Isso
é o que mostram dados compilados Observatório Brasileiro das Desigualdades divulgados
nesta terça-feira (27). O observatório é uma iniciativa da Ação Brasileira de Combate às Desigualdades (ABCD),
criada no ano passado. A ação tem apoio de organizações sociais, associações de
municípios, centrais sindicais, entidades de classe, instâncias governamentais
e do Judiciário.
Em
2023, pela primeira vez, o observatório apresentou um compilado sobre 42
indicadores que ajudam a medir a desigualdade no Brasil. Neste ano, esse
monitoramento foi atualizado e apontou mais melhoras que pioras.
Dos
42 indicados monitorados, 19 tiveram melhora – 44% do total; 21% deles
pioraram; e 14% tiveram um desempenho neutro. Outros 21% –ou seja, 9 dos 42
indicadores – não puderam ser atualizados pois não haviam dados disponíveis.
De
acordo com o observatório, houve queda de 40% na proporção de pessoas em situação de extrema pobreza de
2022 para 2023. O estudo cita dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
que considera extremamente pobres pessoas com renda de até R$ 105 por mês em
2022 e até R$ 109 em 2023.
A
queda da pobreza entre mulheres negras foi ainda maior: 45,2%.
O
observatório também apontou uma redução de cerca de 20% do desemprego no país de
2022 para 2023, também usando dados do IBGE. O instituto ainda mediu um aumento
de cerca de 8,3% dos ganhos dos trabalhadores, o que também é citado pelo
observatório.
O
ganho foi maior para mulheres do que para homens: 9,6% contra 7,7%.
Apesar
disso, a desigualdade de renda subiu ligeiramente no Brasil. Em 2022, o 1% mais
rico da população tinha rendimento 30,2 vezes maior do que os 50% mais pobres.
Em 2023, o rendimento dos mais ricos subiu para 31,2 vezes o dos mais pobres.
“É uma desigualdade muito grande”, afirmou o sociólogo Clemente Ganz Lúcio,
coordenador do Fórum das Centrais Sindicais e um dos colaboradores do
observatório, em entrevista ao Central
do Brasil, produzido pelo Brasil de Fato.
Segundo
ele, as desigualdades no Brasil são um problema estrutural, de difícil
enfrentamento. “Por outro lado, já se observa que, em 2023, fruto de políticas
públicas importantes especialmente no âmbito federal, houve um impacto na
redução da desigualdade”, acrescentou.
Outras
áreas
Na
educação e saúde, cresceu 12,3% a proporção de mulheres negras de 18 a 24 anos
no Ensino Superior, segundo o IBGE. Além disso, houve uma redução de 14% das
mães com até 19 anos que deram à luz a filhos vivos, de acordo com o Sistema de
Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc).
Já
na área ambiental, houve queda de 13,1% no desmatamento em áreas indígenas e de
conservação. A queda foi mais expressiva no Norte: 46,4%. O dado é do Instituto
de Referência Negra Peregum.
Pioras
Em
compensação, houve aumento da desnutrição entre crianças indígenas entre 2022 e 2023, algo que
segundo o Observatório da Desigualdade chama atenção para uma “crise
emergente". “Entre as possíveis causas dessa piora estão a seja por
questões geográficas como também pelo racismo estrutural, que invisibiliza pessoas
indígenas em contextos urbanos e impõe barreiras de acesso aos serviços”, diz o
relatório da entidade.
Houve
também aumento de 5% da mortalidade infantil entre 2021 e 2022, e aumento de
22% de mortes por causas evitáveis no mesmo período.
O
relatório do observatório informa ainda que, de 2019 a 2022, o déficit
habitacional cresceu, chegando a 6,4 milhões de residências. Já as emissões de carbono, que causam o efeito estufa,
cresceram 30% no mesmo período.
“Sobre
o déficit habitacional, são dados até 2022 que mostram que houve um aumento.
Provavelmente, quando nós tivermos a atualização desses indicadores, nós
observaremos que a política de retomada do Minha Casa Minha Vida terá um
impacto de redução”, ponderou Ganz Lúcio.
(Brasil
de Fato)
Nenhum comentário:
Postar um comentário