Dentre
os fatores levados em consideração estão:
-
Vacinação de rotina fraca: muitos países possuem sistemas de imunização fracos
e que podem ser ainda mais afetados por emergências humanitárias, incluindo
conflitos. O cenário, segundo a OMS, representa risco crescente, já que as
populações dessas localidades ficam vulneráveis ??a surtos de poliomielite.
-
Falta de acesso: a inacessibilidade continua a representar um grande risco para
o combate à pólio, especialmente no norte do Iêmen e na Somália, onde existem
populações consideráveis ??que não foram alcançadas pela imunização contra a
poliomielite durante longos períodos (mais de um ano).
Poliovírus
selvagem
Desde
a última reunião do comitê de emergência, há três meses, 12 novos casos de
poliovírus selvagem foram notificados, sendo cinco no Afeganistão e sete no
Paquistão, elevando para 14 o total de casos registrados em 2024. As amostras
de ambiente que testaram positivo para o vírus no Paquistão passaram de 126 ao
longo de 2023 para 186 este ano, enquanto no Afeganistão, o salto foi de 44
para 62 casos positivos no mesmo período.
Poliovírus
derivado da vacina
Já
os casos do chamado poliovírus circulante derivado da vacina, em 2024, chegaram
a 72, sendo 30 registrados na Nigéria. Há, segundo a OMS, dois novos países que
reportaram casos desse tipo desde a última reunião do comitê de emergência:
Etiópia e Guiné Equatorial. A maioria dos casos foi importada do Sudão e do
Chade.
Esse
tipo de manifestação da doença acontece porque a vacina oral contém o vírus
ativo, mas enfraquecido. A dose faz com que o organismo humano produza uma
defesa imunológica contra a doença e o vírus enfraquecido se multiplica no
intestino da criança, sendo eliminado pelas fezes.
Em
locais com saneamento precário, o vírus enfraquecido eliminado dessa forma pode
contaminar outras pessoas, o que não é de todo mal já que, com isso, elas
adquirem imunidade. A cepa não encontra mais hospedeiros e desaparece do meio
ambiente. O problema é quando isso acontece em regiões com baixa cobertura
vacinal para a pólio, onde o vírus pode continuar circulando livremente,
atingindo crianças suscetíveis ou que não foram imunizadas.
De
acordo com a OMS, Argélia, Costa do Marfim, Egito, Guiné Equatorial, Gâmbia,
Libéria, Moçambique, Senegal, Serra Leoa, Sudão, Uganda e Zimbábue detectaram o
poliovírus circulante derivado da vacina em amostras de ambiente, mas sem casos
confirmados para a doença.
Em
2023, foram confirmados 527 casos de poliovírus circulante derivado da vacina,
sendo 224 (43%) na República Democrática do Congo.
Faixa
de Gaza
Após
a reunião do comitê de emergência, em 8 de julho, a OMS foi informada sobre a
detecção de poliovírus circulante derivado da vacina em seis amostras
ambientais colhidas na Faixa de Gaza. Todas as amostras ambientais positivas
foram recolhidas em 23 de junho de 2024. "Já estão em curso esforços, em
todos os níveis, para montar uma resposta a esse surto", destacou a
entidade.
Na
semana passada, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse que
vai enviar mais de 1 milhão de doses contra a pólio para a Faixa de Gaza. As
vacinas devem ser administradas em cerca de 600 mil crianças de até 8 anos ao
longo das próximas semanas.
Em
seu perfil na rede social X (antigo Twitter), Tedros informou que a OMS – em
parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e a Agência das
Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente
(UNRWA, na sigla em inglês) – planeja executar duas rodadas de campanha de
vacinação contra a pólio na região.
"Precisamos
de absoluta liberdade de circulação de profissionais de saúde e do equipamento
médico para realizar essas operações complexas com segurança e eficácia",
informou. Segundo Tedros, a detecção do vírus da pólio em amostras de esgoto colhidas
na Faixa de Gaza é um sinal claro de que a doença tem circulado na região,
colocando em risco crianças não vacinadas.
"Um
cessar-fogo ou, pelo menos, dias de tranquilidade durante a preparação e a
execução das campanhas de vacinação são necessários para proteger as crianças
em Gaza contra a pólio", completou o diretor-geral da OMS.
Para
a entidade, crianças com menos de 5 anos correm maior risco de contrair pólio
em Gaza – sobretudo bebês de até 2 anos, uma vez que as campanhas de vacinação
de rotina foram interrompidas em razão de quase dez meses de conflito na
região.
Além
da pólio, a OMS relatou aumento generalizado de casos de hepatite A, diarréia e
gastroenterite, à medida em que as condições sanitárias se deterioram em Gaza,
com o esgoto sendo derramado em ruas próximas a acampamentos destinados a
pessoas deslocadas.
A
doença
Transmitido
principalmente por via fecal-oral, o vírus da pólio é classificado como
altamente infeccioso, capaz de invadir o sistema nervoso central e causar
paralisia. A estimativa é que uma em cada duzentas infecções leve à paralisia
irreversível, geralmente das pernas. Entre os acometidos, 5% a 10% morrem por
paralisia dos músculos respiratórios.
Os
casos da doença em todo o mundo diminuíram 99% desde 1988, passando de 350 mil
para seis casos reportados em 2021, em razão de campanhas de vacinação em
massa. Esforços ainda são necessários para erradicar o vírus por completo do
planeta.
A
pólio figura atualmente como a única emergência em saúde pública de importância
internacional mantida pela OMS. Na semana passada, entretanto, a entidade
convocou o comitê de emergência para avaliar o cenário de surto de mpox na
África e o risco de disseminação internacional da doença. (JB/Ag.Brasil)
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