sábado, 30 de março de 2024

DE OLHO NA LÍNGUA - Prof. Antônio da Costa - Sábado - Sobral-CE - 20.03.24)

A caba, a cabo ou o cabo?

certa confusão em alguns femininos: A presidente ou a presidenta: ambos são aceitos; O parente, a parenta: ambos são aceitos; O infante, a infanta: ambos são aceitos.

Afinal, qual o feminino de cabo, no sentido de posto militar? É caba.

Com exceção de “tribo”, as palavras terminadas em “o” integram o gênero masculino. A esta flexão pertence, pois, o termo “cabo”. Entre as acepções deste substantivo acha-se a do militar situado imediatamente acima do soldado, no Exército; do marinheiro de primeira classe, na Marinha; do soldado de primeira classe, na Aeronáutica e na Polícia Militar.

De algum tempo pra cá, a Marinha, o Exército, a Aeronáutica e também a Polícia Militar admitem o ingresso de mulheres em suas fileiras. Como deve ser chamada nessa graduação? O cabo, a cabo ou a caba?

No setor militar existem os femininos a generala, a oficiala, a almiranta, a capitoa. Na área civil, têm-se a desembargadora, a promotora, a presidenta, a deputada, a bacharela, a juíza, a delegada, a médica, a escriturária, a prefeita, etc.

Assim, está correto dizer “a caba”. Isto é, usar o artigo feminino “a” antes de caba. No mínimo, por força da analogia. Esta orientação encontra fundamento na Lei 2.749, de 2 de abril de 1956, in D.O da União de 5 seguinte, segundo a  qual os nomes designativos de cargos e funções, no serviço público, devem ser flexionados no feminino, se o titular pertencer a este sexo. 

Morte e falecimento (qual a diferença?) 

MORTE serve para todos, indistintamente, velhos e moços. 

FALECIMENTO é próprio dos que já viveram o bastante, aos quais alguns chamam idosos; outros, senis. Mas a maior parte usa mesmo velhos (que não é um termo adequado). Só a morte pode ser violenta; o falecimento, ao contrário, exprime apenas um efeito natural. Por isso, ninguém “falece” num violento acidente de automóvel, assim como não há “falecimento” num assassinato. Há, em ambos os casos, morte.

Reverter o quadro

A frase em epígrafe está na moda. Médicos, economistas, tecnocratas de todas as áreas e principalmente cronistas esportivos estão a inventar uma língua própria: A asinina. Entre tantas asnices que se notam em linguagem desses profissionais, salienta-se o emprego do verbo “reverter” por “inverter”: É preciso reverter o quadro da economia brasileira (Em vez de: É preciso inverter o quadro da economia brasileira); O prefeito não soube reverter o escândalo a seu favor (Em vez de: O prefeito não soube inverter...); A reversão desse quadro é difícil (Em vez de: A inversão desse quadro é difícil). 

Matar / Assassinar

Convém não confundir.  Matar é dar (intencionalmente ou não) a morte a alguém; é tirar (propositadamente ou não) a vida de alguém. Assassinar é matar à traição ou levando enorme vantagem sobre a vítima. Pode alguém matar sem assassinar. Quem assassina, contudo, sempre mata. Os sequestradores assassinam; Um motorista, mesmo mais cuidadoso e experiente, pode matar: basta que alguém se atire à frente do seu veículo em alta velocidade ou mesmo havendo falha mecânica no veículo.

Repare que as placas de trânsito das nossas rodovias trazem: “Não corra, não mate, não morra”. Ao volante, os motoristas não assassinam, a não ser que manifestem intenção deliberada de fazê-lo.  

Demais e de mais (qual a diferença?)

Demais (numa só palavra) é advérbio de intensidade (= em excesso): A ideia de Bruno era boa, mas havia papéis em demasia. “De mais” (o oposto de “de menos”) é expressão constituída por preposição e pronome indefinido ou por preposição e advérbio.

Aleluia!

É expressão de alegria. Duas palavras hebraicas a compõem: “Halelu (segunda pessoa do plural do imperativo do verbo “hillel”, forma plural de “hallal”), e de “Yã”, abreviatura de Javé (o nome de Deus revelado a Moisés). A tradução de aleluia é: Louvai a Javé.


(*) Professor Antônio da Costa é graduado em Letras Plenas, com Especialização em Língua Portuguesa e Literatura, na Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). Contatos: (088) 99373-7724

 

 

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