conhecido como Escritório do Crime.
O Ministério Público afirma que a nomeação de
Danielle no gabinete de Flávio foi feita a pedido de Adriano.
A investigação mostra que, no final de 2017,
Fabrício Queiroz demonstrou preocupação com a situação de Danielle por
causa das eleições de 2018 e o receio de que o aumento da exposição de Flávio
Bolsonaro levasse a imprensa a descobrir a nomeação da esposa do miliciano em
seu gabinete.
Foi o que ele escreveu numa outra mensagem: “Sobre
seu nome.... Não querem correr risco, tendo em vista que estão concorrendo e a
visibilidade que estão. Estão fazendo um pente fino nos funcionários e na
família deles”.
Danielle acabou exonerada e, numa conversa em
janeiro ela, admitiu a uma amiga que sabia da origem ilícita do dinheiro: “Eu
já vinha há um tempo muito incomodada com a origem desse dinheiro na minha
vida. Sei lá. Deus deve ter ouvido”.
Os promotores mostram ainda que o esquema de
funcionários fantasmas tinha uma base a quase 200 quilômetros da Assembleia
Legislativa do Rio. Dez assessores da mesma família eram de Resende, no Sul do
Rio, a família Siqueira, todos parentes de Ana Cristina Siqueira Valle,
ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro.
Juntos eles receberam mais de R$ 4,8 milhões em
salários da Alerj - 83% foram sacados em dinheiro vivo.
A investigação indica que Flávio Bolsonaro era o
líder da organização criminosa e que essa organização tinha pelo menos quatro
núcleos, com uma clara divisão de tarefas: quem nomeava, os operadores
financeiros, as pessoas que aceitavam os cargos em troca de devolver parte dos
salários, e o núcleo que lavava dinheiro.
Os promotores dizem que, no fim de 2018, numa
conversa com um dos fantasmas, Queiroz já se mostrava apreensivo com a
investigação. Ele avisou: “Cuidado com o que vai falar no celular”.
Mas o Ministério Público suspeita que Queiroz
acreditava que poderia manter o esquema. Em outra mensagem para a funcionária
do gabinete ele disse: “Vamos continuar juntos em 2019”.
A assessora respondeu:
“Que assim seja”.
O advogado Paulo Klein informou que, por
questões de foro íntimo, não representa mais Fabrício Queiroz nem a família
dele, mas tem plena convicção da inocência deles em relação aos fatos
investigados pelo Ministério Público.
(G1)
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