Em
toda a cobertura natural do país que sofreu transformação no uso do solo, o
bioma, proporcionalmente, só foi menos afetado que o Pampa, que perdeu 28%
de vegetação nativa ao longo desses anos.
Também
conhecido como savana brasileira, o Cerrado ocupa 25% do território nacional,
em 11 estados que se estendem do Nordeste à maior parte do Centro-Oeste, e
mantém áreas de transição com praticamente todos os biomas, exceto os Pampas.
Pelas características adquiridas no contato com mais quatro ecossistemas
(Amazônia, Pantanal, Mata Atlântica e Caatinga), é considerada a savana mais
biodiversa do planeta.
Ao
longo desse período, o bioma teve 88 milhões de hectares atingidos pelo
fogo, o que causou a perda de 9,5 milhões de hectares. Embora seja mais
resiliente aos incêndios, pesquisadores apontam que as mudanças climáticas
associadas ao uso indiscriminado do fogo têm ameaçado a integridade de sua
cobertura natural. “É essencial implementar políticas públicas que promovam a
conscientização, reforcem sistemas de monitoramento e apliquem leis
rigorosamente contra queimadas ilegais”, reforça a pesquisadora do Instituto de
Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), Vera Arruda.
Junto
com a cobertura natural do solo, a perda do Cerrado significa perder também a
sua enorme capacidade de reter gás carbônico na biomassa de suas longas raízes,
de recarregar a água subterrânea e de manter o ciclo hídrico que equilibra o
planeta. “Temos observado que as áreas úmidas no Cerrado estão secando. Além
disso, a expansão da agricultura sobre essas áreas vêm ocorrendo em algumas
regiões no bioma, o que pode afetar o abastecimento hídrico e resultar em
escassez de água para a população e para a agricultura, aumentando
também a vulnerabilidade a desastres climáticos e à perda de
biodiversidade”, alerta Joaquim Raposo, pesquisador do Ipam.
Para
se ter uma ideia, de toda a área perdida ao longo dos 39 anos estudados, 500
mil hectares foram de áreas úmidas substituídas principalmente por
pastagem. São áreas naturais consideradas fundamentais na manutenção dos
recursos hídricos, presentes em 6 milhões de hectares do bioma onde nascem oito
das 12 bacias hidrográficas brasileiras.
Neste
11 de setembro, em que é celebrado o Dia do Cerrado, organizações da sociedade
civil como os institutos Cerrados, Sociedade População e Natureza, Ipam e WWF
Brasil lançaram uma campanha de sensibilização sobre a relevância do bioma e os
desafios a serem enfrentados para a sua preservação.
Chamada
Cerrado, Coração das Águas, a campanha foi lançada em um site que
reúne informações relevantes sobre o bioma, suas características,
biodiversidade, povos, turismo e caminhos para a preservação, além de reunir
boas histórias dessa “floresta invertida”.
(Ag.
Brasil)
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