Em entrevista ao programa CB.Saúde, parceria do Correio com a TV Brasília, o epidemiologista e professor da Universidade de Brasília (UnB) Wildo Navegantes fez um apelo à população sobre a importância de manter os cuidados de prevenção à covid-19, mesmo com a chegada da vacina.
“O
vírus, provavelmente, não vai embora. A população tem que entender que, agora,
mudaram as nossas regras de convivência, se quisermos viver pacificamente com
ele”, destacou. De acordo com ele, o ano de 2021, provavelmente, ainda será
pandêmico.
Alguns países já anunciaram o início da vacinação para este mês. Na
avaliação do senhor, o Brasil está perdendo tempo?
A ciência
evoluiu muito rapidamente respondendo a essa pandemia. A gente já está sabendo,
de fato, que vários países na Europa estão começando a fazer esse trabalho de
vacinação. A vacina de lá é diferente, porque ela requer um pouco mais de
cuidado na manutenção. Eu imagino que o Brasil ainda está se adaptando a essa
realidade, eu diria que os nossos alvos principais são vacinas que se adaptam à
rede de frio mais adequada à nossa realidade. Geladeiras que mantêm a
temperatura baixa, mas não tão baixa quanto a vacina que está sendo lançada
agora na Europa.
O Distrito Federal está preparado para receber a vacina contra a
covid-19?
O DF
ainda precisa avançar na preparação, principalmente, na atenção primária. É nos
Centros de Saúde e nos Postos de Saúde que estão pertinho da comunidade, que
devem estar organizados com toda a cadeia de rede de frio e toda a estrutura de
imunização pronta. E, nesse sentido, nós temos alguns lugares ainda sem sala de
vacina, com centro de saúde, por vezes, ainda frágeis.
Poderia fazer uma avaliação geral sobre as vacinas que estão em testes
no Brasil?
O que eu
sei é a mesma coisa que todo mundo tem acesso, mas eu diria que nós estamos
andando muito rapidamente. (Essas vacinas) são uma resposta a um vírus novo,
que a sociedade científica teve de entender. Eu diria que, muito em breve, nós
estaremos com bons resultados e com oferta de diferentes vacinas para uso
humano.
Na sua avaliação, como vamos terminar o ano de 2021?
Teremos
um percentual importante de pessoas imunizadas, ou melhor, que pelo menos
tenham recebido uma ou duas doses da vacina. Esse vírus, provavelmente, não vai
embora. A gente tem que entender que, agora, mudaram as nossas regras de
convivência, se quisermos viver pacificamente com este vírus. Manter as
questões relacionadas à higiene pessoal no ponto de vista da lavagem das mãos;
se tiver solução alcoólica use, se não tiver, use água e sabão que resolve do
mesmo jeito. Para a população vulnerável, cabe ao Estado fazer essa reposição
dos serviços de saúde e sociais para a proteção ao vírus. A sociedade tem que
entender que já não dá mais para sair sem máscara ou, ainda, aglomerar sem ter
a necessidade. Temos que mudar o nosso comportamento, porque esse vírus vai
continuar. O ano que vem, provavelmente, será pandêmico. Esperamos que,
somente, por esse vírus. (Correio Braziliense)
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