sábado, 29 de maio de 2021

LITERATURA CEARENSE - JUNHO: PARA CELEBRAÇÕES E REFLEXÕES – Texto do Mons. Assis Rocha

Neste sábado, 29, último Programa do Mês de Maio, véspera da Festa da SS Trindade, é também antevéspera do Mês de Junho, todo cheio de Festas Folclóricas e Religiosas que seriam um Misto de Fé, de religiosidade e de muita alegria popular, dado que é também o Mês dos Santos: Antônio, João e Pedro e de outras motivações voltadas para a fé, o mistério e as celebrações mais litúrgicas da Igreja.

Logo amanhã, 30 de Maio, festejamos a Santíssima Trindade. 03 de Junho, Corpus Christi. Dia 11, Sagrado Coração de Jesus. Dia 12, Imaculado Coração de Maria; e tanto para os que se divertem nas festas folclóricas, como para os que têm fé e rezam, todos têm o “eterno Dia dos Namorados” no dia 12 de Junho. Pena é que, desde o ano passado, tudo continua mudado da tradição junina, devido a Pandemia de que estamos sendo vítimas, por causa da COVID-19 que tanto está tirando a vida, a tranquilidade, como a normalidade das sociedades: familiar, religiosa, política, estudantil, econômica e social de todo mundo.

A verdade é que estamos cheios de Festejos e datas importantes a serem celebradas. Depois de celebrarmos amanhã, a SS Trindade, logo na 5ª feira, dia 03, será a Festa do Corpo de Deus, motivando todos a adorarem, publicamente, o Corpo e o Sangue de Cristo, no Dia Santo de Guarda, em homenagem ao Milagre da Transubstanciação.

Feito por Jesus, uma única vez, na última ceia e repetido pelos seus presbíteros, para sempre, “até a consumação dos séculos”.  Tomai e comei. Isto é o meu corpo. Tomai e bebei. Este é o cálice do meu sangue. Fazei isso em memória de mim”. Aí estava instaurado “o milagre da transubstanciação”, isto é, o pão e o vinho perderiam a própria força, a própria substância, para receber em si, a “substância de Jesus”. “Isso é impossível aos homens? A Deus não o é”. Está fechada a questão.

Isso aconteceu no ano 33 da era cristã, antes de Sua morte. Mesmo ano em que ressuscitou, subiu ao céu, enviou o Espírito Santo e fundou a Igreja. Faz 1988 anos que tudo isso se deu. Somadas as datas, dá o ano em que nos encontramos: 2021. Não se pode duvidar. É uma conta simples de matemática. O que dificulta para entender isso, é a nossa falta de fé.

Até o século XIII a Igreja celebrava a Eucaristia, “recordava a memória de Jesus”, levava ao povo a mensagem da “comunhão”, da vida comunitária, mantinha Jesus, preso ao Sacrário, o povo O via na celebração da Santa Missa, nas exposições do Santíssimo, mas não O encontrava nas vias públicas, não manifestava sua alegria em vê-Lo, não enfeitava as ruas para que Ele passasse. Jesus havia ficado conosco pela instituição da Eucaristia, mas era conservado tão “oculto” quanto lá longe, junto ao Pai e ao Espírito Santo, antes da Encarnação e depois de Sua Ascensão ao Céu. O próprio Jesus quis fazer-se presente através de inúmeras ocasiões, além das celebrações eucarísticas, sobretudo nos constantes, famosos e históricos “milagres eucarísticos”, tão divulgados pelo mundo e reconhecidos como verdadeiros, que levou o Papa Urbano IV a criar a Solenidade do Corpo de Deus, a ser celebrada na 5ª Feira após a Festa da SS. Trindade, todos os anos, “para testemunhar, publicamente, a adoração e veneração da Santíssima Eucaristia”. Isto se deu através da Bula “Transiturus de hoc mundo” de 11 de agosto de 1264. Faz, portanto, 757 anos que se celebra, publicamente, o “tão sublime sacramento” de uma maneira mais próxima do povo, caminhando pelas nossas ruas, avenidas, praças, logradouros e de passagem pelas portas de nossas casas. Todos merecem vê-Lo de perto, falar com Ele, pedir-Lhe uma graça e saudá-Lo como Aquele que veio para nos unirmos em Comunhão. Claro que neste ano, a Pandemia vai impedir-nos de prestar-Lhe a pública homenagem que Ele merece receber. Assim, já o fizemos na quaresma, Semana Santa, Páscoa, Ascensão, Pentecostes e na S.S. Trindade amanhã. Todas, virtualmente, celebradas pelas Redes Sociais. 

É tão importante a Festa de Corpus Christi que o Código de Direito Canônico, em seu Cânon 395 recomenda – extensivamente aos Párocos - que “o Bispo não se ausente da Diocese neste dia, dada a extraordinária solenidade em honra do Corpo do Senhor” e o Concílio de Trento, no século XVI, “oficializou as Procissões Eucarísticas como Ação de Graças pelo dom supremo da Eucaristia e como manifestação pública de fé na presença real de Cristo na Hóstia Consagrada”. Não podemos solenizar como merece, mas o faremos.

O que se espera é que, mesmo sem a participação presencial, se celebre, virtualmente, com muita fé e entusiasmo, a Festa do Corpo de Deus, neste dia 03 de Junho, de nossas casas, seguindo a orientação da Paróquia, com todo o respeito que a Eucaristia merece e lembrando-nos que a Comunhão só deverá ser recebida, embora espiritualmente, quando a gente está, verdadeiramente, na graça de Deus: sem pecado. No mínimo, que se reze o Ato de Contrição, com um propósito firme de não voltar a pecar, até aparecer uma oportunidade favorável à recepção do Sacramento da Reconciliação com um Sacerdote. É o nosso reconhecimento ao Senhor pela sua doação generosa e completa a favor de nossa salvação. A Solenidade dos Santíssimos “Corpo e Sangue de Cristo” é a demonstração pública de nossa fé e a nossa gratidão pela dádiva da Eucaristia. É nossa correspondência ao Convite do Senhor que nos chama a tomar parte na Refeição Maior ou no Banquete do Reino: de sua vida e de sua misericórdia.

Diz a sabedoria popular que “há males que nos trazem um bem” ou que “Deus escreve certo por linhas tortas”. O COVID-19 nos levou a refletir nessas máximas para descobrir o ‘bem’ e ‘acertar o passo certo na vida’.

Adorar o Corpo de Deus não é simplesmente uma devoção. É a busca, a aceitação, a certeza, a prova da verdadeira fé no Sacramento do Amor.

 

                                                                                                                                                         

                                                                            (*) Mons. Assis Rocha

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