A porta-voz de Michelle Bachelet, Alta Comissária da ONU para Direitos Humanos, se pronunciou nesta terça-feira (24) sobre a morte do João Alberto Silveira Freitas, que foi assassinado por seguranças em uma loja do Carrefour em Porto Alegre.
"Esse
ato deplorável, que aconteceu tragicamente na véspera do Dia da Consciência
Negra no Brasil, deve ser condenado por todos", afirmou Bachelet em comunicado
divulgado por sua porta-voz, Ravina Shamdasani.
"O
assassinato de João Alberto Silveira Freitas, um afro-descendente espancado até
a morte por dois seguranças particulares na cidade de Porto Alegre, no sul do
Brasil, é um exemplo extremo, mas infelizmente muito comum, da violência
sofrida pelos negros no país", afirmou a alta-comissária da ONU.
"[O
crime] oferece uma ilustração nítida da persistente discriminação e racismo
estruturais que as pessoas de ascendência africana enfrentam",
afirmou Bachelet. "O governo tem uma especial responsabilidade de
reconhecer o problema do racismo persistente no país, pois este é o primeiro
passo essencial para resolvê-lo".
A
declaração ocorre após o vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão, afirmar depois da morte de João Alberto que,
"no Brasil, não existe racismo": "É segurança
totalmente despreparado para a atividade que ele tem que fazer [...] Para mim, no Brasil não existe racismo. Isso é uma coisa que
querem importar aqui para o Brasil. Isso não existe aqui".
A
alta-comissária da ONU afirmou também que "o racismo, a discriminação e a
violência estruturais que os afrodescendentes enfrentam no Brasil são
documentados por dados oficiais, que indicam que o número de vítimas afro-brasileiras de homicídio é
desproporcionalmente maior do que outros grupos" e "os dados também
mostram que os afro-brasileiros, incluindo mulheres, estão sobre representados
na população carcerária do país".
Bachelet
pediu que a investigação sobre o assassinato de João Alberto seja "rápida,
completa, independente, imparcial e transparente" e examine o viés racial
no crime para "assegurar a justiça e a verdade".
Ela pediu
também que autoridades investiguem denúncias de uso desnecessário e
desproporcional da força contra pessoas que protestam pacificamente após a
morte de João Alberto. (G1)
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