A
Organização Mundial da Saúde (OMS) fez novas recomendações para tentar
alcançar as 8,1 milhões de pessoas que vivem com vírus da imunodeficiência
humana (HIV), mas ainda não foram diagnosticadas e, portanto, não têm acesso ao
tratamento. As diretrizes foram divulgadas pelo Dia Mundial de Luta Contra a
Aids, lembrado hoje (1º), e tem o
objetivo de ajudar os serviços de saúde a se adaptarem à natureza mutável da
epidemia de HIV.
“A face da epidemia de HIV mudou dramaticamente na
última década”, afirmou, em nota, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom
Ghebreyesus. “Mais pessoas do que nunca estão recebendo tratamento, mas muitas
ainda não têm a ajuda de que precisam porque não foram diagnosticadas”,
acrescentou.
O teste de HIV é essencial para garantir que as
pessoas sejam diagnosticadas precocemente e iniciem o tratamento. De acordo com
a OMS, bons serviços de testagem também garantem que as pessoas que apresentem
HIV negativo estejam ligadas a serviços de prevenção adequados e eficazes. Isso
pode ajudar a reduzir 1,7 milhão de novas infecções que ocorrem a cada ano.
No final de 2018, havia 36,9 milhões de pessoas com
HIV no mundo. Desses, 79% foram diagnosticados, 62% estavam em tratamento e 53%
haviam reduzido seus níveis de HIV por meio de tratamento sustentado, a ponto
de reduzir substancialmente o risco de transmissão do vírus.
No Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde, 135
mil pessoas no Brasil vivem com o vírus HIV e não sabem. Na última sexta-feira
(29), a pasta lançou a sua nova campanha: “HIV/aids. Se a dúvida
acaba, a vida continua”, com foco na importância da prevenção, testagem e
tratamento. O público alvo é população jovem, faixa em que a contaminação está
crescendo no país.
Novas
recomendações - Uma das recomendações da OMS é que todos os países
adotem uma estratégia padrão de teste de HIV, que usa três testes reativos
consecutivos para estabelecer um diagnóstico de soropositividade.
Anteriormente, a maioria dos países de alta carga usava dois testes
consecutivos. A nova abordagem pode ajudar os países a alcançarem a máxima
precisão no teste de HIV, na medida em que uma grande proporção de pessoas já
foi testada e tratada.
A OMS recomenda ainda que os países usem o autoteste
de HIV (teste rápido de HIV) como uma porta de entrada para o diagnóstico. De
acordo com a organização, pessoas com maior risco de HIV e que não fazem testes
em contextos clínicos têm maior probabilidade de fazer o autoteste.
As redes sociais também podem ser utilizadas para
rastrear certos grupos populacionais importantes, que têm alto risco de
infecção pelo HIV, mas menos acesso aos serviços. Isso inclui homens que fazem
sexo com homens, pessoas que usam drogas injetáveis, profissionais do sexo,
população trans e pessoas privadas de liberdade.
Segundo a OMS, essas “populações-chave” e seus
parceiros são responsáveis por mais de 50% das novas infecções pelo HIV. Por
exemplo, a testagem de 99 contatos de redes sociais de 143 pessoas soropositivas
na República Democrática do Congo mostrou que 48% tiveram diagnóstico
soropositivo.
O uso de comunicações digitais inovadoras lideradas
por pares, como mensagens curtas e vídeos, também pode criar demanda e aumentar
a aceitação do teste de HIV. Evidências do Vietnã mostram que profissionais de
assistência online aconselharam cerca de 6,5 mil pessoas de grupos-chave da
população em risco, das quais 80% foram encaminhadas para testes de HIV e 95%
fizeram os testes. A maioria (75%) das pessoas que receberam aconselhamento
nunca havia tido contato antes com serviços de pares ou serviços sociais para o
HIV.
A OMS também pede esforços para fornecer serviços de
diagnóstico rápido por meio de fornecedores não especializados em países da
Europa, Sudeste Asiático, Pacífico Ocidental e Mediterrâneo Oriental. Nessas
regiões ainda está em uso o método laboratorial “western blotting”. Evidências
do Quirguistão mostram que diagnósticos de HIV que levaram de quatro a seis
semanas com o “western blotting” agora levam apenas de uma a duas semanas e são
muito mais acessíveis graças a mudanças em políticas.
O uso de testes rápidos duplos de HIV/sífilis no
atendimento pré-natal como o primeiro teste
de HIV pode ajudar os países a eliminar a transmissão de mãe para filho de ambas
as infecções. Para a OMS, a medida pode ajudar a fechar a lacuna de testes e
tratamento e combater a segunda principal
causa de natimortos no mundo. Abordagens mais integradas para testes de HIV,
sífilis e hepatite B também são incentivadas pela organização. (Ag. Brasil)
Nenhum comentário:
Postar um comentário