Após a aprovação do uso emergencial das vacinas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e do Instituto Butantan pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), surgiram novas informações falsas sobre os imunizantes nas redes sociais e em aplicativos de mensagem.
Entre as fraudes, estão grupos criminosos que se utilizam da
desinformação para aplicar golpes. O Ministério da Saúde chegou a publicar, em
14 de janeiro, uma nota sobre um golpe no qual o criminoso, identificando-se
como um agente da pasta, ligava para a vítima para realizar um pré-cadastro
para a vacinação, com o objetivo de obter informações pessoais. Em outro caso,
os criminosos enviaram uma mensagem de texto com um link ou código para um
cadastramento falso.
Logo após a aprovação das vacinas, por exemplo, começou a circular um
cronograma falso de vacinação nas redes sociais. A mensagem mistura o primeiro
cronograma apresentado pelo governo do estado de São Paulo com datas irreais de
vacinação para as faixas etárias de 0 a 28 anos e 29 a 59 anos no estado.
De acordo com a pasta, não existe nenhum agendamento ou cadastro de
vacinação, sendo recomendado não fornecer dados e denunciar as tentativas de
golpes às autoridades competentes.
Vacinação
até sem documento
"Se no momento da imunização contra a Covid-19 o cidadão não esteja
de posse de nenhuma identificação, o estabelecimento de saúde, em sua
plataforma CadSus, poderá efetuar o devido cadastro e o processo de imunização
ocorrerá normalmente", esclarecem, em comunicado conjunto, o Ministério da
Saúde, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o Conselho
Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems).
Em outro trecho, as três entidades afirmam que “ninguém que pertence ao
público prioritário da campanha, definido naquele momento, deixará de ser
vacinado".
No
Distrito Federal
O mesmo tipo de golpe foi registrado no Distrito Federal: criminosos se
passando por servidores da Saúde e ligando para as vítimas a fim de oferecer um
agendamento falso para vacinação. Segundo a Secretaria de Saúde do Distrito
Federal, a estratégia foi utilizada para clonar aplicativos de mensagens e,
assim, acessar o celular das vítimas.
São
Paulo
O governo do estado de São Paulo disponibilizou um portal de
pré-cadastro não obrigatório, por meio do endereço vacinaja.gov.br. Nesses
casos, recomenda-se que os cidadãos procurem os sites oficiais de cada estado
para verificar a existência de cadastramento.
Como não cair em golpes, nem acreditar em informações falsas?
1) Ative a verificação em duas etapas de aplicativos como WhatsApp,
dificultando o acesso de estranhos às mensagens. A ferramenta está disponível
nas configurações do aplicativo.
2) Desconfie de links, ligações e mensagens que oferecem cadastros e
convites. Tanto nesses casos como no recebimento de informações sobre
vacinação, o recomendado é sempre procurar informações nos canais oficiais dos
governos.
3) Caiu em algum golpe? Nesses casos, a primeira medida a se tomar é
comunicar seus contatos telefônicos sobre o ocorrido para que eles também não
sejam vítimas.
4) Também se recomenda tentar desinstalar o aplicativo WhatsApp a fim de
recuperar a conta entrando com um novo código de ativação. Nesse caso, o
criminoso perderá acesso.
5) A vítima também pode registrar um boletim de ocorrência para que as
autoridades competentes investiguem o ocorrido. Em todos os casos, é importante
registrar informações relacionadas aos crimes, como mensagem, links e ligações.
Pandemia
e infodemia
Na avaliação de Heloísa Massaro, pesquisadora do InternetLab, o contexto
atual das redes sociais contribui para o aparecimento de informações falsas,
resultando numa “crescente desconfiança de processos e autoridades que antes
marcavam a produção do conhecimento”.
“A internet e as redes sociais em um certo grau geram para o usuário a
sensação de que está tendo acesso a todo o debate público, quando muitas vezes
ele está tendo acesso só a uma parte do que está acontecendo”, considera
Massaro.
Paralelamente, as discussões sobre as vacinas são recentes. “A gente
nunca acompanhou processos de produção de testes de vacina, sabendo nome de
laboratório, doses, etc. Acaba sendo algo muito recente, e a gente está tendo
que lidar com isso no meio de toda essa mudança na forma de se comunicar, no
meio dessa desconfiança em autoridades e instituições”, conclui a pesquisadora.
(Brasil de Fato)
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