“Estes modelos de
visão computacional testados podem ser acoplados a dispositivos de computação
de borda - descentralizada - em pistas para realizar a classificação e detecção
do animal e assim repassar via aplicativo móvel algum sinal que indique que
algum animal passou em determinado trecho”, explicou o pesquisador do instituto
Gabriel Souto Ferrante.
O modelo empregado
detectaria o animal por câmeras e realizaria a comunicação de uma informação
simples e objetiva. “Vale ressaltar que essa pesquisa se concentra na criação
dos modelos de I.A. [inteligência artificial] para a detecção, e não houve
aplicação completa com aplicativos móveis ainda, sendo um desejo futuro”,
acrescentou Ferrante.
Os pesquisadores,
que se concentraram em espécies brasileiras em extinção, ressaltam que o
sucesso de sua utilização tem relação com a disponibilidade de dados para
treinamento do sistema. O estudo foi publicado na revista Scientific Reports.
“No caso, foi
criado um dataset novo [bases de dados com amostras para
treinamentos de algoritmos de inteligência artificial] gratuito e aberto, que
buscamos realizar a junção de várias espécies de médio e grande porte visando
fornecer dados para os modelos Yolo [mecanismo de detecção de objetos] serem
treinados”, disse.
“Foi concluído que
a arquitetura em suas diversas versões permitem a detecção e classificação
adequada de tais espécies trabalhadas, especialmente em cenários de
visibilidade favoráveis, ou seja, com nenhum artefato que obstrua a
identificação do animal na pista. Vale ressaltar, que trabalhamos somente com
cenários matutinos”, acrescenta o pesquisador.
De acordo com o
pesquisador, “ainda existem barreiras técnicas relacionadas aos algoritmos
desses modelos quando o ambiente possui algum desafio, como oclusão de ambiente
- alta vegetação, neblina, chuva -, imagens de baixa qualidade, cenários
noturnos. Todos esses problemas impactam negativamente o entendimento das
características - cores, bordas, texturas dos bichos - para serem interpretados
pela máquina”.
Além dos problemas
relacionados à visão computacional, Ferrante aponta que há problemas
relacionados à complexidade computacional exigida, como a necessidade de
equipamentos de processamento na borda, ao lado da câmera, que forneçam a
execução adequada e em tempo real. No entanto, são equipamentos de alto custo.
“Falta de parcerias e investimentos em equipamentos de maior velocidade que
possam suportar outras arquiteturas de detecção”, acrescentou.
Dados da Agência
de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp) mostram que as rodovias
concedidas do estado registraram mais de 6,3 mil atropelamentos de animais
silvestres no ano de 2023. Segundo a agência, a região central do estado
concentra o maior número de casos, em cidades como Araraquara, Bauru e São
Carlos, com animais selvagens, como tamanduás, capivaras, quatis, entre outros.
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