sexta-feira, 25 de junho de 2021

DE OLHO NA LÍNGUA - Prof. Antônio da Costa - Sobral-CE - 26.06.21)

TELEVISAR OU TELEVISIONAR?

Ambas corretas, a exemplo de supervisar e supervisionar. Muitos dicionários apontam a primeira forma como preferível. Gostaríamos de saber baseado em quê. Televisionar é palavra muito bem formada, apesar de híbrida: vem do grego: tele (longe) e do latim: vísiovisionis (visão). 

Os que defendem verbalmente a forma televisar argumentam que, ao se retirar a terminação - ão,  tem-se televís -; acrescentando-se o sufixo verbal - ar, ocorre televisar, e não televisionar. Mas o raciocínio não nos parece muito acertado. Fosse assim, teríamos, então, os verbos questar (e não questionar), adiçar (e não adicionar), sançar (e não sacionar), coleçar (e não colecionar). 
Portanto, se o leitor usar televisionamento em vez de televisamento, estará não só usando o rigorosamente correto, como também o mais usual.  Que a imprensa falada, escrita e televisionada faça o registro!

EU INTERMEDIO AS NEGOCIAÇÕES?
Não, você intermedeia; se você intermedeia, eu intermedeio. O verbo intermediar é derivado de mediar e, naturalmente, por este se conjuga, no presente do indicativo, medeio, medeias, medeia, mediamos, mediais, medeiam. Devemos usar intermedeio, intermedeias, intermedeia, intermedeiam. Assim, um árbitro de futebol intermedeia o jogo, e não intermedia, como dizem e escrevem alguns jornalistas esportivos. 
Mas não são apenas os esportivos. Veja: com a proximidade das férias escolares, aumenta a procura pelas agências que intermediam viagens turísticas (Folha de São Paulo). Quem usa intermedia, naturalmente, odia, remedia, incendia. 
Quem é normal, todavia, odeia, remedeia, incendeia.  Os verbos mediar, ansiar, remediar, incendiar e odiar, que se conjugam por passear. Observa-se que as letras iniciais desses cinco verbos formam o nome Mário.

“OS PRÊMIOS NOBEL” OU “PRÊMIOS NOBÉIS”?
A segunda. Não faz mal que fique estranho; importa que fique certo. Os nomes próprios não fogem à regra da pluralização. Portanto: O cientista suíço já ganhou dois prêmios nobéis.

TENHO MUITA DÓ DOS QUE NADA SABEM
Eu, de minha parte, tenho muito dó dos que dizem asneiras... Parece, porém, que poucos têm algum dó dos professores de português... Dó, como se vê, é palavra masculina: o dó, um dó, muito dó, pouco dó, tanto dó etc. Não confunda com dor que é palavra feminina: A dor de cabeça passou. 
Anote mais estas masculinas: clã (o clã, um clã, famoso clã), cola-tudo (o cola-tudo, um cola-tudo, dois cola-tudo), coma (o coma, um coma, dois comas alcoólicos), eclipse (o eclipse, um eclipse, dois eclipses), quati (o quati, um quati, dois quatis), tapa (o tapa, um tapa, dois tapas).
Como se vê, cola-tudo não varia no plural, a exemplo de arco-íris, fora-de-série, louva-a-Deus e habite-se: os arco-íris, os fora-de-série, os louva-a-Deus, os habite-se. Mais duas curiosidades: ano-luz e coca-cola fazem no plural anos-luz (mil anos-luz) e cocas-colas (duas cocas-colas), embora não sejam incorreto o plural coca-colas (duas coca-colas)





(*) Professor Antonio da Costa é graduado em Letras Plenas, com Especialização em Língua Portuguesa e Literatura, na Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). É, também, servidor do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Sobral. Contato:  (088) 99868-2517.





 

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