sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

LITERATURA CEARENSE: Mais um betanista chamado por Deus! (Prof. Leunam Gomes*)


Segundo os dados do colega e grande organizador Aguiar Moura, ANTÔNIO MARTINS VASCONCELOS, falecido dia 27 de janeiro, à tarde, foi o 45º betanista, desde que ele começou a catalogar os que estudaram no Seminário de Sobral.

Certamente, a lista é bem maior, considerando que o Seminário já conta 95 anos de sua fundação.
Estudamos juntos no Seminário de Sobral, desde 1956, a partir do primeiro ano ginasial. Eu já chegara no ano anterior e fizera o Preliminar, correspondente, à época, ao quinto ano primário, após ser aprovado no Exame de Admissão.  

Da nossa turma, faziam parte:  Antônio Marcelo Liberato, Antônio Martins, Francisco Eduardo Pierre, Francisco Luciano Paiva, Gustavo Machado da Ponte, José Albeci Carneiro, José Américo Timbó, José Pinto de Albuquerque, Luiz Francisco Cavalcante, Raimundo Catunda Lopes, Vicente Torres Mourão e eu.

Em nosso livro SEMINÁRIO DA BETÂNIA – AD VITAM – 65 DECLARAÇÕES DE AMOR, escrevemos: “De 1955 a 1961 foram anos marcantes. Conviver com uma equipe de padres que, a nosso ver, era a seleção do clero sobralense. Todos sabiam bem tudo que lhes cabia fazer. Aprender o Latim que estava presente em tudo, o Grego, o Francês, Inglês, Matemática era ter uma base para a vida. Além disto, os ensinamentos de Ética, Moral, Boas Maneiras fizeram a diferença.

No segundo ano, a nossa turma criou um jornal mural para tornar públicas as nossas produções literárias e divulgar os nossos eventos. Foi uma grande inovação no Seminário. O nosso jornal era aguardado com expectativa por todos. Era escrito à mão, numa folha de cartolina, dividida em cinco ou seis colunas. No quinto ano fizemos uma edição impressa. Outra grande inovação inclusive com patrocínios comerciais. Esta experiência nós a levamos para o Seminário de Olinda, onde fomos cursar o Seminário Maior. ”

O Martins e eu, sem nos darmos conta, estávamos entrando na atividade jornalística a partir daquela prática que iniciamos quando ambos tínhamos quinze anos. Ele escrevia com relativa facilidade e de uma forma muito clara. Eu tinha vontade de imitá-lo. Fomos aprendendo juntos.

Nos separamos quando ele saiu do Seminário Maior, em Olinda. E sem saber, contribuí para que ele conseguisse o primeiro emprego de sua vida, logo ao sair do Seminário. Como eu ia viajar, de férias, para o Ceará, pedi-lhe o favor de sacar um cheque que eu havia recebido. Ao prestar-me aquele favor, estabeleceu-se uma conversa com o Gerente do Banco. Ao descobrir que o Martins estava deixando o Seminário, levantou a hipótese de que ele fosse trabalhar no Banco. E deu certo.

Mas a sua vocação principal era no ramo da comunicação. Fez Jornalismo a que se dedicou a vida inteira, com muito sucesso. Criou a sua empresa SOM & LETRAS, em Brasília, e deu uma nova valorização ao noticiário radiofônico. Pela sua competência e prestígio, foi nomeado Presidente da RADIOBRÁS, no governo Sarney.

Eu prossegui no Seminário até concluir o curso de Teologia. Mesmo no Seminário, envolvi-me com o Rádio, com programas na Rádio Clube e, depois, na Rádio Olinda, ao lado do colega Assis Rocha. Nas férias, em Afogados da Ingazeira, onde o Bispo era o nosso ex-Reitor no Seminário de Sobral, Dom Francisco Austregésilo de Mesquita, fazíamos programas na Rádio Pajeú, junto à equipe do Movimento de Educação de Base.

Mais tarde, fui coordenador da Rádio Educadora do Nordeste, em Sobral. Depois de fazer um curso de Teleducação em Rádio Cinema e TV, em Bogotá, na Colômbia.  No Maranhão, para onde me mudei em 1972, passei um ano como Coordenador de Aperfeiçoamento Pedagógico da TV Educativa, a pioneira no ensino Fundamental à distância. Depois, fui Diretor das Rádios Gurupi, Educadora e Rádio Timbira.

O Martins fez uma carreira brilhante no jornalismo, chegando a ocupar o cargo de Secretário de Comunicação do Estado de Pernambuco. Na época da ditadura, foi colunista do Jornal O Globo e do Jornal do Brasil. Trabalhou na redação do Jornal de Brasília, onde conquistou muito prestigio nos meios político e jornalístico pela competência, pela seriedade e pela forma gentil de tratar as pessoas.

Depois de 52 anos, no reencontramos, no ano passado, em Brasília, onde promovemos um pequeno encontro de Betanistas. E lá estiveram: o Martins, o Antônio Vieira, o Antônio Edvar, José Gentil, José Abner e eu. Nossas companheiras também participaram daquele momento de confraternização. O grande sonho do Martins era participar de um encontro dos Betanistas em Sobral. Não deu tempo, lamentavelmente.

Sob a influência da vida nos Seminários de Sobral e Olinda, escreveu o Romance PECADO MORTAL, muito bem aceito pela crítica especializada.

Em sua memória, teremos uma Missa e um encontro de amigos no próximo dia 28 de fevereiro, em Fortaleza, no Seminário da Prainha, às 19h. celebrada pelo Betanista Mons. Assis Rocha.

(*) Leunam Gomes, Professor, colunista deste Blog, Professor, Ex-Pró-Reitor de Extensão da UVA, autor do livro PROFESSOR COM PRAZER e outros.

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