quarta-feira, 30 de março de 2022

Bolsonaro promete contagem de votos nas eleições e diz que militares darão vida pela liberdade

Nesta véspera dos 58 anos do golpe militar de 1964, que mergulhou o Brasil em 21 anos de ditadura, o presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a fazer um discurso em tom inflamado e radicalizado. Durante discurso na inauguração da estação de VLT Cajupiranga, em Parnamirim, Rio Grande do Norte, Bolsonaro prometeu contagem de votos nas eleições, proposta já rejeitada pelo Congresso, e disse que os militares brasileiros darão a vida pela liberdade.

"Povo armado jamais será escravizado. Pode ter certeza, por ocasião das eleições, que os votos serão contados no Brasil. Não serão dois ou três que decidirão como serão contados esses votos", declarou o presidente, em uma referência indireta aos ministros Alexandre de Moraes, Edson Fachin e Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que articularam a rejeição da proposta do voto impresso junto aos parlamentares.

Como revelou o Estadão/Broadcast, o ministro da Defesa, Walter Braga Netto, chegou a ameaçar, em 2021, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que não haveria eleição neste ano se o voto impresso fosse rejeitado - como foi.

A tensão entre bolsonaristas e Supremo ganhou força nos últimos dias, depois de o ministro Alexandre ordenar novamente o uso de tornozeleira eletrônica no deputado federal Alexandre Silveira (União Brasil-RJ) por ameaças à democracia. Para não colocar a tornozeleira, Silveira está morando dentro da Câmara desde ontem.

Insistindo na tese de que há uma corrosão nas liberdades individuais no Brasil, Bolsonaro, no pronunciamento, também voltou a citar os militares, um dia antes do “aniversário” do golpe. “Talvez o que eu vá falar nesse exato momento seja aquilo de mais importante para o futuro da nossa pátria. Creiam vocês que pouquíssimas pessoas podem muito em Brasília, mas nenhuma delas pode tudo, porque acima delas está a vontade de vocês. Nós, que lá atrás, militares das Forças Armadas e auxiliares, juramos dar nossa vida pela pátria, daremos nossa vida pela nossa liberdade”, disse o chefe do Executivo.

Apesar das declarações, Bolsonaro declarou que o Brasil tem “um dos presidentes mais democratas da história” e afirmou que “acabou o tempo da demagogia, da mentira e da corrupção” - apenas dois dias após a exoneração de Milton Ribeiro do Ministério da Educação após o Estadão revelar a existência de um gabinete paralelo na pasta com pedido de propina em ouro. (JB/Ag. Estado)


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